Angola celebra hoje o Dia da Juventude, sendo o desemprego a principal preocupação para muitos jovens, que depositam esperança nos jogos de sorte e azar. Analista diz que é sinónimo de que algo não está bem no país.
Apesar de ser uma data em que muitos não se revêm, o 14 de abril é sempre um momento para refletir sobre o estado da juventude angolana. E o desemprego é o principal alvo a vencer por parte desta franja da sociedade, dizem jovens ouvidos pela DW no Bengo.
"Há falta de emprego, também falta educação, há delinquência também. A falta de emprego afeta muito a juventude", lamentam.
Periodicamente, têm se realizado concursos de admissão na função pública, mas a jovem técnica Maria João pede mais: "Os concursos que têm se feito com mais frequência é só na educação e na saúde."
Numa recente declaração aos jornalistas, o Presidente angolano, João Lourenço, reconheceu o problema do desemprego no país e assegurou que vai trabalhar na criação de um bom ambiente de negócios para facilitar a empregabilidade.
"É no setor privado da nossa economia onde vamos encontrar, em definitivo a solução para este problema que aflige o país, das altas taxas de desemprego", disse.
Apostas em jogos de azar
Enquanto esse momento não chega, há quem deposite esperança nos jogos de apostas desportivas. Guilherme João, por exemplo, passou de apostador a agente de apostas.
"Para os dias que não têm
muitos jogos, a tendência é render pouco, propriamente, recebi salário duas
vezes que deu para levar qualquer coisa
O economista e analista Teixeira de Andrade considera normal a prática de tais jogos. Mas tendo em conta a dimensão a que se assiste nos dias de hoje, é sinónimo de que algo não está bem.
"Estamos na presença de um fenómeno de marginalização da juventude, de uma possibilidade de que não há uma política de proteção social, ou seja, a juventude não consegue olhar para as políticas públicas e criar esperança e ver uma possibilidade de organizar a sua vida, por isso a juventude adere a estes jogos de apostas."
Formação e greves preocupam
A par do desemprego, a formação é outro elemento que preocupa os jovens, já que nos últimos tempos tem-se assistido a muitas greves no setor do ensino.
Por esta altura, vive-se a greve dos professores do ensino superior, lembra a estudante Júlia Tchissaluquila, para quem "é impossível falar de desenvolvimento de um país onde não esteja incluído a educação e a saúde".
"Não é possível falar do andar bem e a normalização de um país onde há educação e saúde com deficiência. São os setores que deveriam ser olhados com mais preocupação e responsabilidade", apela a jovem.
António Ambrósio | Deutsche Welle
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