Cidade da Praia - O Primeiro - ministro de Cabo Verde prometeu que a situação de abastecimento de água à capital será resolvida entre hoje e quinta-feira, admitindo que a avaria na central dessalinizadora é "mais grave do que se pensava".
José Maria Neves falava terça-feira à noite aos jornalistas, após uma reunião de mais de duas horas com a Associação Cívica para o Desenvolvimento da Praia (Pró-Praia), com quem analisou a "crise da água" e os sucessivos cortes de energia eléctrica na capital de Cabo Verde, que acolhe mais de um quarto do total da população do país.
Há 17 dias consecutivos que não há água na Cidade da Praia.
O chefe do executivo cabo-verdiano admitiu que a avaria na principal unidade de produção de água da capital "é mais grave e complexa do que se pensava inicialmente", sublinhando que a informação que se dispunha antes, dando conta de que o problema "estava já identificado", foi contrariada pela primeira análise feita pelo especialista espanhol que se encontra no país desde segunda-feira.
Nesse sentido, acrescentou Neves, uma equipa de mais três elementos junta-se hoje ao técnico da empresa espanhola que montou a central dessalinizadora do Palmarejo, um dos novos bairros da Cidade da Praia, aguardando-se que, "a qualquer momento", a situação possa ser ultrapassada, pois vão todos trabalhar "dia e noite".
"Pode acontecer dentro de cinco minutos, uma, 24 ou 48 horas", disse, indicando que a "task force" criada quinta-feira pelo Governo está a trabalhar para minimizar os problemas de abastecimento de água aos mais de 132 mil habitantes da cidade, a que se juntam diariamente mais cerca de 20 mil "flutuantes".
Garantindo a "boa qualidade" da água, Neves afirmou que, hoje, a distribuição de água será feita de forma gratuita em todos os hafarizes da capital, abastecidos a partir dos furos existentes nos arredores da cidade -- João Varela, Ribeirão Chiqueiro, Santa Clara e São Jorginho --, que permitirão aumentar o volume em 2.400 metros cúbicos (m3).
Habitualmente, a produção de água da central dessalinizadora do Palmarejo é de 7.400 m3/dia, estando a central a funcionar a menos de um terço da sua capacidade -- 2400 m3, a que se juntam outros 2.400 m3, que não entram na rede, para os autotanques.
Envolvidos na operação de emergência de distribuição de água à população da capital estão, além do Governo, a protecção civil, empresas privadas, Fundação Cabo-verdiana de Solidariedade, câmaras municipais, as embaixadas e outras instituições.
Segundo José Maria Neves, a avaria na central dessalinizadora, "relativamente recente", "parece ter ocorrido" no sistema informático, constituindo um "problema técnico" de que pouco percebe.
O Primeiro - ministro cabo-verdiano garantiu que, até Dezembro deste ano, entrará em funcionamento uma nova dessalinizadora de 5000 m3 para abastecer a capital, que irá resolver parte do problema, criando um sistema de reserva e evitando situações de rotura.
Sobre os investimentos em curso, José Maria Neves disse que o executivo tem previsto gastar quatro milhões de contos (36,2 milhões de euros) na rede de esgotos, ligações domiciliárias, extensão e melhoramento da rede de distribuição em 7,5 quilómetros, devendo estar tudo concluído até meados de 2012.
Desde 23 de Maio que a capital de Cabo Verde está sem água nas torneiras, primeiro devido a obras de beneficiação na rede (seis dias) e, desde 29 de Maio, na sequência da avaria, detectada quando se procedeu à ligação da dessalinizadora.
*Foto em Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário