Um poema de Ramzy Baroud
Não, nós não adoramos o mesmo Deus,
Pois o meu anda descalço pelas ruas de Jabaliya,
Suas feridas não cicatrizadas, sangrando na terra—
Manchando sua pele oliva, marcando-o para sempre.
Meu Deus é o lamento das mães,
Enlutado em al-Mawasi,
Ainda orando pela salvação,
Beijando os rostos cinzentos de seus filhos mortos.
Meu Deus são duas crianças,
Transportando os restos mortais dos pais numa carroça puxada por burro,
Procurando freneticamente a terra vazia,
Para enterrar seus amados antes que os soldados retornem.
Meu Deus é coragem, paciência, justiça—
O sumô de um povo
Cujos espíritos não podem ser confinados
Para uma manchete ou teoria de um acadêmico.
Meu Deus é a teimosa menina refugiada,
Recusando-se a abandonar sua busca por um lar,
Inflexível, apesar da tempestade,
Seu coração ainda anseia pelo lugar que ela chama de seu.
E acima de tudo,
Meu Deus é liberdade—
Um fogo que nenhum poder pode apagar,
Uma chama que corta a opressão,
Uma luz que guia o caminho.
Meu Deus é um refugiado de Gaza,
Lutando para libertar todos nós
De todos os falsos ídolos
Que nos mantêm acorrentados num silêncio ensurdecedor.
- em Palestine Chronicle
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