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Díli, 30 mai (Lusa) -- Timor-Leste tem possibilidades de realizar as reformas necessárias para poder entrar no mercado único do Sudeste Asiático (AEC), que a ASEAN pretende criar em 2015, defendeu hoje em Díli João Saldanha, do Ministério das Finanças.
Aquele quadro superior do Ministério das Finanças timorense, ao intervir na conferência de consultas sobre a adesão à Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e as perspetivas até 2030, salientou que o país já tem condições que facilitam a entrada no mercado único.
O responsável apontou nomeadamente a taxa sobre os direitos de importação de bens e serviços inferior a cinco por cento, exceto para a eletrónica de consumo, poucas restrições à livre circulação de capitais e ao investimento estrangeiro, bem como ao fluxo de mão de obra que seja qualificada.
João Saldanha realçou, por outro lado, que está ao alcance de Timor-Leste manter o seu crescimento económico em dois dígitos por mais duas décadas, com o desenvolvimento das infraestruturas e a qualificação da sua população ativa.
"Os principais desafios que o país enfrenta são precisamente as infraestruturas subdesenvolvidas, as baixas qualificações e falta de produtividade, a ausência de direitos de propriedade", enumerou.
As autoridades contam, como motor para esse desenvolvimento, com os rendimentos do petróleo e do gás, prevendo que as receitas do Fundo Petrolífero dupliquem até 2015 e apostam no investimento público nas infraestruturas, nos recursos humanos e em setores chave da economia.
Lembrando que o crescimento entre 2007 e 2010 foi de cerca de 11 por cento, João Saldanha sustentou que é espectável que Timor-Leste possa manter esses níveis de crescimento.
"Timor-Leste parte de uma base baixa, a qualificação e a capacidade de inovação trarão ganhos de produtividade, a melhoria das infraestruturas e designadamente da rede viária irá descentralizar o crescimento a outros distritos, que por agora se concentra em Díli, as reformas vão incentivar o fortalecimento do setor privado", justificou.
Segundo aquele quadro superior do Ministério das Finanças, na primeira década o crescimento económico deverá assentar sobretudo no crescimento das produções agrícolas e do petróleo e do gás, mas será a indústria e os serviços que deverão sustentar os dois dígitos de crescimento na segunda década, através da integração regional e global, mediante o incremento das trocas comerciais e em especial das exportações.
Pelas projeções do Ministério da Economia até 2030, Timor-Leste vai sofrer profundas alterações estruturais que farão reduzir o peso da agricultura (de 30 por cento em 2010 para 20 por cento em 2030), aumentar significativamente o da indústria e serviços (de 31 por cento para 60 por cento) e diminuir o setor público (de 55 por cento para 20 por cento).
Entre as medidas macroeconómicas que defendeu, João Saldanha apontou o controlo dos gastos do Estado, conter a inflação em níveis não superiores a um dígito, manter a economia baseada no dólar norte-americano nos tempos mais próximos e dar sustentabilidade à balança de pagamentos através da redução do deficit comercial, incrementando as exportações.
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