DESTAK - LUSA - Ontem
As legislativas de hoje marcaram um novo recorde com a abstenção a atingir a taxa mais elevada de sempre, 41,1 por cento, em 35 anos de eleições para a Assembleia da República.
De acordo com os dados disponíveis na página da Comissão Nacional de Eleições (CNE), estavam inscritos 9.429.024 eleitores, tendo votado 5.554.002.
Com 226 dos 230 mandatos atribuídos - os quatro mandatos dos círculos Europa e Fora da Europa serão conhecidos dia 15 - a afluência registada em território nacional foi de 58,9 por cento, o que resulta numa abstenção de 41,1.
Nas legislativas de 2009, a taxa de abstencionistas já tinha sido elevada: 40,32 por cento.
A taxa de abstenção em eleições legislativas tem vindo a aumentar em Portugal desde o primeiro sufrágio universal livre do género, há 36 anos, quando escassos 8,34 por cento dos eleitores não se deslocaram às assembleias de voto.
O número de abstencionistas tem vindo a crescer exponencialmente até aos 40,32 por cento registados nas últimas Legislativas, em 27 de Setembro de 2009, desde esse primeiro ato eleitoral, então para a Assembleia Constituinte, em 25 de Abril de 1975.
Só em três ocasiões se verificou um ligeiro abrandamento da tendência, em 1980, 2002 e 2005, respectivamente quando a coligação Aliança Democrática (AD) - constituída pelo PPD-PSD, o CDS e o Partido Popular Monárquico – venceu pela segunda vez, com maioria absoluta, assim como no triunfo do PSD de Durão Barroso e na primeira maioria absoluta do PS, com José Sócrates.
A AD teve 44,91 por cento dos votos, à frente da Frente Republicana e Socialista (PS, União da Esquerda Socialista e Democrática e Acção Social Democrata Independente), que obteve 26,65, e da Aliança Povo Unido (PCP, Movimento Democrático Português/Comissão Democrática Eleitoral), com 16,75.
Nessa altura, a abstenção recuou para 16,06 por cento, quando nas anteriores Legislativas, tinha atingido 17,13 por cento, em 02 de Dezembro de 1979.
Outra ligeira inversão do abstencionismo aconteceu em 17 de Março de 2002, quando os sociais-democratas, liderados por Durão Barroso, ganharam as eleições (40,21 por cento) ao PS (37,79 pc) - no qual Ferro Rodrigues sucedera a António Guterres, antes de formarem Governo com o CDS-PP (8,72 pc), presidido por Paulo Portas.
Aí, a taxa de abstenção cifrou-se em 38,52 por cento, ligeiramente abaixo dos 38,91 por cento registados na segunda eleição de Guterres, em 10 de Outubro de 1999.
Logo nas eleições seguintes, em 2005, depois do recurso à “bomba atómica” por parte do Presidente da República, o ex-dirigente socialista Jorge Sampaio, a abstenção voltou a diminuir.
Sampaio tinha dissolvido o Parlamento e o substituto de Barroso à frente do Executivo, Santana Lopes, “caíra”. Nas eleições que deram a Sócrates o seu primeiro mandato como primeiro-ministro, a abstenção ficou-se pelos 35,74 por cento, face aos anteriores 38,52.
Logo em 1976, no segundo ato eleitoral legislativo após o 25 de Abril de 1974, a abstenção crescera dos 8,34 por cento do primeiro sufrágio para os 16,47 por cento, seguindo-se 17,13 por cento, em 1979.
Nas quatro legislativas da década de 1980, o não exercício do direito de voto por parte dos Portugueses foi-se intensificando: 16,06 por cento (1980), 22,21 pc (1983), 25,84 pc (1985), 28,43 pc (1987).
O fenómeno ganhou maiores proporções nas últimas duas décadas, apesar das quebras no antepenúltimo e penúltimo sufrágios: 32,22 por cento (1991), 33,7 pc (1995), 38,91 pc (1999), 38,52 pc (2002), 35,74 pc (2005) e 40,32 pc (2009).
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