sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

CONTRA A POLICRISE, O COMUM -- Mazzucato

Fórum de Davos já reconhece o dilema civilizatório, e até cria neologismo para descrevê-lo. Mas não busca as saídas. Elas estão no investimento público e em processos criativos para gerir a riqueza e tirá-la do controle de poucos “proprietários”

Mariana Mazzucato, no Clarín-Revista Ñ, com tradução no IHU Online | em Outras palavras | # Publicado em português do Brasil

Após a reunião de líderes governamentais, empresariais e da sociedade civil, no Fórum Econômico Mundial deste ano, em Davos, divulgou-se a observação de que vivemos em uma era de “policrise”. O surgimento simultâneo de vários eventos catastróficos define o atual clima socioeconômico e geopolítico.

Frente a desafios tão imensos como o aquecimento global, a crise dos sistemas de saúde, uma crescente exclusão digital e modelos de negócios financeirizados que aumentam a desigualdade de renda e riqueza, não surpreende que esteja aumentando a desilusão com a política, gerando, assim, condições ideais para os populistas que prometem soluções fáceis.

Contudo, as soluções reais são complexas e exigirão investimentos, regulamentação e inovações sociais, organizacionais e tecnológicas, não só de governos e empresas, mas também de pessoas e organizações de toda a esfera da sociedade civil.

Os governos, convencidos de que as políticas só podem almejar corrigir as falhas do mercado, costumam dar respostas insuficientes e tardias. Mesmo bens públicos como o financiamento de atividades de pesquisa e desenvolvimento, no nível básico, são vistos como formas de corrigir um problema de externalidades positivas, assim como os impostos sobre o carbono corrigem um problema de externalidades negativas.

Contudo, alcançar uma mudança transformadora que produza um crescimento inclusivo e sustentável não depende tanto de corrigir os mercados quanto de configurá-los e criá-los. Isto exige complementar a ideia de bens públicos com a de “bem comum”, que não é apenas uma questão de “o quê”, mas também de “como”.

Portugal | E QUE TAL DEIXAR DE JANTAR FORA À SEXTA-FEIRA?

Pedro Tadeu* | Diário de Notícias | opinião

Aqui há uns dias o CEO do Banco Santander Totta, Pedro Castro de Almeida, depois de apresentar à imprensa os lucros do banco em 2022 (568,5 milhões de euros), tentou limitar ao mínimo possível a possibilidade de aplicar a legislação que permite aos clientes renegociarem os seus empréstimos à habitação para fazerem frente ao aumento das taxas de juro.

Castro de Almeida defendeu que, passo a citar, "nas classes média e média-alta é verdade que há pessoas que se calhar estão a ter de tirar os filhos da escola particular, mas não são pessoas que estejam a passar fome. Quando falamos do aumento das prestações do crédito à habitação não estamos a falar das classes baixas, estamos a falar das classes média e média alta".

Noutro passo alegou, dirigindo-se aos jornalistas: "Podem circular por Lisboa, que estão aqui a jantar fora a uma sexta ou a um sábado de manhã. Podem circular pela rua e continuamos a ver as pessoas com um nível de padrão de consumo, na classe média e média alta, relativamente elevado".

Estão nestas frases considerados três sinais exteriores de "relativa" (para usar a expressão do gestor) riqueza que, segundo Castro de Almeida, distinguem quem pertence à classe média ou média alta dos que são despromovidos para as classes baixa e média baixa: ter filhos numa escola particular, jantar fora à sexta-feira e ter um empréstimo à habitação.

Acontece que temos cerca de um milhão e 250 mil pessoas em risco de pobreza extrema - será que muitos delas não têm, mesmo, um empréstimo à habitação às costas, cujo peso contribui para as empurrar para essa pobreza?... Gostava de apurar isso com rigor, mas adiante, passo à frente.

Imagino um cidadão qualquer que ande aflito por pagar a casa e vá ao Santander (por acaso, avise-se, este é o banco onde tenho conta, mas já paguei a casa onde moro) para tentar renegociar a sua taxa de esforço e reduzir, sei lá, a mensalidade de 400 euros para 350 euros em troca de ficar a pagar o empréstimo durante um período maior do que aquele que foi inicialmente contratado.

Portugal | INFLAÇÃO TIROU TRES MIL MILHÕES AOS SALÁRIOS EM 2022

Cada funcionário público perdeu 1304 euros. No privado, a penalização anual para cada trabalhador foi de 484 euros

A inflação de 7,8%, registada em 2022, provocou um verdadeiro rombo nos salários dos funcionários públicos e dos colaboradores do setor privado. Cálculos realizados pelo Dinheiro Vivo com base nas estatísticas sobre as remunerações brutais mensais, publicadas esta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), revelam que, no conjunto, os trabalhadores perderam cerca três mil milhões de euros devido ao impacto da subida continuada dos preços.

No ano passado, o vencimento bruto médio mensal dos mais de 4,4 milhões de trabalhadores fixou-se em 1411 euros, o que representa uma perda real de 4% por força do embate da inflação, segundo os dados do INE. Assim, em termos reais, verificou-se um corte na massa salarial da economia portuguesa de cerca de três mil milhões de euros, o que dá uma perda anual de 676 euros para cada trabalhador.

Analisando os efeitos da variação dos preços nos ordenados brutos dos setores público e privado, verifica-se que os trabalhadores do Estado foram mais penalizados. Apesar de auferiram uma remuneração bruta média mensal superior, de 1951 euros, a perda real também foi maior, de 5,6%. Feitas as contas, os mais de 742 mil funcionários públicos sofreram uma perda global de 968 milhões de euros, o que significa, em termos médios, um corte anual nos salários de 1304 euros.

No perímetro das empresas do setor privado, o ordenado bruto mensal médio em 2022 era de 1302 euros, menos 642 euros face aos valores praticados na Administração Pública. Mas o abalo provocado pela inflação também foi menor. Os mais de 3,6 milhões de trabalhadores sofreram um corte de 3,1% nas suas remunerações, o que dá uma redução global anual de 1,7 mil milhões de euros e de 484 euros por cada funcionário.

Portugal | Isabel Camarinha: «Nos nossos sacrifícios está o lucro deles»

Milhares de trabalhadores saíram hoje à rua pelo aumento geral dos salários e das pensões. Em Lisboa, Isabel Camarinha admitiu que o «outro lado da moeda» dos baixos salários está nos colossais lucros.

Greves e paralisações, plenários, concentrações nos locais de trabalho e «praças da indignação» marcaram este 9 de Fevereiro, que a CGTP-IN apelidou de «Dia da Indignação» perante uma realidade talhada com baixos salários e um cada vez mais violento aumento do custo de vida.

Por todo o País, trabalhadores, reformados, pensionistas, comissões de utentes e outras camadas da população saíram à rua contra as «inevitabilidades» e a ausência de políticas capazes de travar a espiral de empobrecimento. «Não se conformam com as inevitabilidades, com a insuficiência das medidas do Governo, com a opção pelo assistencialismo, pela permissão da especulação e do aproveitamento do grande capital», afirmou ao final da tarde a secretária-geral da Intersindical, Isabel Camarinha, junto à Assembleia da República, em Lisboa, após um desfile que se iniciou no Largo Camões. 

«As nossas dificuldades são lucros para os grandes grupos económicos e financeiros», denunciou a dirigente, sublinhando que «o outro lado da moeda dos salários que não chegam e das pensões que faltam está nos colossais lucros que todos os dias são anunciados». São «milhões e milhões de euros que saem dos nossos bolsos», acrescentou, «para engordar os mais ricos entre os ricos, para aumentar as desigualdades, para manter a maioria com um nível de vida que se degrada e a minoria do costume com cada vez mais».

A suportar a crítica manifestada por Isabel Camarinha está o brutal aumento dos lucros de grandes grupos económicos e financeiros, em 2022, de que são exemplos o francês BNP Paribas, com um lucro recorde de 10 196 milhões de euros, e o Santander Totta, que quase duplicou os lucros para 568,5 milhões de euros, mas também as petrolíferas e a grande distribuição, com a Sonae e a Jerónimo Martins a lucrarem quase dois milhões por dia. 

«Não pode ser, não tem de ser assim. Há alternativas», defendeu a secretária-geral da Inter, sublinhando que, apesar de patrões, comentadores, Governo PS e partidos da direita assumirem no discurso que os salários são baixos no nosso país, «sempre que chega a altura de decidir, uns e outros optam por manter tudo na mesma». Uma evidência denunciada por alguns dos manifestantes com quem o AbrilAbril falou esta tarde.

«Vim cá [à manifestação da CGTP em Lisboa] pela desvalorização das carreiras da saúde. Eu sou de uma carreira em que os trabalhadores recebem, quase todos, o salário mínimo nacional», lamentou Ana Amaral, de 59 anos, encarregada operacional no Hospital dos Capuchos. Carlos Gralha, trabalhador da Sonae MC descreveu uma situação semelhante: «com 27 anos de casa chego ao fim do mês como 805 euros».

As consequências reais do aumento do custo de vida foram frequentemente referidas pelos manifestantes. Sara Gonçalves, de 25 anos, tradutora a trabalhar na área da restauração, afirmou ter dificuldade «em pagar a renda, mesmo a dividir com a minha namorada, a minha companheira». Gonçalo Salvaterra, 30 anos, bolseiro de doutoramento, lamentou «a impossibilidade de ter casa própria». Também no Porto, Coimbra, Setúbal e Beja, entre muitas outras localidades, o descontentamento ecoou pelas ruas. 

“Ó INFELIZES MORTAIS? Ó DEPLORÁVEL TERRA!”

Marco Grieco, diretor de arte | Expresso (curto)

Bom dia, caro leitor/utilizador/amigo/espectador.

Terramotos, tsunamis, vulcões, epidemias, miséria, guerras… catástrofes que nos entram pelos sentidos todos os dias, mesmo que não queiramos, mesmo que estejamos alienados do que se passa na nossa casa chamada Terra.

Fui roubar o título deste Expresso Curto ao genial texto do meu caro amigo Henrique Monteiro, na sua tentativa de explicar – ou entender – o porquê de mais este desastre que abalou o planeta, desta feita na Turquia e na Síria.

Nem tudo é culpa do homem, nem tudo tem a interferência do nosso constante laxismo e descaso pela natureza ou pelo próximo. Enquanto “infelizes mortais”, frente às leis da vida, temos que tentar fazer mais do que estar no sítio certo, à hora certa, para escapar aos insondáveis desígnios do destino deste “deplorável" planeta.

Apesar da sensação de impotência perante alguns destes acontecimentos, há sim coisas pelas quais devemos lutar e nos indignar. Pela falta de habitação decente para todos, pela falta de soluções para a educação, para a saúde, para a TAP, para a Ucrânia, para tanta coisa…

Crise na habitação

Pacote legislativo pretende ajudar famílias e jovens que sofram quebra de rendimento motivada por desemprego, divórcio ou incapacidade. Preço das casas obriga cada vez mais pessoas a viver em quartos. Executivo decide, finalmente, acabar com a concessão de Vistos Gold.

Contestação

Movimentos de protesto preparam “megamanifestações”. Custo de vida e habitação – uma vez mais, lá está… – levam cidadãos à rua. Grupos inspiram-se nos protestos antitroika. Professores vão encher 600 autocarros para levar descontentamento da classe a Lisboa.

Turquia em escombros

Quase uma semana depois do primeiro abalo sísmico no sueste da Turquia e noroeste da Síria, que ocorreu às 4h17 de segunda-feira, a dimensão da tragédia ainda não é conhecida, mas milhões de turcos começam a questionar por que motivo não estava o país mais bem preparado para esta situação.

E ainda…

. Prédio que ardeu na Mouraria não tinha vistoria

. Jovem imigrante conta como foi agredido em Olhão

. Como Kiev tenta voltar às ruas, cafés e teatros

Victoria Nuland: “Foda-se a UE.” Nord Stream é “um pedaço de metal no fundo do mar”

Prof Michel Chossudovsky* | Global Research, February 08, 2023 |  # Traduzido em português do Brasil

Em desenvolvimentos recentes, o procurador-geral da Alemanha, Peter Frank, confirmou que “não há evidências para culpar a Rússia pela destruição dos gasodutos Nord Stream”:

“Atualmente não foi provado (…) A investigação está em andamento (…) Estamos avaliando tudo isso forense. [A suspeita] de que tenha havido um ato de sabotagem estrangeira [neste caso], até agora não foi comprovada”, disse ele durante a entrevista ao Die Welt.

Se não foi a Rússia, quem o fez? 

“Nenhuma evidência de sabotagem estrangeira” de um ato que criou caos social e dificuldades na União Européia, com o aumento dos preços da energia? As pessoas estão congelando, incapazes de pagar suas contas de aquecimento. Esta crise que emana de Washington conduziu a um processo de empobrecimento em toda a Europa devido a um aumento incessante dos preços da energia.

A evidência está aí: ela está sendo ignorada pelo promotor da Alemanha, Peter Frank, assim como pelo chanceler Olaf Scholz.

Ela havia sido ordenada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Eles sabem disso! Eles são mentirosos.

Victoria Nuland: “Foda-se a UE” again

A decisão do presidente Biden de ordenar a sabotagem de Nord Stream (veja abaixo) agora é confirmada por uma recente declaração de janeiro de 2023 de Victoria Nuland ao Comitê de Relações Exteriores do Senado.

“Senador Cruz, como você eu sou e acho que o governo está muito satisfeito em saber que o Nord Stream 2 é agora como você gosta de dizer, um pedaço de metal no fundo do mar.”

Foda-se a UE de novo: “Um pedaço de metal no fundo do mar”

Você não precisa de um promotor para liderar uma “investigação especializada” sobre quem está por trás desse ato de guerra contra mais de 400 milhões de europeus. 

VER VÍDEO DE DECLARAÇÕES DE NULAND

Declaração de fevereiro de 2022 de Joe Biden

“Vamos, prometo a você, seremos capazes de fazer isso”, diz Joe Biden em 7 de fevereiro de 2022

Presidente Joe Biden:

“Se a Rússia invadir, isso significa que tanques e tropas cruzarão a fronteira da Ucrânia novamente, então não haverá mais um Nord Stream 2.”

Repórter : “Mas como exatamente você fará isso, já que o projeto está sob o controle da Alemanha?”

Biden: “Nós iremos, eu prometo a você, seremos capazes de fazer isso.”  (enfase adicionada)

Joe Biden: “Não haverá mais um Nord Stream 2"

VER VÍDEO DE DECLARAÇÕES DE BIDEN

A fonte original deste artigo é a Global Research

Copyright © Prof Michel Chossudovsky , Pesquisa Global, 2023

Ler em Página Global:

OS EUA EXPLODIRAM OS GASODUTOS NORD STREAM -- a preparação e a operação

A HORA DOS GANGUES E REIZINHOS – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A primeira Guerra do Golfo teve como justificação a libertação do Koweit. Começou no dia  2 de Agosto 1990 e terminou em 28 de Fevereiro de 1991. O ataque ao Iraque (país ocupante) foi autorizado pelo Conselho de Segurança da ONU. Eu estava lá e levei com mísseis Cruzeiro em cima. Vi bombardear Bagdade. Publiquei um livro onde foram incluídas todas as minhas reportagens.

No Koweit soube que as autoridades locais decidiram, instigados pelos EUA, ocupar vastas áreas petrolíferas em águas territoriais do Iraque. Em Bagdade, diplomatas e políticos dos EUA instigavam Saddam Hussein a “dar uma lição” à família reinante no Koweit, uma espécie de estado petrolífero que politicamente estacionou na Idade Média. O Presidente do Iraque deu a lição aos senhores feudais, mandando a Guarda Presidencial ocupar o pequeno país. Estava começando a matança para roubar o petróleo iraquiano e comprar o “crude” do Koweit a preços rastejantes. 

Apenas quatro dias antes de rebentar a guerra, o secretário-geral da ONU, Perez de Cuellar, visitou Bagdade. Quando regressava a Nova Iorque, perguntei-lhe se teríamos guerra ou paz. Muito simpaticamente respondeu que a paz estava garantida. E anunciou que a Guarda Presidencial ia abandonar o Koweit. No dia seguinte chegou a Bagdade o comandante Yasser Arafat. Entrevistei-o na Casa da Palestina (embaixada). Guerra ou paz? E ele respondeu com o semblante carregado: “Já soam os tambores da guerra. Mas o Ocidente perde para sempre a paz”. O empregado que os EUA tinham colocado à frente da ONU tinha-me enganado.

O Iraque foi atacado pela OTAN (disfarçada de coligação internacional) e no final de Fevereiro de 1991, há 32 anos, estava praticamente desarmado. Todo o país foi declarado como zona de exclusão aérea. Mais de um milhão de emigrantes de várias nacionalidades, do Egipto ao Paquistão, fugiram da guerra. Uma tragédia. Milhões de iraquianos fugiram do seu país. Milhares morreram nos bombardeamentos dos “libertadores”. O Ocidente destruiu o país mais progressista do Médio Oriente. E o mais rico. Ficou com o petróleo de borla.

O Iraque também era tampão do fundamentalismo islâmico que soprava do Irão. O estado socialista iraquiano começou a ser demolido pelo “ocidente alargado”. O fundamentalismo islâmico ficou à solta. E como havia previsto Yasser Arafat, o ocidente começou a perder a paz. Apenas dez anos depois aconteceu o 11 de Setembro em Nova Iorque. 

George W. Bush, presidente do estado terrorista mais perigoso do mundo, acusou o Iraque da autoria dos atentados. Teve pouco sucesso porque os serviços secretos ocidentais tinham provas do envolvimento da Arábia Saudita, aliado fiel de Washington. Como a aldrabice não pegou, a CIA e o Pentágono puseram a circular que o Iraque, praticamente desarmado depois da guerra, tinha armas de destruição maciça. Uma mentira que causou milhões de mortos, refugiados e deslocados. Até hoje esse genocídio está impune. E o Iraque continua ocupado pelas tropas dos EUA.

George W. Bush, Tony Blair (Reino Unido) e José Maria Aznar (Espanha), recebidos pelo primeiro-ministro português Durão Barroso, reuniram-se, na tarde de 16 de Março de 2003 na Base das Lajes, Açores, numa cimeira que culminou, quatro dias depois, na madrugada de 20 do mesmo mês, com o início de segunda intervenção militar no Iraque. Desta vez, o “ocidente alargado” já não tinha a capa do Conselho de Segurança da ONU. 

EUA, Reino Unido, Espanha e outros aliados menores fizeram a guerra por conta própria. Destruíram o que ainda estava de pé no Iraque e criaram as estruturas necessárias para o roubo do petróleo. Mataram o Presidente Saddam Hussein. Foram ver e afinal não existiam, nem sombras, das armas de destruição maciça.

STP | 25 de novembro: Famílias querem processar Estado são-tomense

João Carlos, Lisboa) | Deutsche Welle

Ataque ao quartel do passado dia 25 de novembro deixou quatro mortos. Observadores consideram que queixa junto de instâncias internacionais contra o Estado são-tomense é legítima.

Uma equipa de advogados está em São Tomé e Príncipe para recolher elementos com vista a interpor queixa contra as autoridades são-tomenses no caso da morte de quatro civis no quartel das Forças Armadas, no passado dia 25 de novembro.

A missão deverá decorrer até 25 de fevereiro, fim do prazo para a Procuradoria-Geral da República são-tomense fazer a acusação provisória dos implicados, e é suportada financeiramente por contribuições voluntárias, sendo levada a cabo em nome dos familiares das vítimas.

"Conseguimos mais de 200 pessoas e arrecadámos cerca de 10.600 euros", conta em entrevista à DW Noemy Medina, mentora da campanha de recolha de fundos que suportará os custos da missão de advogados, encabeçada pelo jurista são-tomense Carlos Semedo.

Os promotores querem ainda que o "25 de novembro" seja consagrado Dia Nacional dos Direitos Humanos, em memória dos são-tomenses alegadamente torturados até à morte na sequência de um suposto assalto ao quartel-general do Exército, qualificado oficialmente como tentativa de golpe de Estado.

Angola | SOL E DESTINATÁRIOS

Luciano Rocha* | Jornal de Angola | opinião

Provérbios há a contrariarem amiúde as regras também elas com excepções que as contradizem como aquele, entre tantos, que proclama que “ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão”.

A  crença no adágio levou muitos amigos do que não era deles a verem, durante períodos mais ou menos prolongados, "o sol atrás das grades”, eufemismo para designar prisão sempre  desigual as excepções confirmam a regra - consoante o tamanho, ou não, do surripiado.

O chavão "o sol quando nasce é para todos”, com carga ideológica acentuadíssima, também é contrariado, entre diversas conjunturas, dentro dos presídios, pois as condições dos enclausurados variam conforme o volume do roubo: quanto menos avultado, menores ou nenhumas as benesses, sentir e poder avistar o astro-rei é uma delas.

Afinal, como se comprova amiúde, quando ele nasce... e se põe, mesmo dentro de prisões,  é discriminatório, revela-se mais igual para uns do que para todos os outros.

A gatunagem de "colarinho branco” tem, excepção aos que puseram a totalidade do roubo em paraísos fiscais, dinheiro a rodos, para dar, vender  e... comprar. Ao contrário do pilha-galinhas, que, regra geral, rouba para matar a fome. Os primeiros, por razões óbvias, tem melhores celas e tratamento.  Fora delas, então, é o que se sabe: o astro-rei é comprovadamente aconchego dos endinheirados, entre os quais se contam larápios dos dinheiros dos povos. Podem escolher aproximar-se ou afastar-se dele, a bordo de paquetes ou iates de luxo, mesmo de supersónicos aviões, dentro dos quais calor e frio são palavras sem significado. Apesar disso, há sempre modos de "aquecimentos” e "refrescamentos” em forma de bebidas espirituosas e borbulhantes.

O sol, manda a verdade escrever, também chega aos milhões incontáveis  de desvalidos do Mundo inteiro, mas para os castigar por culpas que não têm. Em plenas estações quentes, quando o calor, não raro é asfixiante, independentemente da parte do Globo em que se manifeste, alveja impiedosamente telhados de zinco de casa sem janelas, paredes  de tábuas e papelões apanhados nos lixos. Igualmente,  em corpos de desempregados de todas as idades, idosos sem reformas, jovens com presente hipotecado, crianças guardiãs delas elas próprias a desmentirem quem afirma que o futuro lhes pertence. 

Angola | Defendida a melhoria das condições de vida dos antigos combatentes


 Arsénia Manuel, Cabinda e Elautério Silipuleni, Ondjiva | Jornal de Angola

O vice-governador de Cabinda para o Sector Político e Social considerou, este sábado, nesta cidade, “relevante”, a contribuição dos antigos combatentes no processo da luta de libertação nacional que culminou com a Independência do país, em Novembro de 1975.

Miguel de Oliveira, que falava no acto alusivo ao dia 15 de Janeiro, data dedicada aos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, lembrou ter sido graças à entrega e patriotismo dos ex-combatentes que foi possível derrubar o colonialismo português e demais forças que causavam instabilidade no país antes e depois da Independência Nacional.

"Graças à contribuição e esforço dos antigos combatentes foi possível a viragem definitiva da página da história nacional”, afirmou Miguel de Oliveira, salientando que o Executivo tem estado a implementar políticas públicas com vista a melhoria da qualidade de vida dos ex-combatentes.

A secretária provincial dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, Margarida Paulo, reafirmou a predisposição do Governo da província em continuar a prestar maior atenção aos antigos combatentes, por tudo que fizeram em prol da Nação.

Reconheceu os problemas com que os antigos combatentes ainda se deparam na província de Cabinda, justificando a crise económica e financeira do país como o grande empecilho que inviabiliza a materialização de um conjunto de projectos gizados pelo Executivo.

"Conhecemos os problemas que os filhos e familiares dos pensionistas carecem, como a falta de habitação, acesso ao ensino superior, ingresso na função pública, e outros julgados convenientes", referiu.

Margarida Paulo apelou a todos os antigos combatentes no sentido de se associarem às cooperativas agrícolas para, de forma colectiva, obterem maiores rendimentos e melhorarem quer a dieta alimentar, quer a sua condição financeira.

O Gabinete dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria em Cabinda controla um total de 1.507 antigos combatentes, entre guerrilheiros, familiares e deficientes de guerra.

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