ANA LORO METAN* - reposição
O governo de Gusmão – AMP declarou por via do seu porta-voz, Agio Pereira, que "cerca de 96 000 pessoas saíram de uma situação de pobreza extrema, fruto dos 1,4 mil milhões de dólares (1,04 mil milhões de euros) de despesa pública que resultaram numa diminuição de nove por cento na pobreza, invertendo a tendência de subida revelada em 2007, quando a pobreza tinha atingido o seu máximo de 50 por cento", o que não se sabe é como chegaram a esta conclusão.
O governo de Gusmão – AMP declarou por via do seu porta-voz, Agio Pereira, que "cerca de 96 000 pessoas saíram de uma situação de pobreza extrema, fruto dos 1,4 mil milhões de dólares (1,04 mil milhões de euros) de despesa pública que resultaram numa diminuição de nove por cento na pobreza, invertendo a tendência de subida revelada em 2007, quando a pobreza tinha atingido o seu máximo de 50 por cento", o que não se sabe é como chegaram a esta conclusão.
Na opinião dos que viajam no interior de Timor Leste e na própria capital é comum comentar-se que a miséria “é imensa” e isso é o que condiz com aquilo que muitas vezes lemos na comunicação social em declarações de chefes de suco (similar a presidentes de junta de freguesia) e ONGs.
Se é verdade que o governo dispõe de estatisticas no sentido daquilo que foi declarado por Agio Pereira seria de toda a utilidade que nos fosse explicado como chegaram a esta assombrosa conclusão. Não é o que vimos e ouvimos por todo o país mas sim o contrário. Ou será que a fome, a miséria, todas as carências apontadas e sentidas já atingiu um grau tão elevado que as pessoas perderam o medo de falar e mostrar as suas misérias, o que não faziam anteriormente? Pois então importa que o governo as ouça, como nós na passagem e observando as vimos e ouvimos.
Está posto fora de causa que o governo nada tenha feito para minorar as carências das populações, na saúde e noutros setores. Grave é estar em causa que não tem feito o que deve na devida porporção aos gastos orçamentais que alega estar a ter no combate à miséria e fome dos mais carenciados ou na falta de infraestruturas de todos os cariz. E aí, equacionando, temos de nos recordar dos “desvios” e corrupções. Ou também já não existe corrupção no país? Por este andar parece que não, ou então alegam que foi bastante reduzida. Antes pelo contrário, há mais. Muito mais sofisticada nos métodos e quase com “livre trânsito” para circular, crescer e multiplicar-se.
Devemos ainda perguntar qual será o critério adotado pelo governo para definir pobreza extrema e pobreza “só”? Que dados possui que nos permitam compreender a veracidade das suas declarações?
Que actualmente há quem viva melhor do que há dois anos atrás? Pois claro que há. Melhor fora que não. Das falcatruas, das incompetências, das vilanias de certos elementos deste governo alguma coisa sobrou para implementações de melhorias. Era ainda mais vergonhoso que não. Mas onde andam certos e imensos milhões que o povo não os sente nem os viu? É aquilo que demasiados perguntam enquanto vêem passar por eles pessoas que ainda há um ano, dois ou três, quase nada tinham de bens seus. Eram pobres ou, com muito boa vontade, remediados!
E agora de um momento para o outro enriqueceram? Como explica o porta-voz ou o próprio primeiro ministro este “fenómeno”. E eles até têm nos amigos e família pessoas que milagrosamente deixaram de contar para as estranhas estatisticas da “pobreza extrema” ou “assim-assim”. Miséria é aquilo com que tropeçamos a cada passo no interior do país e nos bairros degradados de Dili. Há menos? Diz o governo… Não parece, nem é verdade!
A este propósito temos várias abordagens em artigos de opinião da Fábrica dos Blogues, aqui mesmo no TLN diário. Dispensamos mais considerações e limitamo-nos a recorrer à republicação da última opinião aqui publicada, retirada de Timor Agora.
Só mais um reparo: uma mostra de pobreza extrema é o descaramento com que Agio Pereira, representando o governo, se enfuna ao vento da prestidigitação, querendo fazer de todos nós cegos, surdos e, se possivel, iletrados e mudos.
*Conteúdo em reposição, original em Timor Lorosae Nação – diário – publicado em 04 de janeiro de 2011. Todos os conteúdos de opinião de autores do nosso coletivo e de amigos da Fábrica dos Blogues - publicados no Página Um e no Timor Lorosae Nação diário - estão a ser progressivamente transferidos para o Página Global.
2 comentários:
Sra Ana Loro Metan,
As estatisticas de todas as instituicoes/organizacoes internacionais relevantes a esta questao mostram que realmente a percentagem de timorenses em extrema pobreza reduziu bastante desde a altura em que o governo de Xanana Gusmao tomou posse.
O proprio Indice de Desenvolvimento Humano ja melhorou significativamente desde entao e elevou Timor a posicao 120 de entre 169 paises (Valor IDH em 2002=0,375; em 2005=0.428 e em 2010=0.502)
A espectativa de vida dos timorenses aumentou por cerca de mais de 2 anos a nascenca, mortalidade infantil para criancas abaixo dos 5 anos de idade e a mortalidade materna pos-parto foi reduzida a metade...
Por outro lado a senhora escreve um artigo destes sem qualquer fundamentacao recorrendo-se apenas a artigos de opiniao publicados por outros blogs associados a este e comentarios de leitores?
Um pouco mais de seriedade, por favor!
Junto a opiniao que emiti noutro post, intitulado: MISÉRIA, REALIDADE TIMORENSE QUE TEM SIDO ESCAMOTEADA (ALM)
O que e dificil e desmentir aquilo que os nossos olhos podem ver. As estatisticas oficiais nao podem desmentir aquilo que esta patente na imprensa timorense, no Suara Timor Lorosae, por exemplo, onde podemos ler, na data a que o post se refere em meses anteriores e seguintes, sobre a fome aqui e ali em Timor Leste. Nem as estatisticas oficiais podem desmentir o que uma ou outra ONG afirma publicamente, nem podem desmentir aquilo que podemos ver de oeste a leste de TL nas mais reconditas concentracoes populacionais e mesmo em maiores aglomeracoes como Dili. De nada vale querer ocultar a realidade. Quem o faz, socorrendo-se das estatisticas oficiais, esta a condenar o povo timorense a carencias inadmissiveis enquanto provavelmente goza dos usufrutos que pertencem a todos e nao so aos que estao no governo, nos partidos politicos e são protetores de um sistema que esta a fazer o povo sofrer com base em mentiras e necessidades criadas por verdadeiros ladroes. Ver com olhos que reportam a realidade e muito diferente de olhar para estatisticas manipuladas ou declaradamente produzidas por tendenciosos que querem desse modo ocultar as falhas daqueles que se governam em vez de governarem o pais com honestidade e decencia em prol do povo sofrido. Timorenses vendem filhos para comer (titulos da Lusa e outras agencias) prostituem-se, roubam, desesperam. Tudo isso vem na imprensa, contrariando as estatisticas. Essa e a verdade. Ja de nada vale quererem ocultar. Sem favor, porque é obrigacao de governantes, Atentem nas carencias em vez de se esconderem em estatisticas.
Muito obrigado ao leitor por contribuir para o debate e... nao se deixe enganar por numeros, olhe no terreno. No Timor real.
Ana Loron Metan
Enviar um comentário