sábado, 8 de abril de 2023

O FUTURO DA ESTRATÉGIA NUCLEAR DOS EUA -- Scott Ritter

As consequências da política de Washington de buscar a derrota estratégica da Rússia levaram Moscou a alterar radicalmente sua posição de controle de armas. Isso levanta questões importantes sobre o vencedor da próxima eleição presidencial dos EUA.

Scott Ritter* | Especial para Consortium News | # Traduzido em português do Brasil

Os Estados Unidos se encontram vagando em um deserto de indecisão quando se trata de política de controle de armas.

A situação em relação ao status do último tratado de controle de armas nucleares existente com a Rússia – o novo tratado START – é terrível. A implementação está atualmente congelada depois que a Rússia suspendeu sua participação em protesto contra um objetivo político declarado dos EUA de buscar a derrota estratégica da Rússia, algo que a Rússia considera incompatível com a abertura de sua dissuasão nuclear estratégica (que existe precisamente para impedir a derrota estratégica da Rússia) à inspeção por autoridades americanas .

Os EUA não estão conversando com a Rússia sobre o futuro do controle de armas quando o Novo START expirar em fevereiro de 2026.

Além disso, as consequências da política dos EUA de buscar a derrota estratégica da Rússia levaram Moscou a alterar radicalmente sua posição em relação a futuros tratados de controle de armas. Qualquer acordo futuro deve, do ponto de vista russo, incluir defesa antimísseis; os arsenais nucleares franceses e britânicos, bem como a dissuasão nuclear da OTAN fornecida pelos EUA.

A Rússia complicou ainda mais quaisquer negociações futuras ao implantar armas nucleares táticas em seu enclave báltico em Kaliningrado, além de estender seu guarda-chuva nuclear controlado pela Rússia à Bielo-Rússia, onde espelhou o guarda-chuva nuclear da OTAN. 

A situação atual em relação ao controle de armas estratégicas entre os EUA e a Rússia pode ser comparada a um paciente em suporte de vida que ninguém está tentando reanimar.

A Rússia está finalizando uma grande modernização de suas forças nucleares estratégicas, construídas em torno do novo míssil balístico intercontinental pesado Sarmat (ICBM) e do veículo de reentrada hipersônico Avangard. Os Estados Unidos estão prestes a iniciar sua própria atualização multibilionária para a Tríade nuclear dos EUA, composta pelo bombardeiro furtivo B-21, o submarino de mísseis da classe Columbia e o novo Sentinel ICBM.

Se não existir nenhum veículo de tratado projetado para limitar de forma verificável a implantação dessas novas armas, uma vez que o Novo START expire, os EUA e a Rússia se encontrarão envolvidos em uma corrida armamentista nuclear irrestrita que aumenta drasticamente a probabilidade de conflito nuclear não intencional.

Quando visto sob esta luz, o futuro da segurança global depende da capacidade da Rússia e dos EUA retornarem à mesa de negociações e ressuscitarem o controle de armas de seu atual estado moribundo.

A chave para isso será a disposição de Washington de incorporar as preocupações russas à postura nuclear dos EUA. Para conseguir isso, o estabelecimento nuclear dos EUA terá que ser sacudido das suposições políticas calcificadas que guiaram a política de controle de armas dos EUA desde o fim da Guerra Fria.

A primeira e mais importante dessas suposições é a necessidade de promover e manter a primazia dos EUA na capacidade global de armas nucleares. Se tal suposição for descartada, estará vinculado à pessoa que ocupa a Casa Branca após a expiração de fevereiro de 2026 do Novo START.

Isso torna a eleição presidencial dos EUA em 2024 uma das mais críticas da história recente. Simplificando, o futuro da humanidade pode depender de quem o povo americano votar em novembro de 2024.

Washington diz que "jornalismo não é crime" enquanto trabalha para o criminalizar

A partir de certo ponto, criticar a hipocrisia e as contradições do império centralizado nos Estados Unidos começa a parecer muito fácil, como atirar em peixes em um barril. Mas diabos vamos fazer isso de qualquer maneira; o barril está bem aqui, e eu realmente odeio esses peixes em particular..

Caitlin Johnstone* | Caitlin Johnstone.com | em Substack | # Traduzido em português do Brasil

Os serviços de segurança russos apresentaram formalmente acusações de espionagem contra o repórter do Wall Street Journal Evan Gershkovich, que está detido na Rússia desde sua prisão no mês passado. Gershkovich supostamente nega as acusações de espionagem e diz que estava envolvido em atividades jornalísticas na Rússia.

Esta notícia veio ao mesmo tempo que uma declaração conjunta foi publicada pelo líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, e pelo líder da minoria no Senado, Mitch McConnell, condenando a detenção de Gershkovich como uma violação da liberdade de imprensa.

“Que não haja engano: jornalismo não é crime”, escrevem os senadores. "Exigimos que as acusações infundadas e forjadas contra o Sr. Gershkovich sejam retiradas e ele seja imediatamente libertado e reiteramos nossa condenação das contínuas tentativas do governo russo de intimidar, reprimir e punir jornalistas independentes e vozes da sociedade civil."

O uso da frase "jornalismo não é crime" é uma escolha interessante, pois o caso individual mais comum ao qual você ouvirá referência é certamente o de Julian Assange , que está preso em uma prisão de segurança máxima há quatro anos enquanto o governo dos EUA trabalha para extraditá-lo pelo crime de bom jornalismo . Todas as manifestações pró-Assange em que já estive apresentavam cartazes com alguma variação da frase "jornalismo não é crime", e qualquer apoiador de Assange estará intimamente familiarizado com esse refrão.

A PSP ENSINA: COMO TRANSFORMAR UMA MANIFESTAÇÃO PACÍFICA NUM MOTIM

PORTUGAL

A sucessão de erros básicos de um Comissário da PSP jovem e inexperiente criou uma situação perigosa no fim da manifestação pelo direito à habitação em Lisboa. Não fosse a gravidade dos eventos e dir-se-ia que seria um bom cenário educativo. A PSP poderia aproveitá-lo para as suas aulas na academia.

Francisco Carvalho* | Setenta e Quatro

manifestação de sábado passado, dia 1 de abril, foi um novo marco nas lutas sobre o direito à habitação. Dezenas de milhares de pessoas desceram a Avenida Almirante Reis, em Lisboa, tornando evidente a urgência social da habitação, mostrando como toca a população de um modo direto e sufocante. Foi uma manifestação viva e aguerrida mas sem incidentes de relevo até ao final.

No Martim Moniz, onde a manifestação terminou o seu percurso, tiveram lugar alguns confrontos com as forças de segurança. Deveram-se a uma péssima e incompetente gestão da ordem por parte da Polícia de Segurança Pública (PSP). E ameaçaram retirar o foco do objetivo da manifestação: a reivindicação do direito a uma habitação condigna. A extrema-direita e os comentadores de sempre bem o tentaram. 

A função da polícia numa manifestação é evitar que se torne perigosa para os seus participantes e para os demais. Os grandes ajuntamentos de pessoas obedecem a questões e preocupações singulares e, por isso, a gestão da ordem deve ter em conta que ante uma multidão coisas aparentemente banais podem assumir dimensões totalmente inesperadas. Daí as manifestações serem acompanhadas por profissionais especializados, treinados para não reagirem a provocações, para saberem a cada momento medir o impacto das suas ações e para desativar, ao contrário de escalar, potenciais situações de confronto.

O que aconteceu no Martim Moniz foi exatamente o contrário. Uma sucessão de erros básicos feitos por um Comissário da PSP jovem e inexperiente criou uma situação extremamente perigosa para os manifestantes, para os transeuntes, para os comerciantes e, inclusive, para os próprios agentes.

Portugal | ENSAIOS PARA A ESTOCADA FINAL?

Carvalho da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

Os episódios recentes do folhetim TAP propiciaram ao presidente da República, segundo notícias vindas a público, a convocação dos partidos políticos para audições em Belém. Dir-se-á que não falta matéria para reflexão.

Observemos, entretanto, uma caraterística política nova que surgiu esta semana: a Direita - através dos comentadores de serviço e de figuras de referência desta área política - colocou o megafone da reclamação da dissolução do Parlamento nas mãos do Chega. Tal constatação indicia que o processo para a legitimação da extrema-direita pode estar mais avançado do que aparenta, e que as fragilidades da governação aceleram perigos.

Num regime democrático, as atitudes infantis ou a impreparação política dos governantes não servem como justificação dos seus atos. Por outro lado, as fugas à verdade, a negligência ou os abusos de poder não cabem mesmo aí. É preciso humildade e consciência de que os direitos fundamentais das pessoas não são os que emanam da sua condição de contribuintes. São, acima de tudo, os que nos comprometem como coletividade, como sociedade democrática, onde a governação se concretiza em favor do bem comum.

"A República Portuguesa é um Estado de Direito Democrático" (art.o 2º da Constituição). Quem se senta num gabinete ministerial para o exercício de funções governamentais devia estar consciente de dois factos estruturantes daquela designação: i) o direito a ocupar aquele lugar foi conquistado às elites possidentes com sangue e lágrimas de imensas gerações; ii) as pessoas que aí se sentam não podem, nunca, esquecer-se de que estão a desempenhar funções em nome do povo e para o povo.

Todos os governantes devem estar preparados para exercer os seus cargos em representação da soberania popular e não por emanação de qualquer tipo de divindade. Nem uma maioria absoluta, nem as "leis" do "deus dinheiro" podem homologar poderes supremos.

Portugal | TAP: QUANDO O QUE SE SABE É QUE É MELHOR NÃO SABER

Mais uma vez, o que ficou verdadeiramente exposto foram as taras da gestão privada e o facto de a TAP ter sido sempre gerida como se de uma empresa privada se tratasse.

A audição a Alexandra Reis deixou perfeitamente claro que esta nunca deixou de se considerar numa empresa privada. Tendo sido contratada para directora da TAP durante a gestão privada (com um ordenado mensal de 12 mil euros) e tendo sido cooptada (primeiro) e eleita (depois) para a administração da TAP por proposta do accionista privado (com um salário base de 25 mil euros), Alexandra Reis (o Governo e a restante administração) escolheu ignorar que a 2 de Outubro de 2020 a TAP passou a integrar o Sector Empresarial Público, e a estar obrigada ao Estatuto do Gestor Público e ao Regime Jurídico do Sector Empresarial Público.

A «defesa» de Alexandra Reis assentou no facto de o apoio jurídico que recebeu não a ter alertado para as implicações de tal decisão. Como a ignorância da lei não justifica a sua violação, falta validade a esta «defesa». Mas falta também muita credibilidade, principalmente vindo de alguém que, como reconheceu ontem, leu o Decreto-Lei 39B-2020 quando foi publicado, onde se explicitavam as obrigações e excepções a que a TAP ficava obrigada. Por outro lado, três meses depois, assim que chegou à NAV, pediu para assinar o tal contrato de gestão pública que nunca assinou na TAP, considerando uns meses depois estar habilitada a aceitar a tarefa de supervisionar as 143 empresas do Sector Empresarial Público na Secretaria de Estado do Tesouro.

Mais uma vez, o que ficou verdadeiramente exposto foram as taras da gestão privada e o facto de a TAP ter sido sempre gerida como se de uma empresa privada se tratasse. Os gestores da TAP contratavam gabinetes e pareceres jurídicos uns atrás dos outros, gastando milhões de euros públicos, em vez de recorrerem aos serviços jurídicos da própria empresa, e faziam-no, entre outras razões, para afastar quaisquer responsabilidades futuras sobre si próprios. Aliás, como fizeram com a contratação de seguros de responsabilidade civil, usando o dinheiro público para se libertarem de qualquer responsabilidade pessoal. Mais uma vez, um comportamento perfeitamente usual nas empresas privadas, mas completamente ilegal numa empresa pública.

Angola | O PODER DA PALAVRA E A PALAVRA DO PODER – Artur Queiroz

"... um texto antigo para refrescar as memórias antes que seja tarde e a liberdade se esvaia com o pensamento adormecido..."

Artur Queiroz*, Luanda

A Constituição da República em vigor desde 2010, consagra o regime presidencialista e pôs fim ao período de transição, iniciado com o Acordo de Bicesse. Os críticos da Lei Fundamental dizem que o Presidente da República tem demasiados poderes e isso é mau para a democracia. Eu prefiro destacar a aposta do Legislador na estabilidade política. 

Entre 1975 e 1991, os presidentes tinham o poder todo mas como não existia estabilidade política, só tinham o poder de dirigir a luta contra os invasores estrangeiros. Tudo o resto era letra morta. Entre 1991 e 2010 o Presidente José Eduardo partilhava o poder com o Governo e Assembleia Nacional. Mas de nada lhe serviu esse poder, porque foi preciso enfrentar a rebelião armada de Jonas Savimbi e da UNITA. Um caso de polícia que exigiu a participação total das Forças Armadas Angolanas. Sem estabilidade política, de nada serviu o regime semi-presidencialista.

Em 2010, esse problema crónico ficou resolvido com a mudança de regime, consagrada na Constituição da República. Confesso que não estrou preocupado com isso de termos um Presidente com demasiados poderes. Porque a Assembleia Nacional é um poder poderosíssimo. São as deputadas e os deputados que decidem quem é o Presidente da República. Tarefa que tem sido fácil porque o MPLA averba maiorias qualificadas. Mas se apenas existirem maiorias simples, o Presidente da República e titular do Poder Executivo depende de uma negociação que garante uma base de sustentação alargada e a indispensável estabilidade política.

O grande poder do Presidente da República é a palavra. Agostinho Neto usou-a com uma mestria inigualável. Quando disse aos quadros angolanos TODOS PARA O INTERIOR fez tremer o poder colonial. Ao definir, na célebre conferência da Universidade de Dar es Salam QUEM É O INIMIGO, derrubou muros, paliçadas, aduelas que delimitavam quintais e quintalões, salas de festas e salões.

O cerco interno e internacional ao MPLA, em 1974, tornou-se de tal forma perigoso que Neto proclamou a RESISTÊNCIA POPULAR GENERALIZADA. A tenaz das tropas invasoras ia apertando no Norte e Sul de Angola. Agostinho Neto avisou: Somos milhões e contra milhões, ninguém combate!

Os inimigos externos foram postos em sentido quando Agostinho Neto disse no Estádio da Cidade: A nossa luta continua na Namíbia, no Zimbabwe e na África do Sul. Angola é trincheira firme da revolução em África. 

Neto não tinha poder para governar, só para lutar contra os inimigos internos e externos. Faltavam-nos quadros, superiores e intermédios, técnicos especializados. Faltavam as máquinas e quem as operasse. Estava destruída a rede de produção e distribuição. Agostinho Neto não cruzou os braços e impôs o seu programa de governo: Em primeiro lugar temos de resolver os problemas do Povo! Ainda hoje essa palavra ecoa em Angola. O Poder da Palavra é tremendo, ninguém o trava.

Angola | O RASCUNHO DA VERDADE HISTÓRICA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Em tempo de aldrabices e falsificações convém olhar para a verdade dos factos. Eis o texto integral da entrevista que Agostinho Neto me concedeu, publicada em Maio de 1975, no jornal português “Diário de Notícias”, na época o de maior tiragem em Portugal e do qual eu era correspondente na África Austral:

Artur Queiroz - O “bureau” político do MPLA anunciou num comunicado que o desencadear de nova onda de violência leva as FAPLA - Forças Armadas Populares de Libertação de Angola - a abandonarem as suas posições defensivas e a assumirem uma posição de ataque. Tal atitude é possível em zonas mesmo onde a FNLA tem maior implantação militar?

Agostinho Neto - Os sucessivos ataques da reacção contra o MPLA não podem deixar de provocar uma profunda indignação nos elementos que constituem as FAPLA e, em todo o país, nós verificamos que essa indignação cresce. A repetirem-se os ataques, certamente que as FAPLA irão reagir. É certo que nós não temos a mesma força e a mesma implantação militar em todo o território. Nós temos pontos fracos e pontos fortes. Mas é preciso que ao analisarmos este problema, não vejamos simplesmente o número de soldados e o número de armas, mesmo até a qualidade das armas de que os soldados dispõem. Nós temos de contar com outro elemento que é fundamental nesta luta, esse elemento é o povo. E se, como disse, ainda estamos fracos sob o ponto de vista militar, em alguns pontos, podemos por outro lado contar com o apoio da maior parte do nosso povo, e é este elemento que será de terminante para a vitória das forças progressistas.

AQ – Esta situação pode afectar o processo de descolonização?

AN - A modificação da atitude por parte das FAPLA e do nosso movimento deve-se simplesmente ao facto de verificarmos que as forças reaccionárias se estão a instalar e a aumentar os seus ataques contra o MPLA, o que quer dizer contra os interesses do povo angolano, portanto contra os interesses das forças progressistas em Angola. O elemento fundamental dessas forças progressistas pode ser considerado a aliança entre o povo e as FAPLA. tentarão reagir e reagirão com toda a decisão, para que nenhum outro ataque possa ser feito neste país contra as forças progressistas e neste caso contra o processo de descolonização que nós queremos ver completado no dia 11 de Novembro.

Angola | CABEÇA OCA

Tribuna de Angola

Quando o bacharel Adalberto tenta ser algo que não é (um político consistente e com ideias), o certo é sair confusão. E confusão é o que saiu do seu recente discurso à Omunga.

A primeira confusão é sobre o sistema político em Angola. O bacharel afirma algo de espantoso, explicando, mal, que é um sistema em que um governo pode governar sem ter uma maioria no parlamento. Alguém aconselhou mal o bacharel. Em todos os regimes presidencialistas, como o angolano, o Presidente não precisa, necessariamente, de maioria no Parlamento para governar. Veja-se o caso dos EUA onde quase sempre desde a Segunda Guerra Mundial a maioria do Parlamente não correspondeu ao partido do Presidente.

À confusão jurídica junta-se a trapalhice histórica. Segundo o bacharel, é à UNITA que se deve a democracia e o estado de direito em Angola. Disparate rotundo. Se assim fosse, em 2002, o MPLA teria instituído um estado autocrático e não enveredado até hoje pela tentativa de criação de um estado democrático. Não teria havido eleições em 2008, 2012, 2017 e 2022, e uma Constituição democrática em 2010.

O facto é que a UNITA participou nestes processos, os seus deputados exerceram funções, votaram contra ou a favor de inúmeras leis. Hoje pretende destruir essas conquistas com a sua constante sublevação.

Finalmente, o bacharel continua com o seu hábito de levantar falsas suspeições sem provas e documentação. O que é a invasão religiosa e cultural em curso em Angola? Que fábricas de bitcoin fala? Que execuções sumárias aconteceram? Parace a história do bilião que o MPLA gastou na campanha. Uma afirmação ignóbil sem qualquer prova até hoje.

O bacharel continua um vazio.

Leia mais em Tribuna de Angola:

Há Pulgas Na Capoeira

Consequência Mortal

Momento Zero

Angola | CABINDA A COBIÇADA E SUA DEFESA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

No início de 1975 Agostinho Neto denunciou manobras políticas e militares que visavam anexar Cabinda à República do Zaire (RDC). O líder do MPLA disse que a província estava a ser cobiçada pelos inimigos de Angola. E mais uma vez lembrou às autoridades portuguesas que tinham a responsabilidade de defender as fronteiras e a integridade do território. Como foi feito em Novembro de 1974, quando tropas zairenses escondidas na Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC) tentaram tomar o poder, com o auxílio do governador e comandante militar português, brigadeiro Temudo Barata.

NO dia 22 de Outubro de 1974, o MPLA e o MFA (quarto movimento de libertação de Angola) assinaram um cessar-fogo em Cabinda. Os oficiais da CIA e Mobutu desvalorizaram este acontecimento porque Temudo Barata tinha garantido que a província (então distrito) seria anexada ao Zaire. Enganaram-se. Combatentes do MPLA e do MFA, em Novembro de 1974, acabaram com a aventura secessionista. Prenderam o governador e comandante militar mais os seus oficiais. Foram expulsos do território. E as autoridades portuguesas assinaram um documento no qual se comprometeram a ilegalizar a FLEC. O que foi cumprido. 

O Doutor Lucas Ngonda disse à TPA que Mobutu não gostava de Holden Roberto porque o líder da FNLA não colaborou com o ditador para ocupar Cabinda já que “O Zaire não tinha acesso ao mar e precisava daquele território”. Falsificação grosseira. Na sequência da Conferência de Berlim, a França “roubou” a Portugal o porto de Ponta Negra. A Bélgica também debicou o seu pedaço mas não tudo o que queria. As grandes potências europeias pediram a Portugal para ceder ao rei belga (o então Estado Livro do Congo era sua propriedade pessoal…) uma parcela que permitisse o acesso ao mar. E isso foi feito. Os belgas ficaram com os portos de Banana, Boma e Matadi que pertenciam à colónia de Angola.

Mais território já não ficou de borla. Bruxelas e Lisboa assinaram o Tratado de Loanda segundo o qual Portugal cedeu à Bélgica o vale do rio Mpozo e a Bélgica transferiu para a soberania portuguesa a chamada Bota do Dilolo: Todo o território da Lunda até ao Cazombo. De facto tem uma forma de bota alta. 

Senhor Doutor Lucas Ngonda. Mobutu já tinha uma saída para o mar à custa de Angola. E a cedência do Vale do Mpozo fez de Cabinda um enclave. Convêm não falsificar a História de Angola. E é preciso saber do que se fala. Porque a FNLA ajudou Mobutu na tentativa de anexar Cabinda. Na Grande Batalha do Ntó os invasores estrangeiros traziam tropas do ELNA! Falharam. Foram estrondosamente derrotados. 

ARDINAS EM ANGOLA PODEM TER OS DIAS CONTADOS

Muitos leitores passaram a ter acesso digital aos meios de comunicação social, o que diminuiu a procura física de jornais. Há já quem tema o desaparecimento da profissão, embora ainda se encare o futuro com otimismo.

José Caetano comercializa jornais há seis anos em Caxito. O dia a dia é exigente. "Cliente é aquele de corre corre, tens que levantar e ir atrás dele saber se não quer comprar jornal, tal como fiz, fui num cliente e depois fui no outro", conta à DW.

Veem-se cada vez menos ardinas a distribuir jornais nas ruas de Angola, uma realidade que é compreendida pelo facto de muitos leitores acederem aos jornais pelos canais digitais.

Nando, que não revela o sobrenome, é outro distribuidor de jornais. À DW, diz temer perder o seu ganha-pão, e pede a valorização da profissão.

"É só ter capacidade, ter a memória e abordar as pessoas, os gabinetes dos chefes, saber se querem um jornal; na rua também nos podemos movimentar, só que estamos sem equipamentos, não temos coletes e nem botas", lamenta.

Dificuldades, mas com opimismo

António Canepa, delegado das Edições Novembro no Bengo, empresa que produz o jornal de Angola, afirma que conta com três ardinas que prestam serviços em Caxito. Ele reconhece dificuldades no setor, mas olha o futuro com otimismo.

"Que continuem a trabalhar porque são eles que levam a informação e um dia se as condições melhorar, se calhar, serão melhor remunerado, porque atualmente, dependem do que vendem", refere.

Fernando Moniz, jornalista da Rádio Ecclésia de Caxito, diz estar a notar a ausência dos ardinas e teme dias piores.

"Entendo que nos últimos tempos estão a desaparecer, já não estão a aparecer como anteriormente nas principais cidades do país, daí que devem ser redobrados esforços para a sua manutenção", adverte.

Jornais distribuidos tarde demais

O professor Simone Abimael diz que tem encontrado dificuldades para conseguir um jornal em suporte físico por conta da escassez de ardinas e fala na chegada tardia dos mesmos.

"Dificilmente vamos encontrar um jornal atualizado de hoje. (…) A cada dia que passa, torna-se mais difícil e temos receio do desaparecimento dos ardinas", admite.

O sociólogo Fernando Domingos saúda a dinâmica das tecnologias e admite que há muito que não toma contacto com jornais em suporte físico.

"Online conseguimos obter resultados na hora, enquanto que os ardinas podem oferecer-nos informações no dia seguinte", conclui.

AntónioAmbrósio (Caxito) | Deutsche Welle

SANTA LUZIA E AS PANELAS DO KILAMBA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A censura prévia foi imposta nos países do ocidente alargado. Até hoje não ouvi um ai, um gemido, um pio contra os censores. Nem sequer os sindicatos dos jornalistas! Se em Angola as autoridades censurassem os Media de um país, logo vinha o Teixeira Cândido bolsar idiotices e a tropa de choque da UNITA batia panelas, ficava em casa, sabotava canais ferroviários, destruía equipamentos públicos, agredia, assaltava, matava.

Esta cobardia e conivência têm um lado positivo. Ficamos a saber quem de facto está a favor da Liberdade de Imprensa. Os que adoptaram o silêncio face à censura imposta aos que não alinham com o nazismo reinante são impostores. Odeiam a liberdade e ainda mais o pensamento livre.

Os censores ainda usam os métodos antigos. Acham que cortando e silenciando conseguem censurar. Estão enganados. As formas modernas de censura assentam no chamado Bombardeamento Informativo. Consiste em pôr a circular tanta aldrabice, tanto lixo, tantos fragmentos de informação que ninguém consegue perceber as mensagens informativas.

O “bombardeamento informativo” espalha rochedos por toda a parte para que a informação que interessa, bata nesses obstáculos e se desfaça. Fica reduzida a nada. Vou fazer um desenho. Os Media do ocidente alargado bombardeiam os consumidores com mensagens manipuladas (por mãos não autorizadas), adulteradas e falsas sobre a Ucrânia. Minuto a minuto, há mais de um ano! Quando chega uma informação que interessa, já não há espaço para a sua absorção e compreensão.

Um exemplo. Durante alguns dias intoxicaram os consumidores com factos parciais e adulterados. Para na hora da verdade revelarem um conflito entre uma confissão religiosa e o governo de Kiev. Um ataque brutal à liberdade de seguir uma religião foi apresentado como um mero desentendimento. Zelensky quer despejar monges do seu mosteiro porque são “pró russos”. Leia-se, são anti nazis.

JULGAMENTO TRUMP


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