domingo, 15 de maio de 2011

Encontro de ministros do Exterior em Berlim mostra divergências na Otan




DEUTSCE WELLE

Embora Angela Merkel tenha tentado demonstrar a coesão internacional no conflito da Líbia, para observadores, encontro de ministros do Exterior da Otan em Berlim desmascarou a perplexidade entre os parceiros da aliança.

A presença da chefe alemã de governo, Angela Merkel, no encontro de ministros de Relações Exteriores da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), realizado neste domingo (15/05) em Berlim, é vista como um ato de reconciliação.

Assim como o Brasil, a Alemanha se absteve de votar a Resolução 1973 das Nações Unidas sobre a missão internacional na Líbia em 17 de março último.

Ao falar no Hotel Adlon diante dos ministros da Otan, Merkel se esforçou em dissipar todas as dúvidas em torno da lealdade alemã à aliança atlântica. "Nós todos compartilhamos estes objetivos da Resolução 1973. Independentemente de abstenção ou aprovação, compartilhamos totalmente esses objetivos", sublinhou a premiê em alusão à abstenção alemã no Conselho de Segurança da ONU.

Na ocasião, o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, saudou as "numerosas contribuições" que a Alemanha prestou à segurança na Europa e na Otan. "A Alemanha é e continuará sendo um aliado fiel na Otan, uma força de paz, estabilidade e segurança", disse Rasmussen.

Publicação sem Merkel

Merkel sabe que a abstenção alemã perturbou, chegando em parte até mesmo a irritar não somente seu partido, mas também parceiros próximos como a França. De forma demonstrativa – e sem Merkel –, o presidente norte-americano, Barack Obama, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, divulgaram na quinta-feira uma publicação conjunta na mídia internacional com o título "O caminho da Líbia para a paz".

Embora Angela Merkel tenha se esforçado em demonstrar a coesão da comunidade internacional no conflito da Líbia, na opinião de muitos observadores, o encontro dos ministros da Otan em Berlim desmascarou impiedosamente a real perplexidade dos parceiros da Alemanha no caso da Líbia.


Em Berlim, ficou clara a frustração da França e do Reino Unido de terem sido forçados pelos EUA a participarem de uma missão da Otan. Porque os principais iniciadores da intervenção defendem uma ação militar mais intensa, já que os ataques aéreos até agora não trouxeram o sucesso esperado.

Alguns países-membros da Otan, todavia, consideram a extensão dos ataques aéreos como bastante apropriada. Quando o secretário-geral Anders Fogh Rasmussen apelou aos parceiros da aliança para que disponibilizassem mais jatos de combate, a Itália, Espanha e Bélgica rejeitaram.

"Dentro das regras"

"Isso demonstra o dilema da aliança", disse Volker Perthes, diretor do Instituto Alemão de Relações Internacionais e Segurança (SWP). "Se a Otan quiser manter sua unidade, ela só pode agir no contexto do mandato do Conselho de Segurança da ONU e não tomar parte de uma ampliação da missão, como desejado pela França e pelo Reino Unido", disse o diretor.

Uma ampliação da missão também não parece ser interesse dos Estados Unidos. Na semana passada, Rasmussen se encontrou com o presidente norte-americano, Barack Obama, em Washington. Ambos defenderam que os ataques aéreos deverão prosseguir enquanto o ditador líbio Muammar Kadafi continuar atacando seu próprio povo. Neste fim de semana, representantes rebeldes visitaram Washington em busca de reconhecimento diplomático internacional, o que os EUA ainda negam.

Por outro lado, o chefe das Forças Armadas britânicas, David Richards, exigiu em entrevista ao jornal Sunday Telegraph que os ataques sejam ampliados. Richards declarou que a Otan deveria cogitar em atacar, futuramente, também instalações de infraestrutura, aumentando assim a pressão sobre Kadafi.

Richards disse que a morte de Kadafi não seria objetivo explícito da Otan. No entanto, se Kadafi for atingido, por exemplo, num ataque a um centro de comando e controle, isso estaria "dentro das regras" do mandato da Líbia do Conselho de Segurança da ONU, afirmou o general britânico.

CA/dpa/afp/rtr

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