Integração regional ganha apoio em todo o Sul global

Yaroslav Lissovolik* | InfoBrics | opinião | # Traduzido em português do Brasil

Em períodos recentes, pesquisas de opinião regionais em diferentes partes do Sul Global sugerem que parece haver um apoio crescente à cooperação econômica regional e à integração regional. Uma olhada nas pesquisas de opinião conduzidas em todas as principais partes do mundo em desenvolvimento – América Latina, África, Ásia – revela um nível relativamente alto de apoio à integração regional, mesmo que a forma atual da construção da governança global seja cada vez mais posta em dúvida. A seguir, examinamos as principais pesquisas conduzidas na América Latina, África e Ásia sobre o apoio da população e dos círculos empresariais às iniciativas de integração regional e às organizações regionais.

Na América Latina, um novo estudo realizado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) (Instituto para a Integração da América Latina e do Caribe (INTAL) do Setor de Integração e Comércio do BID) em parceria com a empresa Latinobarómetro mostrou que 79% dos latino-americanos apoiam a integração de seu país com outros países latino-americanos, o nível mais alto desde que esses dados começaram a ser coletados.

O estudo também revela que níveis mais altos de educação estão associados a um maior apoio à integração regional – o apoio à integração regional atingiu 87% entre os entrevistados com educação universitária completa. Atitudes positivas em relação à integração econômica são maiores entre os entrevistados mais jovens, que por sua vez dão maior importância às oportunidades fornecidas pela integração para estudar ou trabalhar no exterior.

Para um total de 61% dos entrevistados, a pergunta “O que significa integração regional?” foi associada a mais emprego, para 56% a mais tecnologia, para 52% a salários mais altos, para 50% a oportunidades de estudo ou trabalho em outros países, para 46% ao acesso a uma maior variedade de produtos e para 40% ao acesso a bens mais baratos.

Em uma das regiões de crescimento mais rápido da economia mundial e o principal bloco regional na Ásia, a saber, a ASEAN, as opiniões entre os estados-membros apontam para uma avaliação cada vez mais positiva da ASEAN. A mais recente Pesquisa sobre o Estado do Sudeste Asiático de 2024 (SSEA 2024) do Instituto ISEAS-Yusof Ishak reuniu a avaliação dos entrevistados sobre o desempenho da ASEAN no ano passado – os resultados da pesquisa sugerem que “quando comparada a outros países/organizações regionais, a ASEAN tem um desempenho relativamente bom. Na verdade, ela teve um aumento significativo nas percepções positivas este ano”.

Com relação à pergunta “Em quem você tem mais confiança para defender a agenda global de livre comércio?”, 29,7% dos entrevistados em 2024 nomearam a ASEAN, um aumento significativo em comparação a 2023, quando o número era de 23,5%. O aumento correspondente para a China chegou a 3,7 pontos percentuais, para 18,5% em 2024. Além disso, 58,4% dos entrevistados saudaram a crescente influência política e estratégica regional da ASEAN.

Ao responder à pergunta “Na sua opinião, qual país/organização regional tem mais influência política e estratégica no Sudeste Asiático?”, 20% dos entrevistados optaram pela ASEAN, quase 7 pontos percentuais a mais do que em 2023. A avaliação positiva da China também aumentou – de 41,5% em 2023 para 43,9% em 2024.

Na África, de acordo com a Pesquisa de Comércio de CEOs da Paftrac Africa de 2024 lançada pelo Comitê de Comércio e Investimento do Setor Privado Pan-Africano e de Negócios Africanos (Paftrac), mais de 50% das empresas da África expressaram a opinião de que a Área de Livre Comércio Continental Africana (AfCFTA) teria um efeito positivo. No início de 2019-2021, as pesquisas conduzidas pelo Afrobarometer revelaram que 47% dos africanos apoiavam políticas direcionadas à proteção das indústrias nacionais, enquanto 49% apoiavam fronteiras abertas para o comércio.

Além disso, nas pesquisas de 2019-2021 do Afrobarometer, organizações regionais como a União Africana e outras organizações regionais estavam entre os “influenciadores externos” com algumas das maiores percepções positivas na África.

Em 34 países da África, o apoio positivo médio à União Africana ficou em 53%, enquanto para outras organizações regionais na África o número correspondente chegou a 57% dos entrevistados.

No geral, o apoio significativo concedido à integração regional em algumas das principais regiões do Sul Global é um bom presságio para mais progresso na cooperação econômica regional entre países em desenvolvimento. Vale ressaltar que algumas das pesquisas acima também revelaram um alto grau de apoio à construção de laços econômicos fora das respectivas regiões (77% dos entrevistados na América Latina apoiam a integração de seu país com outros países fora da região (sete pontos percentuais a mais do que em 2020)) – isso pode ser indicativo do escopo disponível para a construção de vínculos econômicos inter-regionais entre os principais blocos de integração regional do Sul Global.

* Yaroslav Lissovolik é fundador da BRICS+ Analytics.

Análise BRICS+

Fonte: brics-plus-analytics.org