quinta-feira, 19 de maio de 2011

Presidente indignado com documento da missão da ONU que aponta PM como obstáculo




ANP – EL - LUSA

Díli, 19 mai (Lusa) - A presidência da República de Timor-Leste expressou hoje a sua indignação com o retrato feito num documento interno da missão das Nações Unidas que aponta o primeio-ministro Xanana Gusmão como um obstáculo ao regime constitucional.

A nota do gabinete da Presidência refere "indignação com a inaceitável pseudo-análise inventada por um burocrata da UNMIT referindo-se à liderança do primeiro-ministro Xanana Gusmão".

"Ninguém neste país, ou na região, está mais empenhado do que o primeiro-ministro Xanana Gusmão na democracia, no primado da lei e na paz", sublinha a Presidência timorense.

O gabinete da Presidência reage assim a pareceres de elementos da missão das Nações Unidas em Timor-Leste (UNMIT), que apontam o executivo e em especial o primeiro-ministro como um obstáculo à ação da ONU no desenvolvimento do regime constitucional.

Já na quarta-feira, em comunicado distribuído à imprensa, a UNMIT clarificou que o texto em causa "não constitui um documento oficial" daquela missão das Nações Unidas".

"Não representa o ponto de vista oficial da UNMIT. A posição oficial da UNMIT e da sua liderança pode ser vista na sua página na Internet. A UNMIT tem canais próprios para comunicar diretamente as suas posições ao Governo de Timor-Leste, e fá-lo numa base regular", conclui o comunicado divulgado quarta-feira pela missão da ONU.

O documento interno que suscitou a reação crítica do Presidente José Ramos-Horta, do qual o jornal Tempo Semanal obteve uma cópia, foi divulgado há dois dias e nele pode-se ler que "o executivo, especialmente o primeiro-ministro, procura mais e mais poder em detrimento do Parlamento e do poder judicial".

Até ao final de 2012, "isso pode ter diminuído o papel efetivo dos outros dois pilares e reduzir significativamente a prestação de contas por parte do Executivo", continua o documento da missão da ONU, que em seguida aponta exemplos do que considera ações do primeiro-ministro nesse sentido.

Na reação, o gabinete da Presidência da República de Timor-Leste afirma que "a família da ONU em Timor-Leste inclui indivíduos de diferentes nacionalidades, com diferentes qualificações académicas e profissionais, e uma grande maioria deles não fala o idioma local e dificilmente se misturam com Timor-Leste".

Prossegue dizendo que "assim, depois de anos de serviço aqui, ainda sabem muito pouco sobre este país" e "por isso são perdoáveis algumas das pseudo-análise que fazem sobre Timor-Leste".

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