sexta-feira, 3 de junho de 2011

Angola: MAUS-TRATOS CONTRA CRIANÇAS SE DEVEM À FRUSTRAÇÃO DE ADULTOS




ANGOLA PRESS

Luanda – O elevado índice de maus-tratos contra crianças se devem à frustração de certos adultos, como resultado da não concretização dos seus planos ou metas, disse hoje, em Luanda, o sociólogo Luís Kambamba.

O psicólogo, que falava à Angop sobre os índices de violências contra as crianças no país, que vão desde castigos intransigentes, estupros, cativeiros, mão-de-obra barata e outras formas de torturas, apontou a frustração como causa principal.

Para Luís Kambamba, diante deste fenómeno, o resultado que pode se tirar de uma análise feita no seio da sociedade angolana é de que “há um elevado índice de pessoas frustradas”.

“Todo o indivíduo frustrado tende a manifestar um comportamento agressivo. Na manifestação deste comportamento muitas vezes há impossibilidade de atacar o objecto frustrante, daí que muitos olham para a criança como um bode expiatório”, reforçou .

O psicólogo apontou, por outro lado, também o facto de muitas crianças serem resultado de gravidezes indesejadas e, por isso, são tidas como pequenos intrusos que dificultam a vida dos pais.

Referiu ser prejudicial para qualquer sociedade maltratar crianças, uma vez que pode gerar futuramente uma sociedade de pessoas completamente agressivas.

“A criança não é um adulto em miniatura, mas sim um ser em crescimento e ela tem uma grande capacidade de assimilar e demonstrar os valores que encontrou no meio em que nasceu”, ilustrou.

O entrevistado analisou psicologicamente um dos mais recentes factos de violência contra a criança, o caso da menor aquém foi queimada a boca com ferro de engomar por um membro da sua própria família, por alegado mau comportamento.

“Diante de um comportamento existe a reacção normal e a Patológica. Quando ela não corresponde ao estímulo que provocou estamos perante um caso patológico. Sou psicólogo social e vejo nesta adulta uma doente mental que apenas obedece aos seus instintos”, concluiu.

O psicólogo fez um apelo ao Ministério da Educação, no sentido de trabalhar com psicólogos na instrução dos petizes e no aconselhamento dos pais sobre formas adequadas de disciplina.

De acordo com o psicólogo, para o desenvolvimento pleno e harmonioso de sua personalidade, sempre que possível, deverá crescer com o amparo e sob a responsabilidade dos seus pais, mas, em qualquer caso, em um ambiente de afecto e segurança moral e material, salvo circunstâncias excepcionais.

“O 10º princípio reitera que a mesma deve ser educada dentro de um espírito de compreensão, tolerância, amizade, paz e fraternidade universal e com plena consciência. Ser protegida contra as práticas que possam fomentar a discriminação racial, religiosa, ou de qualquer outra índole”, concluiu.

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