sexta-feira, 14 de abril de 2023

GUERRAS: A HISTÓRIA QUE QUEREM APAGAR -- Manlio Dinucci

Manlio Dinucci*

A comunicação atlântica a propósito da guerra na Ucrânia ignora a história da OTAN, as guerras ilegais da Jugoslávia, do Afeganistão, do Iraque, da Líbia e da Síria, e ainda mais quanto à extensão da Aliança para o Leste.

Presidente do Conselho de Ministros italiano, Giogia Meloni, em visita a Nova Deli declarou que a « agressão russa contra a Ucrânia » constitui uma « provocação ao cerne da Carta da ONU » e mina a « ordem internacional baseada em regras », concluindo que « Não podemos submeter-nos à lei do mais forte ». Desta forma, apaga-se a história dos acontecimentos que conduziram à situação crítica actual. Nesta emissão de “Grandangolo”, nós reconstruímo-la nos seus traços essenciais :

1. A OTAN nasce da Bomba
2. Jugoslávia : a guerra fundadora da nova OTAN
3. A expansão da OTAN em direcção à Rússia
4. Os EUA e a OTAN atacam e invadem o Afeganistão e o Iraque
5. A OTAN destrói o Estado líbio
6. A guerra dos EUA/OTAN para demolir a Síria
7. A orquestração dos EUA/OTAN no Golpe de Estado na Ucrânia
8. A Itália, porta-aviões na frente da guerra
9. Os EUA e a OTAN atropelam os Tratados e instalam novas armas nucleares na Europa

O momento em que a Guerra Fria termina com a dissolução do Pacto de Varsóvia, a seguir da própria União Soviética, em 1991, é fundamental. Os Estados Unidos aproveitam para desencadear no Golfo o primeiro conflito do pós-Guerra Fria, no qual participam os principais países da OTAN, entre os quais a Itália. Em simultâneo, a OTAN inicia a sua expansão para Leste em direcção à Rússia. O primeiro passo é a demolição da Federação Jugoslava, que os Estados Unidos e as potências europeias da OTAN iniciam em 1990. A guerra, baptizada de « Operação Força Aliada », começa em 24 de Março de 1999. Enquanto destrói pela guerra a Federação Jugoslava, a OTAN começa a expandir-se para Leste, isto, muito embora Washington tenha garantido ao Presidente da URSS, Mikhail Gorbachev, que « a OTAN não se expandirá nem uma polegada para o Leste ». Em vinte anos, A OTAN amplia-se de 16 para 30 países. Com a próxima entrada da Suécia e da Finlândia, ela irá se alargar a 32 países, estando cada vez mais próxima da Rússia. Três outros países – Bósnia e Herzegovina (anteriormente parte da Jugoslávia), Geórgia e Ucrânia (anteriormente partes da URSS) — são candidatos a entrar na OTAN.

# Breve resumo da emissão Grandangolo de sexta-feira, 3 de Março, às 20h30, no canal da Tv italiana 262 Byoblu

Manlio Dinucci* | Voltairenet.org | Tradução Alva

* Geógrafo e geopolítico. Últimas publicações : Laboratorio di geografia, Zanichelli 2014 ; Diario di viaggio, Zanichelli 2017 ; L’artedella guerra / Annali della strategia Usa/Nato 1990-2016, Zambon 2016; Guerra nucleare. Il giorno prima. Da Hiroshima a oggi: chi e come ci porta allacatastrofe, Zambon 2017; Diario di guerra.Escalation verso la catastrofe (2016 - 2018), Asterios Editores 2018.

OS DOCUMENTOS DO PENTÁGONO

Osama Hajjaj | Cartoon Movement

A Finlândia “se apaixonou” pela OTAN. Helsínquia vendeu a independência por dinheiro

Uma entrevista com Mauno Saari, um dos mais respeitados jornalistas finlandeses

Mauno Saari e Dragan Vujicic* | Global Research | # Traduzido em português do Brasil

A Finlândia não estava “de repente” interessada na OTAN. A Finlândia passou décadas construindo suas forças armadas para serem compatíveis com as tropas da OTAN. Trata-se de um processo que já começou na década de noventa.

Deixe-me lembrá-lo, em 2014, a Finlândia assinou um memorando de entendimento com a OTAN.

Ele dá à aliança militar amplos direitos para agir em solo finlandês, incluindo “ataque”.

Na Finlândia, eles estão perguntando de brincadeira onde vamos atacar. É a Suécia? É assim que Mauno Saari, um dos mais conceituados jornalistas finlandeses da atualidade, responde à pergunta do semanário “Pečat”

A presença deste autor chama a atenção do público escandinavo.

Saari começou sua carreira como repórter no Helsingin Sanomat e depois continuou sua carreira de dez anos no jornalismo como editor-chefe das revistas Iltaset, Suomen Kuvalehti, Iltalehti e Uude Finland, literalmente nos mais respeitados jornais diários e semanários publicados em Helsinque. Nos últimos anos, ele escreveu roteiros de TV e modelos de filmes. Ele voltou ao jornalismo recentemente e por um motivo.

"No início de 2022, fundei a associação Naapuriseur e sua publicação online Naapuriseur Sanomat, porque como velho jornalista achava a situação do país escandalosa e intolerável. A gota d'água foi a declaração de nossa primeira-ministra Sana Marin , ou melhor, seu pedido de que "todos os laços com a Rússia devem ser cortados". Nossa associação, “Bons Vizinhos” se opõe a essa política. O clube é independente e imparcial. Ela quer que a Finlândia tenha boas relações com todos os nossos vizinhos. Claro, prestamos atenção especial ao que está acontecendo na Rússia porque é destacado quando eles realmente querem cortar todas as conexões, incluindo correio e tráfego ferroviário…"

Ofensiva de primavera da Ucrânia é uma provável armadilha mortal para EUA e OTAN

Documentos vazados do Pentágono indicam que a Ucrânia carece de blindagem e defesas aéreas necessárias para ter sucesso

Stephen Bryen* | Asia Times | # Traduzido em português do Brasil

Sob a orientação dos EUA, a Ucrânia está  planejando uma grande contra-ofensiva  provavelmente no final desta primavera, quando os campos e estradas secundárias que não são asfaltadas secarem. No momento, a maioria dos veículos militares não pode operar em campos abertos e tem dificuldade real em estradas secundárias não pavimentadas.

De acordo com  supostos documentos vazados do Pentágono , a Ucrânia reuniu doze brigadas para o planejado ataque militar. 

Nove das doze brigadas estão equipadas com blindados e artilharia estadunidense e européia e as outras três são compostas por equipamentos mais antigos de origem russa, alguns modificados pela Ucrânia. 

De acordo com os documentos vazados, a Ucrânia pode esperar grandes ganhos de sua ofensiva. Mas parece que a realidade é bem diferente. Até o  Wall Street Journal , um impulsionador da Ucrânia, tem dúvidas.

De fato, os próprios documentos contam uma história diferente, o que ajuda a explicar a corrida louca do governo Biden para tentar impedir a divulgação dos documentos vazados.

A planejada ofensiva ucraniana no final da primavera pode ser uma armadilha mortal para os EUA, a OTAN e até mesmo para os aliados asiáticos dos EUA.

Uma brigada normalmente tem entre 3.000 e 5.000 soldados. Usando o número mais alto, a Ucrânia está planejando comprometer 60.000 soldados na contra-ofensiva, focada em um esforço para quebrar o controle da Rússia sobre outros portos do Mar Negro além de Sevastopol. 

No entanto, é provável que a Ucrânia lance algum tipo de ataque simultâneo à Crimeia e Sevastopol, se puder.

JORNALISMO NÃO É CRIME

O maior jornalista do mundo está há dez anos na prisão. Ele definha encarcerado numa prisão de alta segurança na Grã-Bretanha – um assassinato em câmara lenta – e sob a ameaça de extradição para o império apodrecido. 

Assange é um herói do nosso tempo, sacrificado como vingança pelos crimes que revelou. Ele é um símbolo dos tempos sinistros agora vividos pela humanidade. A exigência da sua libertação deve continuar na ordem do dia. Não se pode esquecer Assange.

Portugal | O REQUISITO


Henrique Monteiro | Henricartoon

Portugal | CHOVEM MILHÕES NA GALP

A Galp é um bom(?!) exemplo de como funcionam os grandes grupos económicos. Depois de distribuir uma quantidade verdadeiramente astronómica de dividendos aos seus accionistas, também cuidou dos seus administradores.

Manuel Gouveia* | opinião

Com destaque, claro, para o ex-CEO da companhia, Andy Brown, que amealhou 1,8 milhões de euros brutos de rendimentos em 2022. Em termos médios, o recordista é, no entanto, Carlos Costa Pina, que apesar de ter renunciado a 5 de Janeiro de 2022 conseguiu receber quase um milhão de euros por esses 5 dias de intenso trabalho (35 mil euros de remuneração fixa, 157 mil euros de prémios, mais 19 mil em PPR e 867 mil euros de compensações pela sua saída antes do fim do mandato, sendo que saiu antes do final do mandato por estar acusado pelo Ministério Público no processo das PPP...). Este Costa Pina, para vermos como isto anda tudo ligado, é um antigo secretário de Estado do Tesouro e Finanças, entre 2005 e 2011. Em 2022, ainda foram pagas mais duas indemnizações, a duas ex-administradoras, de 488 mil e 450 mil euros. Sendo que os gastos do grupo Galp a remunerar os seus administradores perfazem um total de 7,2 milhões de euros.

Estas remunerações, completamente amorais, são o prémio que recompensa o facto de a Galp ter amealhado qualquer coisa como 1104 milhões de euros de lucros e ter distribuído em dividendos 1165 milhões de euros, distribuindo novamente dividendos acima do lucro gerado, mesmo tendo o lucro aumentado 84% face a 2021.

Todos estes valores são o reflexo de várias doenças de que sofre a nossa sociedade. Desde logo, porque estes lucros representam uma parte da apropriação privada da riqueza produzida, apropriada neste caso através dos mecanismos especulativos com o preço dos combustíveis. Depois, porque estes salários e estes dividendos nos recordam que existe uma classe – a grande burguesia – que objectivamente se está a encher de dinheiro à custa da exploração dos trabalhadores e das rendas arrancadas a outras classes e camadas. Por fim, porque o Estado detém 7,6% da Galp e nada faz para reverter esta orgia financeira – antes pelo contrário.

Tal como a chuva, os milhões da Galp, antes de caírem nos bolsos dos accionistas, são gerados noutro lado. Pelo trabalho, desde logo e essencialmente. E pelos consumidores, nos preços especulativos que pagam. E é por isso que resulta tão hipócrita o comportamento daqueles que não se chocam com estes salários, estas indemnizações e estes dividendos. Os mesmos que depois estão disponíveis a aceitar todas as justificações para reduzir as indemnizações por despedimento dos trabalhadores (como fizeram PS, PSD e CDS com a troika em 2012) e para a necessidade de baixar todos os salários... menos os dos CEO, claro.

Publicado em AbrilAbril

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PORTUGAL A VÁRIAS VELOCIDADES E EM VÁRIAS 'BABILÓNIAS' DE ESCRITA

O Curto do Expresso por aqui. Bom dia. Este não é tempo de esforços, vem aí o final de semana e a calanzeira já se assoma como que a paralisar as gentes cansadas de quase tudo, principalmente por estarmos cada vez mais a constatar que andam por aí políticos que não valem um chavo e que, decerto por isso, tramam a vida aos portugueses e ao país que desgovernam, sabendo nós à partida que lá por eles se governam. É o que temos visto sempre, salvo raríssimas excepções. 

Então, devido a essa tal calanzeira, não estamos nada a fim de nos explanarmos em retóricas político-governativas nem em mais avaliações dos trastes de políticos que têm calhado a este luso-país. Sempre fomos azarados e nem a senhora Fátima do Ovni conseguiu ou consegue emendar este estado de porca de vida, de porca miséria e de políticos dirigentes feios, porcos e maus. Não existem milagres que nos protejam de tais avantesmas quase na generalidade. Benditos os que são excepção. Adiante. 

Para finalizar esta nossa abertura e parte que tanto dói ao "jardim plantado à beira-mar" passamos para uma pequena nota no final deste Curto em que o agradável autor se esparrama (cousa pouca) em português do Brasil num jornal cinquentão que parece que nesse aspeto anda pelas ruas da amargura. Isto não é por sermos 'quadrados' nem xenófobos - antes pelo contrário - mas sim porque nos jornais portugueses deve primar o português de Portugal. Tudo o resto na prosa recomendamos e ficamos agradecidos. Não é que não entendamos ou que não toleremos mas sim porque 'cada macaco no seu galho': em Portugal, em jornal português, deve primar o português de Portugal. Por favor, não avacalhemos ainda mais a nossa Língua-Pátria, já basta o desastre do desastrado novo acordo ortográfico aceite por sábios da bagunça e do 'jiripiti'.

Bom dia e bom fim-de-semana. Descobrir como tal é possível é que não será fácil para os plebeus que andam a ser vilipendiados por uns quantos donos disto tudo... E esses tais têm várias cores e contas bancárias paradisíacas. Além disso, ainda pior, existem e abundam os camaleões... Ena tantos!

Saltem para o Curto, a seguir.

MM | Redação PG

Socialismo humanista popular assente na cultura e lisan de Timor-Leste -- M. A. Menezes

M. Azancot de Menezes*

O nascimento em Timor-Leste de uma sociedade caracterizada em termos políticos e ideológicos por extremos opostos está a acontecer. Trata-se de um fenómeno que já era previsível por vários analistas políticos, sendo agora irreversível, porque está instalado o debate político-ideológico devido às diferenças, diametralmente opostas, serem muito significativas.

De um lado está uma classe social constituída pelos grandes empresários e pela máquina burocrática e administrativa do Estado defendida por alguns partidos políticos. Do outro  estão os pobres e marginalizados, integrados pelos agricultores pobres, trabalhadores assalariados e jovens estudantes que acreditam no socialismo humanista popular com caraterísticas timorenses.

A acentuação destas diferenças políticas e ideológicas de classe, na minha perspectiva, obviamente subjectiva, será demonstrada no dia das Eleições Parlamentares, em 21 de Maio de 2023, com a votação expressiva que terá o Partido Socialista de Timor (PST) em vários Municípios do país.

A verdade é que muitos jovens, estudantes, velhos e velhas, adquiriram consciência de classe, querem mudança e estão (finalmente) mergulhados na luta pela causa dos trabalhadores e dos agricultores, na sua maioria pobres e vulneráveis.

Os agricultores pobres, os trabalhadores e os jovens estudantes, tem sido visível nos últimos seis meses em todo o território nacional, estão empenhados e motivados na mudança política e socioeconómica, advogando a continuação do processo da reposição da ordem constitucional e democrática, com a implantação de novas bases jurídicas, mas, um sistema jurídico que se fundamente nas normas, na cultura e nos valores do povo, para que seja efectivamente garantido o desenvolvimento nacional com equidade genuína.

Timor-Leste aprova português como língua de instrução e ensino

O Governo de Timor-Leste aprovou na quarta-feira (5/4) uma proposta do Ministério da Educação que define o português como língua de instrução e ensino em todo o sistema educativo, deixando o tétum como língua de apoio.

“A presente proposta de lei procede a um conjunto de alterações necessárias para adequar a lei de bases do setor educacional do país às atuais exigências e desafios”, lê-se no comunicado emitido no final da reunião do Conselho de Ministros, no qual se dá conta da “alteração à norma referente às línguas de instrução e ensino, definindo a língua portuguesa como língua de instrução e ensino do sistema educativo timorense, com a língua tétum e demais línguas nacionais a assumirem um papel de apoio“.

Além disso, aponta-se ainda na parte do texto que dá conta das alterações à lei de bases da Educação, “são também alteradas diversas normas relativas aos níveis de ensino pré-escolar, básico e secundário de modo a reconhecer a importância da aprendizagem da língua portuguesa no setor educativo nacional”.

O Governo argumenta que o diploma vai também “eliminar injustiças na atribuição de graus e diplomas no ensino superior técnico”, pelo que “passará a ser possível aos estabelecimentos de ensino superior técnico atribuírem graus e diplomas como o bacharelato, a licenciatura e o mestrado“.

PR timorense pede a parlamento para reduzir produção de leis a casos “urgentes”

Presidente da República timorense apelou hoje a mais “prudência” do Governo e do parlamento para que reduzam a produção legislativa a apenas casos “urgentes”, na reta final antes das legislativas de 21 de maio.

“Há demasiadas misturas com campanhas e muita politização, muita partidarização e isso está a gerar uma situação muito delicada e controversa. Aconselharia mais prudência ao Governo e ao Parlamento para deixar de passar mais legislações”, disse José Ramos-Horta à Lusa.

“Se há situações de total urgência é preferível fazer por decreto-lei, em diálogo entre o Governo e o Presidente, do que estarem a emitir e fazerem leis assim já à última da hora”, vincou.

Desde o início do ano, o Governo aprovou quase 80 atos normativos, com várias leis aprovadas pelo Parlamento Nacional, uma grande parte já depois da marcação da data das eleições legislativas de 21 de maio.

Este mês, o chefe de Estado promulgou 17 decretos-leis, enviados pelo Governo, com vários outros diplomas ainda na mesa do Presidente para serem considerados.

“Precisamente por estas questões é que não tenho promulgado algumas das leis e algumas das solicitações como as referentes à extensão da cesta básica, com a lei eleitoral, e outros diplomas”, referiu.

Moçambique | Onde estão os milhões de dólares para combater a Covid-19? -- entrevista

O Governo moçambicano terá ocultado 565 milhões de dólares que deveriam ser utilizados na resposta à Covid-19, diz o Fórum de Monitoria do Orçamento. Onde está esse dinheiro?

O Fórum de Monitoria do Orçamento (FMO) aponta falta de transparência na gestão dos recursos disponibilizados pela Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida, lançada em 2020 pelo Fórum do G20.

Em entrevista à DW, Dimas Sinoia, pesquisador do Centro para Democracia e Desenvolvimento (CDD) e membro do FMO, pede ao Governo que esclareça rapidamente a aplicação desses recursos destinados ao combate à pandemia da Covid-19, porque muitos deles ainda não terão sido devidamente declarados pelo Governo.

DW África: Onde está o dinheiro da Covid-19?

Dimas Sinoia (DS): As nossas pesquisas apontam para alguns problemas nos reportes que foram feitos. Existe também uma iniciativa de suspensão do serviço da dívida. É uma iniciativa das 14 maiores economias mundiais para aumentar a capacidade de resposta dos países altamente endividados e evitar que esses países entrassem numa situação de incumprimento. 

Moçambique devia utilizar esse dinheiro para investir em áreas sociais e económicas, afetadas pela Covid-19, mas o Governo não deu qualquer informação sobre o destino dado aos valores em questão, e também não informou qual foi o montante total. Estima-se que Moçambique poderá ter poupado cerca de 565 milhões de dólares.

DW África: É possível afirmar que esses 565 milhões de dólares, ou até mais, não foram aplicados corretamente no plano de resposta à Covid-19 em Moçambique?

DS: Antes de se saber se foi aplicado corretamente, importa saber se realmente foi aplicado. Não há informação disponível, pelo menos de fácil acesso, que mostre que esse montante tenha sido aplicado, de facto, como resposta à Covid-19.

Há ainda um dado que cria dúvidas, que é o facto do Ministério da Economia e Finanças ter reportado uma alocação para o setor de Proteção Social menor do que se previa. Tendo em conta o plano de resposta à Covid-19, era suposto receber mais do que todos os outros setores.

DW África: De que forma essa falta de transparência prejudica o país perante os parceiros e credores internacionais?

DS: Esperava-se que o compromisso perante essa iniciativa fosse cumprido. Esta iniciativa só pode ser considerada benéfica se for mesmo empregue para responder às consequências sociais e económicas da Covid-19. 

DW África: Que apelo é que o FMO faz ao Governo neste momento?

DS: Pedimos que haja um relatório abrangente sobre a totalidade das verbas aplicadas para combater as consequências sociais e económicas da Covid-19 e, sobretudo, sobre como foram alocados esses fundos.

Thiago Melo | Deutsche Welle

Moçambique | Indústria extractiva continua a recorrer a trabalho infantil

A província moçambicana de Manica continua a registar casos de empresas que usam a mão de obra infantil em atividades de extração mineira, com destaque para o ouro. Autoridades apelam à responsabilização das mineradoras.

Casos de envolvimento de menores em atividades mineiras foram detetados no passado, durante fiscalizações levadas a cabo pelo departamento especializado da Procuradoria-Geral da República (PGR).

As autoridades dizem que a situação constitui "um desafio" e apelam à responsabilização das mineradoras em questão.

"Primeiro estão os interesses das crianças" 

A procuradora-geral adjunta, Irene Micas, que é também a responsável pelo departamento de combate ao trabalho infantil, salientou em Chimoio, capital provincial de Manica, que é necessário o envolvimento de todos na defesa dos interesses das crianças.

Irene Micas falava no âmbito de um "seminário de monitoria ao trabalho de prevenção e combate às piores formas de trabalho infantil", com destaque para as industrias mineiras de Manica, um dos distritos com maiores jazigos de ouro no país.

"Estamos cientes que o referido trabalho constitui um desafio para todos nós. Todavia, cabe a cada um de nós, o dever de efectuar a sua parte, a bem da defesa dos direitos e interesses das crianças", disse.

Também o procurador chefe da província de Manica, Jorge Pereira Tivane, avançou que decorre um trabalho junto do Ministério Público e outras entidades para a responsabilização das mineradoras que utilizam mão de obra infantil.

"Este trabalho não deve ser feito apenas pelo Ministério Público, é feito também pelo Ministério dos Recursos Minerais, e também pela inspeção mineira, que tem uma delegação a nível da província de Manica", explicou.

"Há penalizações que seguem a sua devida tramitação. Aquelas situações que configuram como crimes são remetidas, para o Ministério Público poder seguir. Não temos números muito expressivos, mas já é uma amostra significativa de que alguma coisa todos nós temos que fazer, cada um dentro das suas competências, no sentido de revertermos essa situação.", apelou Jorge Tivane.

Dia da Juventude: Apostas em Angola para driblar desemprego

Angola celebra hoje o Dia da Juventude, sendo o desemprego a principal preocupação para muitos jovens, que depositam esperança nos jogos de sorte e azar. Analista diz que é sinónimo de que algo não está bem no país.

Apesar de ser uma data em que muitos não se revêm, o 14 de abril é sempre um momento para refletir sobre o estado da juventude angolana. E o desemprego é o principal alvo a vencer por parte desta franja da sociedade, dizem jovens ouvidos pela DW no Bengo.

"Há falta de emprego, também falta educação, há delinquência também. A falta de emprego afeta muito a juventude", lamentam.

Periodicamente, têm se realizado concursos de admissão na função pública, mas a jovem técnica Maria João pede mais: "Os concursos que têm se feito com mais frequência é só na educação e na saúde."

Numa recente declaração aos jornalistas, o Presidente angolano, João Lourenço, reconheceu o problema do desemprego no país e assegurou que vai trabalhar na criação de um bom ambiente de negócios para facilitar a empregabilidade.

"É no setor privado da nossa economia onde vamos encontrar, em definitivo a solução para este problema que aflige o país, das altas taxas de desemprego", disse.

Angola | UM TERRORISTA DE CABEÇÃO E SOTAINA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Aquila non capit muscas (a águia não caça moscas).Eu sei umas coisas de Latim. O meu professor, Dr. Lucas, meteu-me na cabeça que eu devia fazer muitas traduções para ser um latinista. Vai daí traduzi vários textos das Bucólicas. O padre excomungado e terrorista Raul Tati, hoje deputado da UNITA (associação de malfeitores), ousou insultar-me porque recordei aos meus leitores que o seu comparsa Jorge Casimiro Congo teve um percurso idêntico. Roubou os fiéis da Igreja Católica nas capelas de Cabinda. E o dinheiro era usado para proveito próprio (do Congo e do Tati) e para financiar acções terroristas da FLEC.

O padre excomungado e deputado da associação de malfeitores UNITA caiu na asneira de me ameaçar. Sou jornalista há mais de 55 anos, logo, não tenho medo de bandidos. Se fosse de me amedrontar não tinha ficado na profissão 55 minutos. Quando comecei, os perigos eram imensos. Tínhamos a censura prévia, tínhamos a ameaça permanente da PIDE. Tínhamos a repressão patronal. Enfrentei tudo sem virar a cara à luta.

Também quero dizer ao ex-padre e terrorista Raul Tati que não sou mercenário como ele é e ao serviço de muitos donos. Comecei a minha carreira profissional em Angola. Cresci como profissional em Angola. Dei o meu melhor como profissional da Rádio e da Imprensa em Angola. Sou um jornalista angolano que nunca se rendeu, nunca vendeu a sua Pátria, nunca virou a cara à luta.

O ex-padre e terrorista escreve o meu nome com erro de ortografia (Queiróz). A alimária aprendeu latim mas não conhece bem a Língua Portuguesa. Quando se escreve Queiroz (com z) não há lugar ao acento agudo no “o”.  Para mostrar a sua superioridade sobre mim escreveu: Aquila non capit muscas ((a águia não caça moscas). Um  terrorista que roubava dinheiro aos cristãos de Cabinda para encomendar raptos e assassinatos aos bandidos da FLEC não é superior a ninguém. É apenas isso: Um terrorista e traidor. Um homicida. Um assassino tenebroso.

Eu respondo-lhe numa língua que ele deve saber: Nkuvu li lembangana u sombuka mpingu. Literalmente quer dizer “a tartaruga não pode saltar o tronco”. O sentido deste provérbio de Cabinda é este: Raul Tati eu sou muita areia para o teu camião. Não te metas em problemas. Tem cuidado comigo e com o cão.

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