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Hong Kong, 02 jun (Lusa) -- A Aliança de Apoio aos Movimentos Democráticos e Patrióticos na China espera reunir no sábado em Hong Kong mais de 150 mil pessoas numa vigília de homenagem às vítimas do massacre de Tiananmen de 1989.
Tiananmen é um assunto que as autoridades chinesas evitam referir mas, na antiga colónia britânica, que goza das liberdades de expressão e reunião previstas no "segundo sistema", o assunto é discutido de forma aberta e a cidade é, anualmente, palco de uma vigília que recorda o assalto dos militares chineses à praça de Pequim.
No sábado, a iniciativa, "já autorizada pelas autoridades", repete-se no parque Vitória, onde são esperadas, "mais de 150 mil pessoas", disse à agência Lusa o vice-presidente da Aliança de Apoio aos Movimentos Democráticos e Patrióticos na China, Richard Tsoi, que organiza há 21 anos a vigília.
"Nos últimos dois anos temos contado com a participação de cerca de 150 mil pessoas e no sábado esperamos juntar ainda mais residentes de Hong Kong para voltarmos a reivindicar reformas democráticas na China e a revisão da posição de Pequim sobre o movimento pró-democrático dos estudantes de 04 de junho", sustentou.
A homenagem às vítimas da repressão da primavera democrática de Pequim arranca às 20:00 locais (13:00 em Lisboa), mas durante a tarde vão ter lugar fóruns de discussão.
"Este ano vamos discutir a proposta do Governo de Hong Kong de integrar nos ensinos primário e secundário uma disciplina para elevar o conhecimento dos jovens sobre a China, que será lançada a consulta pública no próximo mês", disse à Lusa Richard Tsoi.
O pró-democrata justificou a escolha do tema por se recear que "essa proposta, caso seja implementada, contribua para reduzir o espírito crítico dos jovens de Hong Kong, ao transmitir-lhes apenas as versões oficiais de Pequim sobre determinados acontecimentos".
No parque Vitória vai voltar a ser erguida a já tradicional estátua da "Deusa da Democracia", mas a vigília deste ano não contará, pela primeira vez, com a presença do ativista político Szeto Wah, conhecido como "tio Wah", que faleceu em janeiro aos 79 anos.
"Esperamos também uma maior participação de residentes de Hong Kong em homenagem à memória de Szeto Wah", um dos fundadores da Aliança e do Partido Democrático, disse Tsoi ao garantir que a Aliança, constituída em Hong Kong em 1989, "irá dar continuidade ao legado do 'tio Wah', defendendo a democratização da China".
A vigília de sábado vai ainda servir para "apelar a Pequim à libertação de ativistas, como o artista chinês Ai Weiwei, e melhoria da proteção dos direitos humanos no país", acrescentou Tsoi.
A Região Administrativa Especial de Hong Kong é, há 21 anos, o palco mais importante das ações destinadas a lembrar a repressão na noite de 03 para 04 de junho de 1989 em Pequim e foi, como Macau, refúgio e ponto de passagem de muitos dos líderes do movimento pró-democrático estudantil de Tiananmen.
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