sábado, 15 de junho de 2024

Tortuosidades do Direito Internacional -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A OTAN (ou NATO) vai supervisionar a formação das tropas na Ucrânia e coordenar o envio de armamento. Não é entrar na guerra. É reforçar o apoio à autodefesa da Ucrânia”. Estas palavras são do secretário-geral da aliança militar ofensiva, agressiva e reaccinária, Jens Stoltenberg. Para os falcões somos todos burros e carne para canhão. Dizem que a Federação Russa quer conquistar toda a Europa e ao fazer a guerra na Ucrânia está a aproximar-se das fronteiras da União Europeia. Mas as armas do bloco militar é que se aproximaram das fronteiras russas desde os países bálticos à Finlândia.

Os políticos do ocidente alargado dizem que está em causa o Direito Internacional. Os russos agrediram a Ucrânia. Não se pode admitir a agressão! Isso de agressões, invasões e ocupações são exclusivos do estado terrorista mais perigoso do mundo. 

Em 1961, os aviões que mataram milhares de famílias camponesas no Norte de Angola eram norte-americanos, os PV2 e os T6. As bombas que destroçaram milhares de mulheres e crianças angolanas nas sanzalas entre o Dange e a fronteira de Kimbata eram fabricadas e fornecidas pelos EUA. Genocídio. Não ouvi ninguém falar em Direito Internacional. Ninguém levantou a voz em defesa do Povo Angolano.

Os paraquedistas portugueses que fizeram operações especiais em Angola eram tropa da OTAN ( ou NATO) armada, equipada e municiada pelo bloco militar. Esses militares eram transportados em aeronaves da África do Sul e da Rodésia de Ian Smith (Zimbabwe), regimes racistas que apoiaram os colonialistas portugueses, que por sua vez inventaram a UNITA. Isso de Direito Internacional não tem nada a ver com as chanas e matas do Leste de Angola. Com a selva tropical da Ferente Norte, Dembos (I Região) e Cabinda (II Região).

Os EUA invadiram e ocuparam o Vietname longos anos. Bombardearam aldeias com napalm. Queimaram crianças e mulheres. O Direito Internacional não entra nas selvas asiáticas. Os vietnamitas não tiram o sono aos professores universitários que hoje recebem uns trocos para venderem a alma ao estado terrorista mais perigoso do mundo.

O Direito Internacional virou a cara para o lado quando o estado terrorista mais perigoso do mundo desencadeou as “primaveras árabes” e as “revoluções coloridas”. Tropas da OTAN (ou NATO) destruíram a Líbia, o país africano mais desenvolvido e um dos mais desenvolvidos do mundo. Assassinaram o presidente Kadhafi. Roubaram os fundos soberanos líbios. Roubam o petróleo. Obrigam milhares de pessoas da região a enfrentarem os perigos do Mediterrâneo para não morrerem de fome. Sacana do Direito Internacional estava de olhos vendados quando mataram um chefe de Estado e destruíram um país soberano.

O Direito Internacional é malandro. Piscou o olho aos independentistas dos Balcãs. A OTAN (ou NATO) destruiu a Jugoslávia, um Estado Soberano que deu um contributo decisivo para derrotar as tropas de Hitler e seus aliados. Os Partisans eram liderados pelo Marechal Tito e lutaram contra os invasores nazis quando a Alemanha ocupou o país. Organizaram-se nas técnicas da guerrilha. Venceram! OTAN e o estado terrorista mais perigoso do mundo destruíram o país. Mataram milhares de civis inocentes. Até bombardearam a Embaixada da República Popular da China em Belgrado. Tudo porque o estado terrorista mais perigoso do mundo decidiu colocar bases militares na região. 

Camp Bondsteel é a principal base militar dos Estados Unidos da América (Comando da KFOR) no Kosovo. A maior do mundo fora do território norte-americano.  Serve como sede da OTAN e do Grupo Oriental do KFOR. 

Os professores de Direito Internacional andam aos papéis. Não sabem se aquilo foi agressão, ocupação, destruição ou diversão. Quando cheguei à Universidade fiquei muito desiludido. O horizonte em Coimbra entrava-me pelos olhos. Aquelas ladeiras complicavam-me os nervos. Os professores cheiravam a bolor, arrotavam doutorismo e eram mais fascistas do que o Salazar. Hoje são ainda piores.

Conflito insanável. Acabei refugiado no Jornalismo a reportar os casos do dia. Então descobri que Luanda é uma cidade propensa aos crimes passionais. Fiz várias reportagens que o comprovam. Pensava que iam entrar na História e afinal, no dia seguinte à publicação, só serviram para embrulhar peixe seco, assados de batata-doce e mandioca, paracuca e docinhos que a Mana Benvinda cozinhava de madrugada.

O estado terrorista mais perigoso do mundo descobriu que o Iraque tinha temíveis armas de destruição maciça. Vai daí, com o apoio do Direito Internacional invadiram o país. Destruíram o Iraque. Mataram mais de meio milhão de civis inocentes. Causaram dois milhões de deslocados e refugiados. Roubam o petróleo, até hoje. Para a invasão, marionetas ridículas como Durão Barroso juraram a pés juntos que viram as provas da existência de armas de destruição em massa. O secretário de Estado Colin Powell pediu perdão por ter mentido na ONU. O Direito Internacional foi beber um copo.

Na Síria, o estado terrorista mais perigoso do mundo criou um “estado democrático” mesmo à mão dos campos petrolíferos. Há nesse território ocupado um campo de concentração com mais de 40.000 mulheres e crianças, de várias nacionalidades. Estão prisioneiras porque são familiares de “terroristas”. O Direito Internacional e os professores que recebem uns trocos para defenderem os nazis de Kiev não sabem de nada. Nunca viram nada.

Ao lado, na Palestina, o Direito Internacional não brinca. Israel nem consegue respirar. Ao mínimo genocídio levam logo o troco. Coitadinhos dos nazis de Telavive. Estão sempre a ser chamados à pedra. Nunca se viu nada assim.

A Fundação Doutor António Agostinho Neto guarda um património único. A gestão desses ficheiros e arquivos exige acesso à Internet. As empresas AAA foram expulsas da sua sede na Praia do Bispo. A Fundação também foi despejada. E agora os seus funcionários não têm condições para trabalhar. A destruição da nossa memória colectiva continua imparável. Graças ao Presidente João Lourenço e ao seu amor à História.

* Jornalista

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