sexta-feira, 28 de junho de 2024

RECONCILIAÇÃO DE CABIDELA -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Lá vou repetir a lição dos porcos. Desde que vi três jingulo andarem de bicicleta pensei que nada mais me surpreendia. Estava eu debaixo de uma árvore frondosa em Pequim, comendo uma melancia madurinha. E de repente um chinês magrinho passou montado na sua bicicleta. Levava um porquinho amarrado no guiador, outro no ferro do quadro e um terceiro no suporte traseiro. Três porquinhos andando de bicicleta.

Muitos anos antes os meus limites da credulidade tinham sido testados. Fui buscar um garrafão de água à fonte junto do rio Dange, montado na minha bicicleta de pneus largos. Quando descia do Bindo para casa, o veículo ganhou embalagem. Tinha acabado de cair um aguaceiro tremendo e na baixa estava acumulada muita água. Os porcos andavam lá a tomar banho na lama. Como não tinha travões entrei em alta velocidade no lamaçal. Estampei-me. Os porcos fugiram esbaforidos e levaram às costas a minha bicicleta. Vi uma bicicleta andar de porco. Até àquela tarde de Pequim jurei que nunca mais nada me surpreendia.

Falso alarme. O estado terrorista mais perigoso do mundo convocou todos os vassalos para votarem na ONU contra a operação especial da Federação Russa que tem como objectivo desnazificar e desarmar a Ucrânia. Quando vi o nome de Angola entre os votantes que condenaram a política de Moscovo fiquei admiradíssimo. Já tinha esquecido a lição dos porcos que andam de bicicleta e a minha bicicleta que andou de porco.

Generais das Forças Armadas Angolanas publicaram livros que tratam da Guerra Pela Soberania Nacional e a Integridade Territorial. Mas também da rebelião armada iniciada por Jonas Savimbi quando perdeu as eleições em 1992. Mais um conflito sangrento e particularmente destrutivo. Ao longo de dez longos anos arrasaram a autoridade do Estado nas províncias ocupadas. Destruíram instalações públicas e equipamentos sociais essenciais. Mataram milhares de civis indefesas. Escorraçaram milhões de angolanos do interior para Luanda e outras cidades do litoral. 

Neste período existia a Troika de Observadores constituída por representantes de Portugal, Rússia e EUA. O estado terrorista mais perigoso do mundo já não podia armar, financiar e municiar as tropas da UNITA. Pelo menos à vista desarmada. Uma guerra que durou dez anos custou milhões. Quem pagou? Os diamantes de sangue roubados por Savimbi e seus sicários ao Povo Angolano. O dinheiro sujo dos EUA, das grandes potências ocidentais e dos restos do regime de apartheid. Pagaram por baixo da mesa. Uma guerra de dez anos precisa de muita arma, muito combustível, muitas munições, muito equipamento. Quem forneceu?

Leiam o livro do General Matias Lima Coelho (Nzumbi o General de Todas as Frentes) está lá a resposta clara e brutal. O autor denuncia o papel da Ucrânia, recentemente independente, na rebelião armada dos sicários da UNITA. Está lá tudo. No início da guerra aviões ucranianos aterravam todos os dias n Bailundo com carros de combate, armas pesadas e ligeiras, combustíveis, munições e todos os equipamentos necessários à guerra contra o Povo Angolano.

O criminoso de guerra Jonas Savimbi foi expulso do Bailundo e mudou o seu bando para o Andulo. Os traficantes ucranianos (tráfico de Estado) trataram de construir uma grande pista para aterragem dos grandes aviões de carga. O tráfico de armas e munições continuou até ao dia em que as Forças Armadas Angolanas escorraçaram os criminosos de guerra do Andulo. A pista está lá para que ninguém esqueça a traição do Galo Negro e dos ucranianos.

Hoje a Ucrânia continua a ser o estado mais corrupto do mundo. E lidera o tráfico de armas. Porque o país nunca teve um tão grande arsenal como tem o governo de Zekensky. A situação é muito grave. Os nazis de Kiev estão a fornecer, no mercado negro, grupos terroristas e mafiosos. Armas modernas de alta tecnologia saem dos arsenais de Kiev para as mãos dessas forças em África, Ásia, Médio Oriente e América Latina.

O Presidente da Nigéria, Bola Ahmed Adekunle Tinubu, fez esta declaração: “A situação na região do Sahel e o conflito na Ucrânia são as principais fontes de armas e combatentes para as fileiras dos terroristas. Grande parte das armas e munições adquiridas para a guerra na Líbia chegam ao Sahel. Chegam à região as armas fornecidas à Ucrânia”.  

A Fundação da Luta Contra a Injustiça denunciou recentemente que a Ucrânia vende no mercado negro grandes quantidades de munições e obuses de artilharia, principalmente fornecidos pela República Checa Estados Unidos da América. Capacetes e coletes anti-bala fornecidos pela Noruega, Polónia e EUA. Dispositivos de visão nocturna (EUA) e outos equipamentos que deviam estar na Ucrânia e estão nas mãos de grupos terroristas e mafiosos.

Na “DarkNet” estão à venda toneladas der armas desviadas da Ucrânia. Os traficantes aceitam pagamento em “bitcoins” e outras criptomoedas. As armas saem de Odessa, Mykolaiv e Izmail em navios supostamente carregados de cereais. A Ucrânia, ao nível do governo, aproveita-se do acordo de exportação de grãos para reexportar ilegalmente as armas ocidentais. 

O repórter norte-americano Russell Bentley fez esta denúncia: “Todos sabem que o corredor dos cerrais é a principal via para reexportar armas. Querem que os navios saiam de Odessa sem inspecção no Mar Negro. Os ucranianos carregam 100.000 toneladas de armas num navio e por cima colocam 50.000 toneladas de cereais. Depois dizem: Esta é uma missão humanitária. As armas vão da Ucrânia para todo o mundo. Terroristas e criminosos usam-nas para matar pessoas inocentes”.

Antony Blinken sabe disto mas ajuda os traficantes e pergunta: “Com que direito e segundo que lógica a Federação Russa insiste em inspeccionar os navios soberanos ucranianos que saem dos portos ucranianos e se dirigem a outros países? Não faz sentido”. O tráfico de armas é um negócio muito lucrativo para o estado terrorista mais perigoso do nundo (EUA). As armas desviadas da Ucrânia disparam no México (cartéis da droga), na Líbia, Síria e Iraque. Se investigarem bem, vão ver que os bandidos da FLEC são armados pela Ucrânia. Como foi armado e municiado o criminoso de guerra Jonas Savimbi. Por isso hoje temos uma reconciliação de cabidela à Galo Negro.

Um número arrepiante. Apenas 30 por cento das armas enviadas para a Ucrânia chegam à frente de combate. Os outros 70 por cento vão para o negócio que rende milhares de milhões! Zekensky e seus ministros recebem mundos e fundos. 

* Jornalista

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