terça-feira, 10 de maio de 2011

Obama recomenda exame na cabeça de quem discorda do assassinato de bin Laden




CORREIO DO BRASIL, com agências internacionais - de Washington e Islamabad

Qualquer um que duvidar que os Estados Unidos deveriam ter matado Osama bin Laden precisa ter sua cabeça examinada, disse o presidente norte-americano Barack Obama em comentários transmitidos pela televisão, na noite passada. Uma semana depois que a equipe secreta norte-americana matou bin Laden em seu refúgio no Paquistão, Obama proclamou o sucesso e rejeitou ideias de que o líder da Al Qaeda, que estaria desarmado, deveria ter sido capturado vivo.

Bin Laden teve o que merecia, disse Obama ao programa 60 Minutes do canal norte-americano de TV CBS News, em entrevista após uma semana de atenções focadas na missão que matou Bin Laden e as decisões arriscadas que estavam por trás dela.

– Apesar de estar muito nervoso sobre todo o processo, a única coisa pela qual não perdi meu sono foi a possibilidade de matar bin Laden. A justiça foi feita. E eu acho que qualquer um que duvide que o responsável pelo assassinato em massa em território americano não merecia o que aconteceu com ele, precisa ter sua cabeça examinada – disse Obama.

Jim Messina, responsável pela campanha de Obama à reeleição em 2012, enviou um email para uma gigantesca quantidade de destinatários no domingo pedindo aos simpatizantes do presidente para assistirem à entrevista.

Saia justa

No Paquistão, teatro de operações dos grupo de elite Seals, convocado para matar bin Laden em território paquistanês, mesmo sem autorização do governo daquele país, rivais políticos estabeleceram os líderes políticos locais como alvos nesta segunda-feira, após o assassinato do extremista sunita, aumentando a pressão norte-americana sobre a nação escolhida pelo líder da al Qaeda para se esconder, e o primeiro-ministro preparou um discurso no Parlamento pela primeira vez desde o início da crise. O principal partido de oposição do Paquistão intensificou os pedidos para que o primeiro-ministro e o presidente renunciem devido à quebra de soberania nacional ocorrida quando forças especiais norte-americanas entraram no país pelo Afeganistão para atacar o complexo onde bin Laden estava escondido.

– Queremos as renúncias, não explicações imprecisas – disse uma autoridade da Liga Muçulmana, partido do ex-premiê Nawaz Sharif, ao diário The News.

O Paquistão comemorou a morte de bin Laden, que planejou os ataques de 11 de setembro de 2001, realizado com aeronaves comerciais em solo norte-americano. A nação considerou o fim do líder da al Qaeda um passo na luta contra a militância, mas reclamou que o ataque com helicópteros feito pelos EUA era uma violação da sua soberania nacional. O primeiro-ministro Yusuf Raza Gilani, que realizou um discurso no Parlamento nesta manhã, fez um severo alerta contra outras ações militares dentro do Paquistão por forças estrangeiras.

O incidente aumentou a tensão entre Islamabad e Washington, cujos laços são importantes na luta contra militantes islâmicos e na guerra no Afeganistão. As relações entre os dois países já estavam frágeis devido a uma série de disputas diplomáticas sobre assuntos como um grande ataque feito por um avião teleguiado norte-americano em março e Raymond Davis, um agente da CIA morto a tiros por dois paquistaneses na cidade de Lahore, em janeiro. No que pode causar uma elevação ainda maior nas tensões, uma emissora de televisão paquistanesa e um jornal publicaram o que disseram ser o nome de um chefe secreto da CIA em Islamabad.

A embaixada norte-americana se negou a comentar, mas disse que ninguém com aquele nome trabalhou na missão no Paquistão. No ano passado, após o chefe dos Inter-Serviços de Inteligência (ISI, na sigla em inglês) do Paquistão ter sido nominalmente citado em um processo civil norte-americano sobre os ataques na cidade indiana de Mumbai, o então líder do posto da CIA em Islamabad foi também revelado pela imprensa paquistanesa, sendo obrigado a deixar o país.

O Paquistão ficou em uma situação embaraçosa com a descoberta do homem mais procurado do mundo em um complexo com muros altos em Abbottabad, uma cidade localizada apenas 50 quilômetros ao norte da capital e muito perto da principal academia militar do país. Tal fato causou acusações de que incompetência do serviço de inteligência ou a cumplicidade estavam ajudando bin Laden a se esconder no local.

– Se ele realmente estava vivendo naquele complexo há cinco anos, então porque nossas agências não descobriram? Isso deu a indivíduos anti-Paquistão a chance de nos ridicularizar – protestou o ex-ministro das Relações Exteriores, Khursheed Mehmood Kasuri.

Gilani culpou a fuga de bin Laden por quase uma década, após o 11 de setembro, a uma “falha global de inteligência”, e os EUA evitaram acusar o Paquistão de dar abrigo propositalmente a bin Laden.

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