Artur Queiroz*, Luanda
Os serviços secretos britânicos puseram a circular que o Presidente Putin tem um cancro terminal. Mais tarde mataram-no. Está morto. Quem aparece em público é um sósia que fala como o defunto e tem os mesmos gestos do extinto. Por estas e por outras a Federação Russa já perdeu a guerra e a Crimeia volta para o seio da pátria ucraniana como sempre esteve, durante meses e meses de independência. Nos séculos para trás o território era russo mas isso não interessa nada. Guerra é guerra e chovem mentiras como terra.
O sósia do Presidente Putin exigiu que o Kremlin lhe disponibilizasse o senhor Mário Soares por ser muito bom a lidar com os gringos. Os serviços secretos da Federação Russa ressuscitaram o antigo presidente português, socialista à moda do Carlucci, chefe supremo da CIA, que rebentou com a Revolução de Abril.
Dito e feito. Arranjaram uns pozinhos milagrosos e o assessor requisitado ressuscitou. Apareceu em Moscovo numa manhã de nevoeiro, disfarçado de D. Sebastião.
O primeiro trabalho daquele bom branco foi escrever um artigo de opinião que publicou na revista “Visão” intitulado “NATO: Da Defesa à Ameaça”. O antigo líder socialista (o actual está mais morto do que ele…) diz que “o mundo está inquietante. O Afeganistão, em que a Administração Bush envolveu a NATO – o que considerei um precedente perigoso – está porventura pior do que antes”. O bom branco português acertou. Os EUA e a NATO saíram a correr do país e os talibãs estão mais fortes do que nunca.
Mário Soares, bom branco e socialista, escreveu isto ao serviço do sósia do Presidente Putin:
“A NATO, que se tornou um verdadeiro braço armado dos Estados Unidos da América, está também a fazer estragos noutras regiões do mundo. Refiro-me ao Cáucaso, às zonas do Cáspio e do Mar Negro e aos países limítrofes da Rússia Ocidental. Estes quiseram logo entrar para a NATO, com a ilusão de que teriam mais garantias de segurança sob o chapéu americano do que da União Europeia…”
Consequências disto? O bom branco Mário Soares, assessor do sósia do Presidente Putin, escreve:
“E a NATO, cercando a Rússia e instalando na Polónia e na República Checa bases de mísseis, começa a ser uma ameaça para a Rússia, que a pode tornar agressiva. Um perigo!” Mário Soares escreveu isto antes de morrer, em 7 de Janeiro de 2017. Agora, ressuscitado, repetiu a dose. Bom branco!
O pior está para vir. O assessor do sósia do Presidente Putin é mesmo muito eficaz justificando plenamente a sua ressurreição. Escreveu isto:
“O vice-presidente dos EUA Dick Cheney, em fim de mandato, fez uma visita altamente desestabilizadora, para dar, em nome da NATO, apoio à Geórgia. Mas, felizmente, ficou tudo em retórica inconsequente”.
Querem mais Mário Soares? Aí vai:
“Após a provocação do presidente da Geórgia – e da guerra - os russos reagiram e os europeus procuraram pacificar a situação. Ainda bem. Se a guerra não acabasse, os europeus seriam os primeiros a ser atingidos, com o corte do petróleo e do gás; e pior: entrariam numa fase com grandes riscos para a paz na Região. Putin não é Hitler e não ressuscitemos a Guerra Fria”.
O grande assessor, bom branco e socialista, também tocou na maka que estamos com ela. Escreveu Mário Soares:
“Dick Cheney foi à Ucrânia onde tentou também dividir os dirigentes políticos, estimulando a primeira-ministra, Júlia Timoshenko, anti-russa, contra o presidente Victor Yuschenko, mais apaziguador. Tudo em nome da NATO. Isto é: a NATO, criada como organização defensiva, no início da Guerra Fria, está a tornar-se, por pressão dos neoconservadores norte-americanos uma ameaça à paz. Cuidado União Europeia!”
O assessor do sósia do Presidente Putin não viveu o tempo suficiente para ver em Kiev a turma de nazis, chefiada pelo comediante Zelensky. Não teve tempo paras se desgostar com os nazis que mandam na União Europeia e alinham à força toda com o nazismo ucraniano ao estilo do Batalhão de Azov ou dos Bandera. Mas gostava de saber o que escreveria do chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrel, quando diz, soltando baforadas de álcool mal digerido: “temos de derrotar a Rússia nesta guerra”.
Como hoje é domingo vou dar uma borla aos nazis de Bruxelas e deixo-lhes este aviso de Mário Soares:
“A Rússia actual não é a soviética, mas também não é a de Ieltsin.” Espero que os burocratas e nazis da União Europeia, sobretudo do Partido Popular Europeu, percebam o recado do bom branco e socialista português.
Como estou em maré de borlas, dou uma também ao Presidente João Lourenço e vou mandar-lhe um texto prontinho a assinar, onde pede desculpa ao Presidente Putin e à Federação Russa por ter alinhado com o estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) e o seu heterónimo NATO (ou OTAN) ousando exigir que Moscovo declare um cessar-fogo incondicional porque está a fazer perigar a paz mundial.
Espero que as desculpas sejam aceites. Mas como o mobutismo ainda não chegou àquelas paragens, temo que Angola venha a sofrer as consequências do alinhamento acéfalo de Luanda pelo meridiano de Washington e da Casa Branca.
*Jornalista
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