terça-feira, 31 de maio de 2011

Timor: Rede elétrica deixa de fora 50 mil famílias que Governo quer servir com renováveis




MSO - LUSA

Díli, 31 mai (Lusa) -- Mais de 50 mil famílias timorenses vão ficar à margem do projeto da rede elétrica nacional, porque não é racional fazer esse investimento, disse à Lusa o secretário de Estado da Política Energética, Avelino Coelho.

O Governo tem em curso o Plano de Eletrificação Nacional, que compreende as centrais de produção de energia, a partir de óleo pesado ou gás natural, e a montagem de linhas de distribuição.

Apesar de ser considerado o maior investimento público em infraestruturas alguma vez feito em Timor-Leste, vão ficar de fora da rede elétrica nacional mais de 50 mil famílias, de acordo com o levantamento feito pelas próprias autoridades timorenses.

A razão, segundo explicou à Lusa Avelino Coelho, é que o relevo acentuado do interior do país, a dispersão das suas aldeias e o número reduzido de consumidores em alguns dos agregados populacionais, tornam incomportáveis os custos para fazer chegar a rede elétrica a esses pontos.

"É possível que algumas dessas situações se venham a resolver por si mesmas e que as pessoas se venham a deslocar por sua iniciativa para áreas mais próximas das estradas e de outras infraestruturas, ou se venham a fixar noutros centros, atraídas pelas melhores condições de vida, mas não todas", admitiu Avelino Coelho.

Melhorar as condições de vida das populações nas áreas remotas, através da auto-produção de energia é a aposta de Avelino Coelho para resolver o problema.

O secretário de Estado da Política Energética apresentou ao Conselho de Ministros o Plano de Eletrificação Rural, com o objetivo de suprir a impossibilidade de fazer chegar a rede de eletricidade nacional, e que assenta nas energias renováveis.

"O plano de eletrificação rural envolve a introdução de componentes de energias renováveis e a participação da comunidade na sua gestão, organizada em moldes cooperativos", explicou à Lusa.

O plano contempla dois modelos de instalação: uma "individual", em que cada casa produz a sua própria energia, sobretudo com recurso a painéis solares fotovoltaicos, e o tipo de solução "coletiva", baseado numa unidade de produção para servir um conjunto de edifícios ou habitações.

Nesses sistemas "coletivos" são previstas mini-hídricas, centrais eólicas e de biogás, sendo a exploração e gestão entregue a cooperativas elétricas locais.

"Para os grupos de beneficiários de sistemas de painéis solares individuais, temos previsto que seja o chefe de suco (presidente de freguesia) quem se responsabiliza pelo contrato e controla o sistema instalado na jurisdição do seu suco", disse

"Para a exploração de centrais elétricas comunitárias propomos que sejam formadas cooperativas locais para gerir essas centrais", referiu o secretário de Estado.

A política de eletrificação rural foi apresentada para ser discutida em Conselho Ministros, com base no sucesso de alguns projetos-piloto que têm de vindo a ser montados desde 2007 e que beneficiam já oito mil famílias.

De acordo com Avelino Coelho, o levantamento dos custos para a execução do Plano de Eletrificação Rural está a ser feito, pelo que ainda não é possível ter uma previsão orçamental, mas, acrescentou, em 2012 mais famílias deverão ser beneficiadas, de acordo com as disponibilidades do orçamento.

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