sexta-feira, 20 de maio de 2011

Timor-Leste: Façam as malas e vão para o Iraque ou Afeganistão, diz Xanana Gusmão à ONU




SK – ANP – LUSA

Lisboa, 19 mai (Lusa) -- O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, disse hoje aos funcionários da missão das Nações Unidas no país para fazerem as malas e oferecerem os seus serviços a países como o Iraque, Afeganistão ou Paquistão, noticiou um jornal australiano.

"A minha proposta é esta: UNMIT [Missão das Nações Unidas em Timor-Leste] e especialistas em Timor, ofereçam os vossos serviços para melhorar o Iraque, Afeganistão, Paquistão, e apoiem a democracia no Iémen, Síria ou Líbia", afirmou Xanana Gusmão, citado pelo diário australiano Sydney Morning Herald.

Num discurso muito duro, proferido na véspera das comemorações do 9.º aniversário da independência de Timor-Leste, o primeiro-ministro timorense disse também aos trabalhadores timorenses da ONU em Dili que "não devem rastejar pelo dinheiro de outros". "Porque isso é uma doença, a que chamamos colonialismo mental", frisou.

Xanana Gusmão reagiu desta maneira a pareceres de elementos da missão das Nações Unidas em Timor-Leste (UNMIT), que apontam o executivo e em especial o primeiro-ministro como um obstáculo à ação da ONU no desenvolvimento do regime constitucional.

Esses pareceres constam de um documento interno da UNMIT, do qual o jornal Tempo Semanal obteve uma cópia que divulgou há dois dias e onde se diz que "o executivo, especialmente o primeiro-ministro, procura mais e mais poder em detrimento do Parlamento e do poder judicial".

O primeiro-ministro de Timor-Leste também atacou os países doadores, como a Austrália, afirmando que apesar de a comunidade internacional já ter gasto quase oito mil milhões de dólares (cerca de 5,6 mil milhões de euros) no país ao longo de oito anos não é visível "qualquer desenvolvimento físico", e há "até mesmo mais pobreza" em Timor-Leste, cita também o Sydney Morning Herald.

A presidência da República de Timor-Leste também já expressara hoje a sua indignação com o retrato feito no documento interno da UNMIT que aponta Xanana Gusmão como um obstáculo ao regime constitucional.

A nota do gabinete da Presidência refere "indignação com a inaceitável pseudo-análise inventada por um burocrata da UNMIT referindo-se à liderança do primeiro-ministro".

"Ninguém neste país, ou na região, está mais empenhado do que o primeiro-ministro Xanana Gusmão na democracia, no primado da lei e na paz", sublinha o documento da Presidência timorense.

Já na quarta-feira, em comunicado distribuído à imprensa, a UNMIT clarificou que o texto em causa "não constitui um documento oficial" daquela missão das Nações Unidas".

"Não representa o ponto de vista oficial da UNMIT. A posição oficial da UNMIT e da sua liderança pode ser vista na sua página na Internet. A UNMIT tem canais próprios para comunicar diretamente as suas posições ao Governo de Timor-Leste, e fá-lo numa base regular", conclui o comunicado divulgado quarta-feira pela missão da ONU, cujo mandato atual termina em 2012.



2 comentários:

Anónimo disse...

He lost it, isn't it? Here we go, the Dear Leader has spoken saying that he is: alergic and above all, immune to criticism. The internationals did not expect that one either, do they?

I wonder where is the Xanana who, over the years timorese grew to respect and the internationals put on pedestral! What a shame!

Anónimo disse...

In a mixed blessing, Alkatiri must have felt relieved. The internationals spent their time criticising Alkatiri for fun, despite the latter never lashed out this way. Alkatiri's critics picked on his lack of smilling over the one who cried a lot, I mean A LOT, but now at least they have seem the other side of Mr crying a LOT.

Mais lidas da semana