segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Portugal | Vimos aqui falar de uma coisa que nos anda a atormentar: o jornalismo

Bom dia e boa semana que temos pela frente. Atrás de nós, plebeus lusos, correm os vendedores de banha da cobra eleiçoeiros. Mentiras em barda. Falsidades com o selo dos universitários 'dótores' que se vendem como sábios de tramas políticas, económicas, financeiras e corruptivas. Eles é que sabem. Eles é que têm os livros. Claro que podem correr atrás de nós, plebeus lusos, tesos lusos, explorados lusos mas têm muitos desses que nem por sombras apanham. Portanto a esses não os enganam. A esses e a essas. Parlem, parlem... Palavras que entram a cem e saem a duzentos. Zuca! Lá vão de escorrega para o lugar certo, a pia dos despejos putrefactos e mal cheirosos. Adiante.

Hoje podíamos aqui falar de uma coisa que nos anda a atormentar: o jornalismo. Essa classe profissional que tanto admiramos (às vezes imerecidamente) mas que no computo geral faz das tripas coração para nos fazer chegar trabalho asseado, com dignidade. Obrigado. Continuem e abram bem a pestana.

Aconteceu o quinto congresso da arte daquela profissão, o jornalismo. É disso que se trata na abordagem do Expresso Curto. A divulgação foi merecedora de cobertura nas televisões. Todas elas. Umas a martelo e outras com trato de pinças e plumas. Opções. Para os plebeus é só saber escolher. O que nem sempre sabem. Natural. Chafurdar na trampa deve de dar gooozo. Vide os recos e os Grunhos. Flagrante evidência. Adiante.

Três parágrafos volvidos e acabámos por nada escrever/dizer com interesse e esclarecimento. Não faz mal. Também existem os que consomem palha. É o que dizem os tais sábios. Estudam essas coisas mirabolantes e tudo. Ora bem.

Vamos de abalada. Que se lixe.

Bom dia e uma lata de salsichas para petisco. Já não é mau, também dizem os sábios, jornalistas e não só - que andam atrás do André Ventura e do Chega em procissão ou fila de pirilau.

Alinhemo-nos. Vamos para o Curto. Já! A seguir.

Boas farófias. Cousa de pobretanas. Mas muito boas, apesar de não saberem a nada nem alimentarem nada. Que se lixe, fome é connosco.

Deixamos-vos aqui em baixo a foto preferida (são tantas) de um grande nosso amigo, o BB, jornalista gigante, à séria, sempre. Que apesar de já não estar por cá ainda o sentimos connosco. Obrigado Armando, por tudo. Baptista Bastos, sempre!

Redação PG

JORNALISMO, SEMPRE

Pedro Lima, editor-adjunto de economia | Expresso (curto)

Bom dia,

Terminou ontem o quinto congresso dos jornalistas, que decorreu em Lisboa durante quatro dias.

“Débora Henriques, 40 anos, quase metade como jornalista na rádio e na televisão. Recentemente despedi-me e suspendi a carteira profissional na sequência de um burnout. Decidi mudar de vida porque a profissão que escolhi se tornou um amor não correspondido e estava a matar a minha sanidade mental. A pressão, a ansiedade, a falta de tempo para pensar, para planear, para escolher as melhores palavras e a melhor forma de contar uma história, a falta de critério e de debate sobre o ângulo, sobre a abordagem, tudo isto estava a matar-me”.

“O meu nome é Maria Monteiro, tenho 29 anos e sou jornalista de imprensa há quase oito, entrei no mercado de trabalho com mudança de cidade e falsos recibos verdes, na altura aceitei porque estava na idade de todos os sonhos mas os meses e as contas vinham e o que acabou por vir foi uma depressão que trouxe consigo a ansiedade. Neste tempo todo apenas tive um contrato de trabalho e foi a substituição de uma colega. A ansiedade, essa, permanece comigo até hoje”.

Estes foram dois testemunhos dos muitos que foram ouvidos ao longo desses quatro dias. Foram dias em que a palavra “precariedade” se fez ouvir muitas vezes, intervalando os muitos painéis que discutiram a profissão de jornalista. Tendo já sido identificados os problemas, discutidas as causas, aventadas muitas soluções, faltam consensos para as escolher e aplicar – esta foi, claramente, outra das conclusões desses quatro dias.

Permitam os leitores que se continue aqui a escrever em causa própria para citar o diretor do Expresso: “Se não lutarmos juntos vamos morrer sozinhos”, disse João Vieira Pereira no sábado, durante o painel “Financiamento do jornalismo de imprensa e online”, onde apelou à união entre as empresas de comunicação social para resolver os muitos desafios que têm em mãos.

Falou-se de muita coisa no congresso, mas a situação da Global Media acabou por ser um tema transversal, numa altura em que os trabalhadores da área da imprensa deste grupo – Jornal de Notícias (JN), Diário de Notícias (DN) e O Jogo – continuam sem receber o salário de dezembro, há poucas perspetivas para receberem a remuneração de janeiro a tempo e horas, não restando outra hipótese que não seja ameaçar avançar com a suspensão dos contratos de trabalho (DN e O Jogo) e com uma greve por tempo indeterminado (DN) caso o pagamento dos salários de dezembro não seja regularizada até 31 de janeiro.

Há também situações que os trabalhadores deste grupo querem que sejam investigadas, que dizem respeito a alegadas transferências de dinheiro para empresas e familiares dos gestores executivos – três dos quais já se demitiram, restando José Paulo Fafe, o presidente executivo, que pedem também que vá pelo mesmo caminho. Isto enquanto se tenta chegar a um acordo entre acionistas, em que o principal, maioritário, é um fundo de investimento do qual pouco se sabe, para resolver o futuro do grupo, que já conta com sete propostas de compra ou manifestações de interesse mas que também conta com uma guerra de acionistas que urge resolver. Falta também aqui consenso entre acionistas – e sobretudo perceber, ainda e sempre, quem está por trás de um investimento feito através de um fundo registado num paraíso fiscal e quais as suas intenções.

A relação entre a extrema-direita e o jornalismo também esteve em debate. Tal como o tema da importância da Lusa e de uma eventual oferta dos seus conteúdos a todos os órgãos de comunicação social em Portugal. Ainda ‘mexe’ o fracassado negócio de venda das posições da Global Media e da Páginas Civilizadas, empresa que a controla, na agência de notícias. O deputado do PSD Joaquim Sarmento, disse no sábado que o Governo queria que o Estado comprasse aquelas posições da Lusa à pressa, sem esclarecer aspetos como a governação da agência e o acionista a quem ia adquirir a participação. Foi num painel onde os representantes dos maiores partidos portugueses, com a exceção do Chega, que cancelou a participação, apresentaram as suas visões sobre os problemas da comunicação social.

Nota final: há muitas profissões precárias em Portugal, com muitas pessoas a trabalhar muito e a ganhar muito pouco, histórias que os jornalistas têm noticiado desde que há quase 50 anos foi derrubada a ditadura do Estado Novo. São histórias que devem – e têm de – continuar a ser noticiadas, enquanto se verificarem essas situações. Mas neste momento, e pelos mesmos motivos, como se viu pelos testemunhos que percorreram o congresso, os jornalistas também estão – e assim continuarão – a precisar de ser notícia: e assim o congresso terminou com a convocação de uma greve geral, em data a determinar pelo Sindicato dos Jornalistas.

OUTROS ASSUNTOS

Convenção da AD O líder do PSD, Luís Montenegro apresentou as propostas do partido no enceramento da Convenção da Aliança Democrática (AD): um programa de emergência para a saúde, o acesso universal e gratuito a creches e ao ensino pré-escolar, até aos 6 anos, e a promessa de “valorização do estatuto remuneratório” e das “condições” de trabalho das forças de segurança. E parece ter convencido quem andava pouco entusiasmado com a sua prestação política, pelo menos a julgar pela análise de Luís Marques Mendes. O ex-presidente do PSD disse no seu comentário habitual dos domingos na SIC que após dois lançamentos pouco mobilizadores da coligação que une PSD, CDS e PPM, esta terceira sessão mostrou “iniciativa política”. Anunciou também que, pelo PS, Mariana Vieira da Silva será a cabeça de lista por Lisboa, Ana Catarina Mendes por Setúbal e Alexandra Leitão por Santarém.

Pode ler aqui quais foram as figuras e os temas que marcaram a convenção da AD: Santana, Portas, radicalismos, impostos foram alguns deles, neste que foi um momento também de alguma recuperação de iniciativa por parte do CDS, com os discursos de alguns pesos-pesados como o atual líder, Nuno Meloo ex-líder Paulo Portas e a ex-deputada Cecília Meireles.

Iniciativa Liberal Em doze meses de liderança de Rui Rocha, a Iniciativa Liberal perdeu mais de 40 membrospor “divergências ideológicas”, acusações de “nepotismo” e “falta de democracia”.

Polícias em protesto Um protesto das forças de segurança juntou centenas de agentes diante do Palácio de Belém, em Lisboa. E os polícias vão manter a contestação: estão agendadas manifestações para Lisboa, a 24 de janeiro, e para o Porto, a 31 de janeiro.

Bloco de Esquerda A líder do Bloco de Esquerda apresentou o programa eleitoral do partido, com 10 áreas que vão da habitação à saúde, da educação à corrupção. Mariana Mortágua desafiou todos os partidos a fazerem o mesmo antes dos debates eleitorais.

Guerra na Ucrânia 698º dia da invasão russa: a Ucrânia atacou ontem um terminal de gás russo, a Rússia acusou Kiev de “ato terrorista bárbaro”.

Terceira guerra mundial? O primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, disse que o seu país vetará a entrada da Ucrânia na NATO, por considerar que a adesão pode significar o início da Terceira Guerra Mundial.

Guerra no Médio Oriente O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, rejeita a paz imposta por Israel “apenas por meios militares”, defendendo que deve assentar numa solução de dois Estados. E os ministros dos Negócios Estrangeiros palestiniano e israelita são recebidos esta segunda-feira em Bruxelas pelos homólogos europeus. São alguns dos últimos acontecimentos do conflito que opõe Israel ao movimento palestiniano islâmico Hamas.

Eleições nos EUA O governador do estado norte-americano da Florida, Ron DeSantis, suspendeu este domingo a campanha para as eleições primárias republicanas, em vésperas da votação no estado de New Hampshire, e anunciou que apoia o ex-presidente Donald Trump.

Fábrica chinesa A chinesa CALB iniciou o licenciamento ambiental do seu projeto para construir uma fábrica de baterias para carros elétricos em Portugal, no concelho de Sines, com um investimento estimado de 2060 milhões de euros.

Baixas As baixas médicas poderão ser emitidas em serviços de urgência e no setor privado e social a partir de 1 de março, altura em que entram em vigor novas regras nesta área, anunciou o Governo.

Sentença de burla Vai ser lida esta segunda-feira a sentença de uma mulher que simulou ter cancro e à custa disso pediu dinheiro para tratamentos e uma cirurgia que nunca aconteceram. Anabela Cardoso é acusada do crime de burla através do qual ficou com 57,8 mil euros do ex-namorado e dos utentes de um lar de idosos onde trabalhava como assistente social.

FRASES

“O povo português, o povo de Cascais não é um povo estúpido, não alinha em movimentos e propostas extremistas, populistas que não têm nenhuma consistência, nenhuma confiabilidade” – Carlos Carreiras, presidente da câmara de Cascais e ex-dirigente do PSD

“Não estava à espera. Mas vira-se uma página, abre-se outra” – Duarte Pacheco, deputado do PSD que está de saída do Parlamento

O QUE ANDO A LER

“De estafeta a CEO as decisões que constroem uma liderança” é a história contada na primeira pessoa pelo fundador da Doutor Finanças, empresa de intermediação de crédito que promove a literacia financeira. Rui Bairrada começou a trabalhar como estafeta no Deutsche Bank e foi subindo até se tornar coordenador na área de parcerias no banco. Após doze anos a trabalhar na banca decidiu então abraçar o empreendedorismo criando um negócio na área das finanças pessoais.

O livro propõe-se ser um exercício de partilha, procurando explicar como é gerir esta empresa e inspirar quem o vier a ler a “encontrar o melhor de si, dos outros, da vida”. E divide-se em vários capítulos encabeçados por perguntas e com dicas práticas. É sempre possível ter orgulho no nosso trabalho? Quem mexe com dinheiro também tem coração? Tem um plano de negócios à prova de uma pandemia mundial? E quem não liderar com afetos não vai passar da cepa torta? São algumas das 25 questões que nos coloca.

Logo na introdução e sem medo das palavras o gestor faz uma ‘declaração de amor’ aos que com ele partilham a direção da empresa: “Apenas sei que os amo. Porque são família. Porque se tornaram irmãos (e irmã), numa casa de todos, governada por um amor que se sublima a cada passo que damos juntos”.

PODCASTS A NÃO PERDER

No Expresso da Manhã de hoje, Paulo Baldaia conversa com as jornalistas Joana Pereira Bastos e Helena Bento, que fizeram a manchete do Expresso desta semana com uma notícia sobre o fentanil, a droga que mata mais de 100 mil pessoas por ano nos Estados Unidos. Por cá, e apesar dos números, a circular da Direção-Geral de Saúde /DGS) sobre o uso de medicamentos opióides é de 2008 e considera que “não se confirmam os receios de tolerância e da adição induzidos por este medicamento”. Pressionada pela manchete do Expresso, a DGS anunciou que, “tendo por referência os dados epidemiológicos e evidência científica disponíveis”, vai rever essa circular.

Na convenção da Aliança Democrática, este fim de semana, faltou o Partido Popular Monárquico, do ator Gonçalo da Câmara Pereira, o que leva o humorista Ricardo Araújo Pereira a achar que a AD é "um conjunto de três pessoas composto só por duas". Será que AD, para o líder do PPM, significa "Andor Daqui"? No Isto É Gozar Com Quem Trabalha desta semana, Ricardo Araújo Pereira explica o fenómeno Gonçalo "não apareças à frente" da Câmara Pereira.

Luís Marques Mendes não crê que a TAP vá tirar muito mais votos a Pedro Nuno Santos, mas considera que o tema é uma sombra que vai pairar sobre o candidato do PS a primeiro-ministro: "Viu-se esta semana, com questões sobre a TAP, se tinha ou não tinha incompatibilidades, se o contrato estava ou não estava bem feito, se Pedro Nuno Santos viu ou não viu". Oiça o podcast.

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