sábado, 30 de abril de 2011

Portuguese American Journal usa inglês e internet para chegar aos jovens




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Nova Iorque, 30 abr (Lusa) -- Mais de uma década após o fim da publicação do jornal comunitário Portuguese American Journal, a jornalista e académica Carolina Matos relançou-o, mas só em língua inglesa e na internet, para chegar às gerações mais jovens de luso-descendentes.

"Quando comecei a ver a internet pensei `ah se tivesse o meu jornal hoje!´", disse à Lusa Carolina Matos, natural de São Miguel há cerca de 30 anos a residir na costa leste dos Estados Unidos.

Doutorada em Educação pela Universidade de Lesley, onde também dá aulas e está envolvida na criação de um instituto dedicado à língua portuguesa, a emigrante luso-americana define a nova publicação, lançada há um mês, como um "news blogue" -- uma mistura de jornal, blogue e de boletim para investigação académica.

Esta terceira vertente - http://portuguese-american-journal.com/ - destina-se a "pessoas que estão a fazer investigação ou artigos sobre a experiência luso-americana, principalmente jovens académicos para ajudar a disseminar os seus trabalhos".

Na sua anterior "vida", o jornal bilingue dirigido por Carolina Matos existiu apenas em formato impresso, entre início dos anos 1980 e meados dos 1990, com sede em Providence, Rhode Island.

"Planos de vida" incompatíveis com o jornal levaram ao encerramento e a diretora a enveredar por um doutoramento.

"Gosto muito do jornalismo e da comunidade e sempre tive pena de o jornal não ter continuado", afirma.

A opção pela língua inglesa justifica-se com o facto de o português já não ser falado por muitos descendentes, que assim "deixam de ter acesso à cultura e herança portuguesa, sem perder a identidade".

"Para essas pessoas, o jornal será a ponte entre a comunidade e a sua herança. Temos muitas notícias orientadas para jovens profissionais luso-americanos e incentivos para estabelecer relações entre essa juventude e a realidade portuguesa", adianta.

Divulgação de bolsas de estudo e de projetos envolvendo instituições portuguesas e americanas são algumas das oportunidades que o jornal pretende divulgar, a par de indivíduos que são "valores" da comunidade e da atualidade do que é "Portugal hoje", país de "progresso apesar das complicações todas".

"Sentimos que a nova geração [de luso-descendentes] vive num vazio deles próprios. Estão a crescer na América, um país multicultural, que tem as suas etnias e há uma certa necessidade de afirmação. E não há nada".

Nesse sentido, alguns dos dossiers que o jornal elabora, sobre temas como o 25 de abril, são feitos a pensar no seu aproveitamento pelas escolas comunitárias.

As notícias do Journal são curtas e diretas e podem ser instantaneamente partilhadas através das redes sociais, como Facebook ou Twitter.

"Eu própria estou surpreendida. Quando entra nas redes é explosivo. A gente sente logo o contacto", afirma a diretora, apontando para "muitas centenas" de leitores diários, ao fim do primeiro mês, não só de Portugal e EUA, mas também "dos sítios mais estranhos do mundo, como a Índia, Kuwait ou Singapura".

Para Carolina Matos, a viabilidade económica não é o mais importante na fase atual, e o jornal vai viver "da prata da casa" até gerar receitas, que serão investidas na ampliação.

"Nunca fizemos dinheiro com o jornal antigo. Nunca deu lucro, e duvido que haja jornais que estejam a dar, é difícil. Com os jornais digitais, tudo depende do movimento se tivermos os números a coisa é automática. Vamos fazendo, a ver o que acontece".

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