< Artur Queiroz*, Luanda >
Jonas Savimbi criou a UNITA com o rótulo de organização maoista, como confirmou recentemente o General Nunda. Ainda que não tenha explicado como os militantes e dirigentes conciliaram o maoismo, com os serviços prestados ao regime racista de Pretória, na época banido da comunidade internacional. Um país submetido a sanções pesadas, de económicas a desportivas, por ter o racismo como política de Estado (apartheid). País expulso da ONU e de todas as organizações internacionais decentes.
Poucos meses depois da fundação, Jonas Savimbi transformou a UNITA numa empresa de compra e venda. Começou pelas vendas a retalho. Em troca de pôr os combatentes e as armas ao serviço dos colonialistas contra a Independência Nacional, ele queria ser governador do Moxico, Bié e Cuando Cubango. Os generais Luz Cunha e Bettencourt Rodrigues só lhe garantiam a província do Moxico, quase três vezes maior que Portugal. O negócio foi-se arrastando até que o 25 de Abril 1974 abriu à sua empresa a possibilidade de entrar no negócio grossista e meter a África do Sul racista na sociedade.
Jonas Savimbi defendeu o federalismo. As colónias portuguesas passavam a estados federados com Portugal. Angola e Moçambique ganhavam o estatuto de satélites do regime racista de Pretória. O chefe do Galo Negro ficava à frente de Angola e não apenas do Moxico! Depois da cimeira da Ilha Terceira, nos Açores, entre Spínola e Nixon, ficou decidido que a Norte do rio Cuanza ficava a mandar Holden Roberto, tutelado pelo ditador Mobutu, que já andava de língua na boca dos racistas sul-africanos. Tudo boa gente e grandes armazenistas grossistas. Mercadoria: Angola.
A sociedade grossista funcionou até à Batalha do Cuito Cuanavale, data em que as tropas invasoras do regime de apartheid foram esmagadas, no Triângulo do Tumpo. Deixaram para trás os canhões, tanques e outro material de guerra fornecidos pelos EUA, Reino Unido, França e República Federal da Alemanha. Em 1985, precisamente há 40 anos, os racistas de Pretória lançaram a “Operação Argon” para destruírem as instalações petrolíferas de Cabinda. Os sabotadores chegaram ao objectivo num submarino francês. Afinal as “democracias” ocidentais só fingiam que condenavam o regime de apartheid, na África do Sul. A operação acabou em fracasso e com a captura em combate do capitão karkamano Wynand Du Toit.
Savimbi e a UNITA tentaram triunfar no negócio grossista à boleia da mudança de regime. O MPLA trocou a democracia popular pela democracia representativa. Pôs o poder em disputa no terreno dos grossistas. Sem medo.O Povo Angolano sabe quem sempre lutou pela Liberdade e a Independência Nacional. Os grossistas perderam as eleições e imediatamente ocuparam militarmente mais de dois terços de Angola. A mercadoria estava quase toda nos armazéns dos grossistas. Um pormenor: A UNITA, nos termos do Acordo de Bicesse, não podia ter armas nem militares! O negócio afinal era uma vigarice. Mesmo assim a reacção popular esmagou o negócio e o grossista Savimbi acabou a sua carreira de comerciante vigarista, em 22 de Fevereiro de 2002. Mas a empresa continua. E regressou às vendas a retalho.
Nas últimas eleições a UNITA decidiu vender a província de Cabinda em troca de um punhado de votos. Fez uma sociedade com a FLEC e com o bispo Belmiro Cuica Chissengueti. Elegeu a maioria dos deputados. Agora o Galo Negro quer a independência! Depois logo se vê que outras partes de Angola vai vender e a quem.
A província tem sete mil quilómetros quadrados e 800 mil habitantes. O município do Cazenga tem dois milhões de habitantes. O município da Quissama tem 12 mil quilómetros quadrados, quase o dobro de Cabinda. A UNITA, no seu programa de vendas a retalho, a seguir vai exigir a independência do Cazenga e da Quissama. E em 2027 coloca no topo do seu programa eleitoral, a independência de Lopitanga e da tumba de Savimbi. Vendas a retalho por tudo quanto é Angola.
O responsável da Comunicação da UNITA, Evaldo Evangelista, criticou o Executivo por ter denunciado falsas notícias sobre Cabinda, garantindo que está com dificuldades “em admitir que há um conflito armado em Cabinda”. E acrescentou: “O conflito em Cabinda existe e é real. Agora, querer envolver a UNITA neste conflito não é o mais recomendável e não é aceitável. O que a UNITA fez, foi trazer para o povo a solução para Cabinda e o povo de Cabinda acolheu esta ideia, abraçou-a e o povo de Cabinda acha que a UNITA é um mediador válido para fazer a ponte para este diálogo”.
A empresa de vendas a retalho chamada UNITA anda há muito anos tentando vender a província de Cabinda. Isto quer dizer que os seus dirigentes violam gravemente a Constituição da República. Agora mostram publicamente que estão no negócio como intermediários do “povo de Cabinda”. Isto não se resolve com comunicados. Crimes de alta traição têm de ser resolvidos pelo Poder Judicial.
Notícias dão conta que o Presidente João Lourenço mandou pagar a “dívida” ao empresário Riquinho. Se é verdade, lamento informar sua excelência que não é do dono do dinheiro nem o guarda dos cofres públicos. Se quer esbanjar dinheiro com o amigalhaço, faça-o com a sua fortuna pessoal e não há custa de todos os angolanos.
Riquinho é isto, por ele próprio:
“Nasceu em 27 de Janeiro 1964. Desde criança, Riquinho revelou aptidão para
liderança e uma determinação fora do comum. Aos 8 anos, já comandava a base de
pioneiros da Horta do Cazenga, e aos 10 anos, acumulava vitórias no atletismo
angolano, destacando-se em múltiplas categorias e distâncias, como os 60, 80,
100, 150, 300 e
Segunda aldrabice e vigarice. Em 1974, quando ele tinha dez anos, Angola não tinha campeonatos de atletismo para seniores quanto mais para crianças de dez anos. Mas acredito que sim, ele corria muito quando era perseguido pela polícia.
As notícias dizem que Manuel Homem reuniu com Riquinho no Edifício Baía e foi um encontro de saudades. O sector das polícias bateu no fundíssimo.
O texto sobre a Rádio Nacional tem uma incorrecção. Digo que o edifício foi inaugurado em 1967. Errado. Foi em 1970. Obrigado Elísio, pelo alerta. Não sei como saiu 1967.
Há mais de um ano publiquei este texto sobre Cabinda. Volto a publicar, não vá o negócio de vendas a retalho prosperar, com o apoio de Manuel Homem, ou mesmo do inquilino do Palácio da Cidade Alta:
O anterior Presidente da República, José Eduardo dos Santos, combateu em Cabinda para libertar a pátria do colonialismo. Fez parte do comando da II Região Político Militar do MPLA, que dirigiu a luta armada de libertação nacional na província. O comandante da Frente Norte era David Moisés (Ndozi) e o comissário político Eurico Gonçalves (China).
Nesta frente de combate existiu o grande laboratório de quadros que alimentou a luta armada de libertação até ao Dia da Independência Nacional. José Eduardo dos Santos, Hoji ya Henda, Iko Carreira, Manuel Lima, Pedalé, Nzagi, Ndozi, Eurico, Bolingô, Max Merengue, Delfim de Castro, Kianda, Foguetão e tantos outros lutaram em Cabinda pela libertação da pátria.
O comandante Gika tombou em Cabinda poucas semanas antes da Independência Nacional. Milhares de angolanos de todo o país defenderam a província, na batalha do Ntó, quando as divisões zairenses invadiram Angola. Nesse dia, elementos da FLEC acompanhavam os invasores e com eles foram derrotados.
Centenas de combatentes sacrificaram a vida em Cabinda, na luta pela Independência e na defesa da pátria independente. Quando foi preciso lutar pela liberdade, a “sociedade civil” que hoje que se associou à UNITA, apoiava as potências coloniais. Muitos foram além das palavras e passaram aos actos.
Os que hoje querem ser poder à boleia dos votos na UNITA, ontem aproveitavam bolsas de estudo, militavam nas fileiras do MPLA e tiravam vantagens das suas ligações ao poder. Quando perceberam que podiam ganhar mais servindo os inimigos de Angola e do Povo Angolano, vestiram a camisola da FLEC ou esconderam-se sob o mando enganador de activistas dos direitos humanos.
Mas quem se dedica à extorsão, não respeita direitos nenhuns. Quem rapta inocentes para exigir chorudos resgates, não respeita as leis vigentes no país e coloca-se na condição de criminoso de delito comum. Quem paga para matar civis indefesos nas estradas de Cabinda, é um criminoso que tem no lugar da alma uma conta bancária e como único objectivo na vida, ganhar anualmente o prémio de melhor cliente do banco onde deposita milhões.
Quem anda à procura de armas e explosivos para actos terroristas contra civis, como Raul Tati, não merece a liberdade que tem e muito menos a indulgência das autoridades. Os que andam a convencer jovens para fazerem operações terroristas contra o regime democrático, além de criminoso é inimigo dos democratas e das pessoas de bem.
Quem disparou contra uma caravana de viaturas civis com a intenção de matar desportistas inocentes e jornalistas só para dizer ao mundo que ainda mexe, é um assassino sem escrúpulos. Fizeram isso com a delegação do Togo no CAN de 2010.
Os que nas capelas ilegalmente ocupadas da Paróquia da Imaculada Conceição exigiam dinheiro aos fiéis para fazerem sabotagens e atentados, que até atingiam os que faziam os donativos, são mais do que excomungados: venderam a alma ao diabo e entregaram o coração à morte.
Os fiéis espoliados eram das capelas Cristo Nhuti, Cristo Mbonde, Jesus Bom Pastor, Macoco, Santiago, Cabasango, São Carlos Luanga, Santo Agostinho, São Lourenço, S. João Baptista e S. João de Brito. Todas situadas nos bairros onde habita gente pobre que pagavam aos excomungados que lhes roubavam a paz e o pão.
Os que se servem de mentiras para criar em Cabinda um clima de desconfiança e ressentimento, são seres diabólicos que semeiam a dor e o luto, quando pressentem que amanhã vai raiar a esperança e a felicidade.
Os que atentam contra a unidade nacional e a integridade territorial são mais do que seres demoníacos: vendem o seu povo pela vã glória de se sentarem na assembleia de accionistas da Chevron ou para revelarem as suas traições aos microfones da Voz da América.
Os que renegam a pátria porque lhes cheira a petróleo, mais cedo ou mais tarde vão perceber que Roma não paga a traidores. A paz e estabilidade são mais valiosas do que o petróleo. O amor vale mais do que o ódio que eles propagam. A vida que o MPLA promove e defende vale mais do que a morte que eles semeiam nos corpos e nas almas.
O padre Raul Tati, quando no ano de 2007, em Brazzaville, foi assinado um acordo de cessar-fogo entre a FLEC/FAC de António Bento Bembe e o Executivo, em vez de exultar com a paz, atirou logo com achas para a fogueira proclamando que aquele acto de nada valia porque não estava presente a Igreja Católica nem a sociedade civil.
Hoje já não se preocupa com a Igreja. Porque para ele, a instituição que devia servir, era apenas um instrumento que esgrimia para promover a subversão e encher os bolsos de dinheiro. Num debate com Nzita Tiago aos microfones da Voz da América, já só falava da sociedade civil, que ele manipula e usa para atacar a democracia e promover a violência gratuita.
A sociedade civil do padre excomungado Raul Tati serve-se do Parlamento para atacar a unidade nacional. Serve-se das escolas, das universidades, das capelas, para destruir a paz e a estabilidade. Altos funcionários do Estado Angolano, servem-se dos seus cargos para porem em causa a integridade de Angola.
Apenas o dinheiro os move. Mas
eles próprios são a prova das suas mentiras: Muitos fizeram os seus estudos
primários, secundários e universitários
Apesar de promoverem permanentemente ódio, a discórdia e a subversão, o Executivo tem pelo menos uma obra para mostrar: Os cursos superiores destes construtores da desgraça. A paz é um bem precioso para todos, mas particularmente para a Juventude que acredita no futuro de Angola. Os eleitores vão derrotar os que querem vender Cabinda a troco de um punhado de votos. Esperem para ver.
* Jornalista
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