Benjamim Almeida em 2 de
Abril de 1973 foi para Cangumbe com a unidade que comandava, a Companhia de
Artilharia 6551, guardar as costas de Jonas Savimbi. Servia de apoio logístico
aos “guerrilheiros” do Galo Negro. Não muito longe,
O chefe Savimbi até pedia ao capitão Almeida creme para os pés e botas de cano alto. Era o seu oficial às ordens. Tinha que ser um “miliciano” a fazer este papel porque um oficial do quadro permanente não aceitava descer tão baixo.
Os generais do colonial-fascismo, Luz Cunha e Bettencourt Rodrigues, tinham dado as suas ordens ao jovem comandante da companhia de artilharia aquartelada em Cangumbe: Guarde bem o Savimbi e que não lhe falte nada! Ele cumpriu. Encontrou-se várias vezes com o chefe do Galo Negro e trocaram cartas. O “chefe guerrilheiro” andava na pedinchice. O Tenente Sabino era o mensageiro!
O Capitão Benjamim Almeida, em Maio de 2011, publicou o livro “Angola - O Conflito na Frente Leste” onde homenageia Jonas Savimbi, publicando a correspondência que ambos trocaram. Numa das cartas, o chefe do Galo Negro dizia que era preciso aproveitar a cisão de Daniel Chipenda (Revolta do Leste) “para acabarmos de vez com o MPLA”. O livro foi publicado pela Âncora, Lisboa. Leiam urgentemente, se querem conhecer pormenorizadamente a traição da UNITA ao juntar-se às forças de ocupação contra os combatentes da Luta Armada de Libertação Nacional.
Chegados aqui vamos ao assunto. Os sicários da UNITA fizeram este raciocínio simplório: Os portugueses é que mandam. Têm as empresas, as fazendas, os bancos. A força armada está com os portugueses. Vamos juntar-nos a eles. E juntaram. Savimbi andava a fazer corredores para ser nomeado governador do Moxico. Depois já se contentava com o governo do Bié. E por fim só queria ser o Soba Grande de Cangumbe. Marcelo Caetano publicou um livro (Depoimento) onde qualifica Jonas Savimbi como “um bom rapaz”. Lutou de armas na mão contra a Independência Nacional.
A UNITA colocou-se incondicionalmente ao lado dos independentistas brancos em 25 de Abril de 1974. Savimbi pensava que a força estava ali. Quando Rosa Coutinho expulsou de Angola os dirigentes dessas organizações, o chefe do Galo Negro percebeu que se tinha equivocado mais uma vez. Ofereceu os seus serviços ao ditador Mobutu. Ele aceitou mas pôs os novos aliados no quintal. Faziam o serviço de serventes. À boleia dos “evangélicos” (Bolsonaro, Trump, João Lourenço) abriu um atalho para os EUA. Só tinham trabalho para assassinatos selectivos e destruições.
Savimbi avançou com o Plano B. Em África ninguém é mais forte do que a África do Sul dos Botha! A UNITA vai ser aliada do regime de Pretória. Diga-se em abono da verdade que figuras como António Vakulukuta, Jorge Sangumba, Wilson dos Santos ou os dissidentes Miguel Nzau Puna e Tony da Costa Fernandes nunca viram com bons olhos esta aliança porque era “uma traição aos irmãos africanos” como me disse o próprio padre Vakulukuta, que conheci em Grenoble.
Wilson dos Santos em 1974 era um jovem revolucionário. Tinha estudado nas universidades de Lisboa e Coimbra. Um antifascista e anticolonialista não podia aceitar que o seu movimento se submetesse ao regime racista de Pretória.
Só Jonas Savimbi se sentia bem com a aliança contranatura? Só ele se submeteu ao regime de apartheid? Não. Samuel Chiwale apoiou entusiasticamente o chefe. Muitos jovens que aderiram à UNITA em 1974/75 também alinharam. Pensavam que submetidos aos bóeres racistas tinham o futuro garantido.
Hoje a UNITA é um cancro mortal
no regime democrático angolano. O apoio dos colonialistas está longe, muito
longe. Elites portuguesas ignorantes e corruptas não têm força para colocar o
Galo Negro no poder
Raúl Domingos Gaieto também foi preso. Peixe miúdo. Nelito Ekuikui também tem de ser preso imediatamente, É outro promotor pagador de assassinatos e manifestações violentas. Ele quer assassinar a democracia angolana.
Adriano Júnior é outro matador preso pelas autoridades. Não chega. Adriano Sapiñala é um promotor pagador de manifestações violentas e assassinatos selectivos, Tem de ser preso imediatamente.
E depois destes todos presos, é preciso prender Adalberto da Costa Júnior, o chefe dos sicários da UNITA. Raivoso. Encostou-se aos brancos portugueses colonialistas e sul-africanos racistas. E eles perderam. Entrou na traficância dos diamantes de sangue mas a ONU acabou com o negócio. Prometeram-lhe que ia ser presidente de Angola e nem o deixam presidir sossegado ao Galo Negro. Desesperado entrou no financiamento de manifestações violentas e assassinatos selectivos.
Enquanto os sicários da direcção da UNITA não forem presos e julgados, o assassinato do Professor Doutor Laurindo Vieira fica impune. Só apanharam o peixe miúdo. Os tubarões vão continuar mandar matar, partir, destruir o regime democrático.
* Jornalista
Sem comentários:
Enviar um comentário