sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Angola/EUA | Verdade e Mentira É Igual – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Na cidade de Khan Younis a ONU criou um centro de formação profissional. Ontem os nazis de Telavive bombardearam as instalações e mataram quem lá estava, inclusive funcionários das Nações Unidas. Como o secretário-geral António Guterres não obedece às ordens do estado terrorista mais perigoso do mundo, não aceita o genocídio contra a população da Faixa de Gaza, eles matam os funcionários!

Um dirigente do ANC num discurso empolgado dizia a milhares de jovens sul-africanos que bombardear hospitais é um crime de guerra mesmo que nesse hospital esteja refugiado ou escondido o presidente do HAMAS. Bombardear um campo de refugiados é crime de guerra mesmo que entre os refugiados estejam escondidos combatentes do HAMAS. Bombardear lugares de culto é um crime de guerra mesmo que estejam lá dentro combatentes do HAMAS disfarçados de crentes. Bombardear escolas e universidades é um crime de guerra horrendo mesmo que entre os alunos estejam combatentes do HAMAS. 

Como eu gostava de ouvir um dirigente do MPLA fazer discurso idêntico. Porque quando os colonialistas bombardeavam as nossas aldeias com napalm e bombas químicas (desfolhantes) os amigos do Povo Angolano condenavam esses crimes de guerra. E reforçavam o apoio ao MPLA. Quando a força aérea dos racistas de Pretória e Salisbúria (Harare) estava ao serviço das tropas portuguesas no Leste de Angola, os amigos do Povo Angolano e do MPLA mandavam mais armas para nos defendermos. 

Em 1974, quando as tropas de Mobutu, do ELP (fascistas portugueses) mercenários de várias nacionalidades e oficiais da CIA invadiram e ocuparam o Norte de Angola, os amigos do MPLA e do Povo Angolano denunciaram essas agressões. E ajudaram a combater os invasores. Muitos derramaram o seu sangue em defesa da Pátria Angolana. Só assim foi possível conquistar a Independência Nacional. Os povos amantes da paz e da liberdade ajudaram a derrotar os EUA e seus aliados em Angola. Particularmente os racistas de Pretória e os sicários da UNITA, seus matadores às ordens.

Hoje o assassino Blinken entra no Palácio da Cidade Alta como se estivesse em casa. Este ultraje é muito pior do que entrar de novo um governador-geral. Não venham dizer que Angola tem relações diplomáticas com os EUA e por isso é normal que o secretário de Estado seja recebido pelo Chefe de Estado. Não é normal. Porque até hoje Washington nunca pediu desculpas por ter comandado o extermínio de milhões de angolanos. E agora apoia o genocídio de Israel na Palestina.

Os criados do chefe Miala nos Media garantem que o assassino Blinken está em Angola para os EUA colaborarem no desenvolvimento do nosso país. Isto é um insulto ao Povo Angolano. Apresentem um só projecto de desenvolvimento liderado pelos EUA em África. Só quero um. E não me venham com a conversa do Corredor do Lobito. Isso é um roubo escandaloso. Uma ladroagem ignóbil. Deixo aqui um aviso. A mão da Lei pode chegar tarde mas vai chegar. Os ladrões vão pagar.

Ismael Mateus tem uma ligação antiga ao poder, seja ele qual for. Comeu em grande no tempo do partido único. Na mudança de regime sentou-se ao mesmo tempo em duas cadeiras, coisa que até ele era impossível. Fingiu “oposição” ao Presidente José Eduardo dos Santos. Mas comeu mais do que nunca. Até lhe deram dinheiro para brincar aos jornais em Benguela. Depois de torrar milhões teve o bom censo de fechar aquilo porque sabe tanto de jornais e de Jornalismo como de otorrinolaringologia.  

Ismael Mateus é “conselheiro” de João Lourenço. Por isso tem especiais responsabilidades. Escreveu no Jornal de Angola, sobre o sector da Justiça: “Pouco importa já saber se as notícias são verdadeiras ou falsas. A quantidade de notícias negativas que são publicadas sem desmentidos, sobre irregularidades, ilegalidades e comportamentos pouco recomendáveis que envolvem juízes  ou acontecem nos tribunais, não deveriam deixar ninguém indiferente”.

Os chefes Miala e Pita Grós põem a criadagem a publicar mentiras, assassinatos de carácter, intrigas, difamações. E Ismael Mateus diz que não interessa se isso é verdade ou mentira! O que conta é a quantidade. Se o chefe Miala despachar umas dezenas de notícias falsas a Justiça está péssima. E aí ninguém pode ficar indiferente. 

Pensei que mais lá para a frente, Ismael Mateus ia justificar o discurso tresloucado. Mas foi pior. Repetiu isto: “Queremos deixar claro que a questão já deixou de ser se as notícias são verdadeiras ou falsas. O facto indesmentível é que as persistentes informações sobre casos e escândalos minam a confiança dos cidadãos na Justiça”. Venham daí as mentiras. Atirem com os Tribunais para o lixo. Apresentem os magistrados judiciais como bandidos. Se é verdade ou mentira não interessa. O que importa mesmo é que essas aldrabices infames circulem a alta velocidade no esquema montado pelo chefe Miala. Com o apoio da Procuradoria-Geral da República.

O conselheiro (quem tem conselheiros assim não precisa de inimigos…) do Presidente João Lourenço ainda dá mais um passo gigantesco para mostrar que é um leproso moral. Escreve isto: “Há espaço para o reforço do Conselho Superior da Magistratura como entidade disciplinadora e fiscalizadora dos crimes. Infelizmente, com os interesses corporativistas instalados e com os jogos de interesse na composição e nomeação dos membros desse Conselho, não é de todo expectável que possamos ter uma actuação firme, independente e capaz de devolver a confiança aos cidadãos”. Entreguem tudo ao chefe Miala. Os magistrados judiciais não prestam. Não são de confiança

A “má publicidade” contra os nossos juízes tem que acabar, diz Ismael Mateus. Pois tem. Se ele deixar de escrevinhar no Jornal de Angola e limitar-se a contar o dinheiro que saca sem fazer nada. Porque a vida dele foi sempre bué de bocas e já está. Ganha mil vezes mais do que um inspector da Inspecção Geral da Administração do Estado.

* Jornalista

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