sábado, 30 de abril de 2011

PROPOSTA DE ANGOLA É REFORÇO DA UNIDADE




KUMUENHO DA ROSA – JORNAL DE ANGOLA - Hoje - Fotografia: Francisco Pedro

Presidente do MPLA pediu aos militantes do partido a defesa da unidade nacional e a consolidação da paz e da democracia

O Presidente José Eduardo dos Santos defendeu, ontem, “uma governação aberta, inclusiva e dialogante”, para assegurar o prosseguimento dos projectos e programas que visam resolver as necessidades reais das populações.

 “Ninguém sabe tudo e ninguém pode fazer tudo sozinho. Por essa razão promovemos o diálogo com os parceiros sociais e a discussão dos problemas com as comunidades, com as pessoas interessadas e com os quadros”, disse José Eduardo dos Santos, ao discursar na abertura do quarto Congresso Extraordinário do MPLA, que decorre no Centro de Conferências de Belas.

“Neste processo de desenvolvimento nacional, ninguém deve ser excluído, pois as diferenças de opinião e de convicções políticas só nos valorizam e conduzem a um aperfeiçoamento do trabalho comum e da democracia”, defendeu o líder do MPLA, que fez um apelo ao espírito aberto e inclusivo dos militantes, sublinhando que “a tolerância a liberdade de pensar, criar e exprimir-se, que o nosso partido consagra no seu programa, são valores que os militantes, amigos e simpatizantes devem praticar no dia a dia, por forma a contribuírem para a construção de uma sociedade moderna e próspera”.

O Presidente defendeu que, para se desenvolver, “Angola precisa de instituições fortes, capazes e eficientes”, além de recursos humanos bem formados, que vão garantir o cumprimento, “de forma séria, competente e transparente, das políticas e programas que merecem a confiança dos cidadãos”.

José Eduardo dos Santos referiu-se aos objectivos atingidos desde a conquista da paz, em Abril de 2002, altura em que o partido definiu uma estratégia para a normalização da vida nacional, após quase três décadas de conflito armado.

A reabilitação de escolas e o aumento do número de alunos de cerca de um milhão e meio para mais de cinco milhões, a integração de mais de quatro milhões de pessoas em vários pontos do país, a desminagem e a reabilitação dos caminhos-de-ferro, a desminagem dos campos agrícolas, foram alguns objectivos apontados pelo líder do MPLA, como acções que permitiram “conferir dignidade e esperança no futuro a um povo saído de duras e prolongadas guerras e de um período de grande sofrimento e de privações de todo tipo”.

O Presidente José Eduardo dos Santos disse que estas e outras acções, inseridas numa estratégia de desenvolvimento, a longo prazo, permitem encarar o futuro com tranquilidade. “Hoje sabemos exactamente o que queremos e temos um rumo seguro, plasmado numa plataforma política e numa estratégia de reconstrução nacional de longo prazo, que estão inscritas no livro Angola – 2025”, referiu, o Presidente do MPLA, sublinhando que a primeira fase da estratégia foi consubstanciada no programa eleitoral, que mereceu a concordância de mais de 81 por cento do eleitorado.

Problemas de séculos

José Eduardo dos Santos alertou para os limites impostos pela realidade dos factos, que obrigam a encarar com realismo o andamento do processo de reconstrução do país. “Todos nós pretendemos um processo de reconstrução das bases materiais e espirituais da Nação angolana, mas ninguém pode resolver de um dia para o outro os problemas acumulados durante dezenas de anos e mesmo séculos”.

O líder do MPLA referiu que “é natural que exista uma certa impaciência em querer ver tudo realizado de uma só vez, queimando-se etapas e não se tendo em conta outros factores que transcendem a nossa vontade, mas a reabilitação do tecido social do país requer paciência, bom senso, muito trabalho e a participação consciente de todos”.

José Eduardo dos Santos chamou também a atenção para a necessidade de haver realismo nas soluções para ultrapassar as dificuldades, além da “necessidade de harmonia social e de cicatrização das feridas de um passado traumático ainda muito recente. As soluções demagógicas e populistas não fazem parte da cultura política e da doutrina do nosso partido”, disse José Eduardo, sublinhando que o MPLA “só promete aquilo que pode fazer”.

Para José Eduardo dos Santos, o momento desaconselha ao pessimismo e à desmoralização: “Não devemos esmorecer, deixando-nos levar pelo pessimismo. O progresso, o desenvolvimento e o bem-estar são possíveis e podem ser realizados pelos angolanos, sob a liderança do MPLA”.

Do povo e para o povo

O líder do MPLA reafirmou o compromisso com o aprofundamento da democracia e do Estado democrático, que garante a liberdade de expressão, de reunião e de associação, a livre iniciativa económica, o respeito pela propriedade privada e que promove a igualdade de oportunidades.

“Somos um partido da verdade, o partido da liberdade e do povo, trabalhamos para ter efectivamente um governo do povo, para o povo e pelo povo”, disse o Presidente, referindo-se à desconcentração administrativa e à institucionalização futura e gradual do poder local autónomo, como indicadores do compromisso de aproximar cada vez mais o poder político dos cidadãos e a sua participação na vida pública.

José Eduardo dos Santos referiu-se às primeiras eleições autárquicas, previstas para depois das eleições gerais de 2012, como “expressão efectiva” da institucionalização do poder local autónomo em Angola.

Momento especial

José Eduardo dos Santos referiu-se ao “momento especial” em que se realiza o congresso extraordinário do MPLA e realçou as tarefas dos delegados: “os congressos do partido são momentos especiais em que delegados das organizações de base, eleitos nas conferências municipais e provinciais do partido, e representantes dos órgãos de direcção se reúnem para analisar em profundidade a real situação interna do partido, os problemas da sociedade angolana e o contexto internacional que nos rodeia”.

José Eduardo dos Santos chamou a atenção para a particularidade do Congresso Extraordinário do MPLA acontecer “numa altura em que o mundo parece retornar aos métodos da época da Guerra-Fria”.

O líder do MPLA caracterizou o actual quadro das relações internacionais: “o uso da força e a ingerência em assuntos internos dos Estados soberanos prevalece sobre o uso da força do Direito e do respeito pela igualdade soberana das Nações”. José Eduardo dos Santos condenou a utilização de critérios subjectivos por parte de alguns países ocidentais industrializados para intervir militarmente em territórios de outros países soberanos.

Numa clara alusão à intervenção militar na Líbia por uma força internacional liderada pelos Estados Unidos, França e Grã-Bretanha, e mais tarde transferida para a Organização do Atlântico Norte o Presidente José Eduardo dos Santos defendeu que essas intervenções visam “condicionar a resolução de problemas internos de outros países soberanos”.

Sinais dos tempos

José Eduardo dos Santos alertou os delegados ao congresso para a necessidade de ser incutido no seio do partido um espírito de superação contínua, dedicando uma atenção especial ao desenvolvimento tecnológico. “O MPLA, como principal força política, tem o dever de se aperfeiçoar permanentemente e de interpretar e realizar as aspirações do Povo Angolano, adaptando-se igualmente aos tempos modernos”, referiu o líder do partido. 

 “É preciso estabelecer um equilíbrio entre a ânsia da juventude pela imediata satisfação dos seus desejos e preocupações e a ponderação e calma necessárias para a resolução de problemas acumulados, que exigem tempo de maturação e de concretização na prática”, disse o líder do MPLA, lembrando que  “as gerações passadas e presentes fizeram sacrifícios em prol da afirmação da Nação angolana”.

José Eduardo dos Santos falou das conquistas nos últimos tempos. Deu como exemplo a taxa de inflação, que ronda actualmente os 15 por cento, mas que em 2002 era de 105 por cento. Referiu-se ao volume de crédito, que em 2002, rondava os 24, 4 mil milhões de Kwanzas (não mais do que 424 milhões de dólares), com a taxa de juros média superior a 120 por cento, e no final do ano passado o crédito concedido à economia nacional passou para 18 mil milhões de dólares.

 “É uma operação estratégica do Executivo reduzir a taxa de inflação para baixo de dez por cento, de modo a proteger os rendimentos gerados na nossa economia e permitir que o crédito possa ser menos oneroso”, sublinhou o Presidente José Eduardp, reafirmando a aposta na criação e desenvolvimento de um sector bancário nacional forte.

O quadro actual propicia às pequenas, médias e grandes empresas privadas de Angola o recurso ao crédito bancário ou de empréstimos, afim de “realizar investimentos em todo o território nacional, criar empregos, produzir mais riqueza e ajudar a combater a pobreza”.

José Eduardo dos Santos falou ainda da reforma educativa, defendendo que o MPLA deve empenhar-se nas acções que garantem a criação de programas de ensino que elevem a qualidade da formação a todos os níveis, além de preparar os cidadãos para inserção no mercado de trabalho e para o exercício da cidadania e da liberdade.

Trabalho justifica a longevidade

José Eduardo dos Santos defendeu que o MPLA “é um partido do povo”, que ao longo das últimas cinco décadas se tem dedicado a materializar os desejos mais profundos dos angolanos. “Isto explica a sua longa permanência no poder, pois é inegável o apoio popular que sempre mereceu”, disse o líder do MPLA, sustentando que o partido “soube defender a soberania e a integridade territorial do país, contra forças externas e internas que se conjugaram para o desestabilizar, destruir e subjugar à vontade externa”.

Frisou que o país, “adiado durante muito tempo, está hoje a trilhar um novo rumo”. O líder do MPLA destacou o papel de Angola no plano continental, apontando como exemplos os processos de estabilização da África Central e Austral, da região dos Grandes Lagos e do Golfo da Guiné.

 “A República de Angola tem dispensado a sua solidariedade aos povos irmãos africanos, que nos têm visitado em busca de conselho, de um apoio ou da simples compreensão, desejosos de aproveitar a nossa experiência de pacificação do país”, realçou José Eduardo dos Santos, para quem as autoridades angolanas mantêm-se fiéis ao princípio de não tomar a iniciativa de discutir os problemas alheios.

UNITA E PRS REAGEM AO DISCURSO DO PRESIDENTE DO MPLA

Representantes da UNITA e do PRS convidados para a cerimónia de abertura do IV Congresso Extraordinário do MPLA reagiram ao discurso do Presidente José Eduardo dos Santos. O secretário para a Informação da UNITA, Alcides Sakala, concordou com José Eduardo dos Santos sobre a necessidade de união entre todos os angolanos, sem distinção partidária, em torno da reconciliação e reconstrução nacionais.

O porta-voz do maior partido da oposição disse que é fundamental essa união, principalmente para o caso de Angola que acaba de sair de um longo conflito armado.

“O MPLA tem a sua contribuição, a UNITA e os outros partidos também devem ter a sua visão sobre o processo de reconciliação e reconstrução nacionais. Por isso, há que conjugar esforços, criar um espaço de reflexão para que se priorizem as linhas mais importantes e que essas sejam transformadas em algo concreto”, defendeu. Sakala lamentou o facto do presidente do MPLA não se ter referido à reinserção social dos ex-militares dos três partidos que lutaram contra o colonialismo. Disse ser uma questão que preocupa a UNITA, porque se tratam de pessoas que deram parte da sua vida em prol do país.

Relacionado:

Outras notícias

Sem comentários:

Mais lidas da semana