PATRICIO CAMBUANDY - ANGOLA PRESS
Luanda - “O 25 de Maio é o Dia de África, resultado de sacrifícios sem conta dos seus melhores filhos, que fizeram nascer independências nacionais na década de 60 e a criação, em 1963, da OUA - Organização da Unidade Africana”.
Volvidos 48 anos, da fundação da OUA, a 25 de Maio de 1963, em Addis Abeba, capital da República Federativa da Etiópia, a África continua a enfrentar, hoje, os mesmos obstáculos e desafios de ontem.
Os conflitos armados intra e inter-Estados, com origem em questões étnicas, tribais e regionais, golpes de Estado injustificáveis, que a uma determinada altura tinham abrandado, voltaram à ribalta, nos últimos tempos, com consequências funestas para o continente.
É necessário repensar as estratégias de desenvolvimento de África.
Os povos africanos, os governantes e instituições da África necessitam, hoje, de repensar as suas políticas de desenvolvimento, para tirar o continente da letargia que os remetem à condição de perpétuos submissos e mendigos perante outros povos e Estados.
O nascimento, em 2002, da União Africana (UA), em substituição da OUA, nem por isso terá constituído algum marco de mudança para o fim do ciclo de pobreza e da fome, fenómenos que caracterizam o estado de subdesenvolvimento.
Os conflitos armados e a consequente instabilidade política nos países africanos permanecem hoje como os principais obstáculos ao desenvolvimento do continente berço.
Tais conflitos e a instabilidade, ainda que localizados, ofuscam os esforços económicos, financeiros e de reorganização estrutural de muitos países africanos, no sentido de desenvolvimento.
Na criação da OUA, no Histórico 25 de Maio de 1963, estavam subjacentes os objectivos seguintes: como “Defender a Soberania, Integridade Territorial e a Independência, Erradicar Todas as Formas do Colonialismo em África, promover e harmonizar as políticas dos Estados membros nas esferas Diplomática, Económica, Educacional, Cultural, da Saúde, Bem-estar, Ciências, Técnica, Defesa e na Cooperação Internacional”.
Em causa estava a defesa da Soberania, Independência e Integridade do Continente, ante a ambição pelas melhores posições geopolíticas em África dos países ocidentais.
A União Africana, instituição que surgiu num ambiente de divergência entre os países membros da então OUA, para além de parecer uma extrapolação de etapas, face aos diferentes níveis de desenvolvimento dos Estados membros, apresenta-se, pelo menos por enquanto, como estrutura ineficiente e ineficaz, a julgar pelos acontecimentos que actualmente a África enfrenta.
A África necessita, hoje, de Instituições Fortes, Eficientes e Eficazes, Credíveis e Respeitáveis, capazes de favorecer a integração e o Desenvolvimento do continente e cujas decisões e medidas devem ser aplicadas de forma coerente, em defesa da sua integridade, para sair do actual momento histórico.
A Estabilidade política, o fim de conflitos e a criação de mecanismos e instrumentos de combate à pobreza e à fome são os grandes desafios que se colocam aos governos africanos, na busca do desenvolvimento do continente.
O estado actual de África, caracterizado por conflitos e crises permanentes, aconselha a agir já, em Unidade e Solidariedade, para salvaguardar a integridade física do continente, a Soberania e Independência, favorecendo a defesa dos interesses dos seus povos.
Para isso, é necessário abandonar o espírito de posições de blocos estaduais, geralmente orientadas do exterior, que em nada contribuem para a boa governação e só adiam de forma indeterminada o crescimento económico e o desenvolvimento dos povos.
Patrício Cambuandy
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