quarta-feira, 8 de junho de 2011

BAD: Simplificar os processos de Governo é o caminho para reduzir a corrupção em África




NVI - LUSA

Lisboa, 08 jun (Lusa) - O presidente executivo da Galp Energia recomendou hoje uma "simplificação dos processos de Governo e administrativos" nos países africanos para "reduzir a corrupção" e assim criar um espaço para que as empresas sejam mais eficientes e desenvolvam mais projetos.

"Eu se tivesse que investir em África, como entidade que apoia África, eu investiria na simplificação dos processos de Governo e administrativos das sociedades. A partir daí, a corrupção reduz-se radicalmente, e cria-se um espaço para a atuação das empresas muito mais eficiente, o risco dos países diminui, o custo de capital é mais baixo e os projetos são mais rentáveis", disse à Lusa Manuel Ferreira de Oliveira.

O presidente da Galp falava à margem de uma conferência sobre energia, integrada na reunião anual do Banco Africano de Desenvolvimento, que decorre até sexta-feira em Lisboa.

A Galp Energia, recordou o presidente da petrolífera, está presente em vários países africanos e por isso tem enfrentado experiências diferentes no que toca à burocracia.

"[A legislação] varia de país para país. A Galp Energia está presente em seis países de África na ótica do downstream, da distribuição da eletricidade, e há países onde os níveis de burocracia já são entendíveis e outros em que fazer qualquer coisa demora uma eternidade. Isso tem a ver com a reforma dos Governos e das administrações públicas", explicou.

Em África, a Galp está presente em Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Suazilândia, Gâmbia e Guiné-Equatorial.

Ao longo da conferência, Ferreira de Oliveira usou sempre a palavra "burocracia" e à saída explicou porquê. "Eu não usei nunca a palavra corrupção, usei a palavra burocracia. E usei-a intencionalmente, porque penso genuinamente que a corrupção é uma consequência da burocracia. Se os governos africanos tiverem processos administrativos que facilitem a execução de projetos e a atividade das empresas privadas, a corrupção automaticamente reduz-se", reiterou.

Quanto às necessidades energéticas de África, o responsável da Galp disse que o continente "precisa de políticas consistentes" e de uma visão ambiciosa, mas sem "esquecer os fundamentos da economia".

"O que precisamos de ter em África são conceitos económicos básicos: Não acreditar que o desenvolvimento se vai fazer com subsídios e apoios de instituições internacionais. Esse apoio é necessário e bem-vindo para os africanos, mas apenas para preencher uma lacuna temporal", sublinhou Ferreira de Oliveira.

"Os projetos estruturais são aqueles que em si mesmos são económicos e competitivos e que suportam a longo prazo o desenvolvimento de África", concluiu.

Ferreira de Oliveira recordou números da Agência Internacional de Energia para dar conta que nos próximos 20 a 25 anos, os investimentos em energia no continente africano ascenderão a 2,7 mil de milhões de dólares, a maior parte em petróleo e gás.

"É este setor que mais vai investir em África nos próximos anos, por causa das reservas de África. E África precisa bem de as desenvolver, para se alimentar a si própria e para recolher os recursos para suportar o crescimento de outras formas de energia mais sustentáveis a longo prazo", disse.

*Foto em Lusa

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