Weiwei fala com jornalistas diante de sua casa |
DEUTSCHE WELLE
A libertação do artista chinês e crítico do regime de Pequim Ai Weiwei causou alívio internacional. À Deutsche Welle, ele disse estar em casa e bem de saúde. Em liberdade condicional, afirmou não poder dar entrevistas.
As autoridades chinesas libertaram o artista e crítico do regime chinês Ai Weiwei nesta quarta-feira (22/06), após o pagamento de uma caução. Ao "admitir sua infração", ele teria mostrado uma "atitude positiva", noticiou a agência oficial de notícias da China Xinhua. Outro motivo alegado para a libertação teria sido uma doença crônica de que Weiwei sofreria. Segundo a polícia, ele teria se prontificado a pagar os impostos sonegados.
"Sinto-me bem normal"
"Está tudo OK, me sinto bem", disse Ai Weiwei à Deutsche Welle. "Estou sob liberdade condicional por pelo menos um ano, por isso não posso conceder entrevistas agora. Sinto-me bem normal. Eu me sinto da mesma forma como antes de tudo isso acontecer", disse o artista, proibido de sair de Pequim.
O governo alemão se manifestou satisfeito com a libertação de Weiwei. Segundo o porta-voz do governo, Steffen Seibert, a chanceler alemã, Angela Merkel, disse ser positivo "o fato de Ai Weiwei ter sido libertado". Merkel teria se engajado junto às lideranças chinesas pela liberdade ao artista, pelo acesso à sua família e o apoio de um advogado.
Também os líderes da bancada do Partido Verde no Parlamento alemão, Renate Künast e Jürgen Trittin, saudaram a libertação. "Estamos aliviados que a liderança chinesa finalmente tenha soltado Ai Weiwei desta detenção sem fundamento". Segundo eles, a medida foi uma reação aos protestos em todo o mundo.
Muitos dissidentes continuam presos
O presidente da Comissão de Direitos Humanos no Parlamento alemão, Tom Koenigs, se disse aliviado. "O fato de não se ter sabido onde ele estava era especialmente assustador", observou Koenigs, que questiona confissões feitas sob tais condições. O deputado alemão espera que este seja o começo de uma distensão, "pelo menos no tocante a detenções ilegais na China".
O estudioso em assuntos sobre a China Tilmann Spengler se disse contente pela libertação de Weiwei, "sejam quais tenham sido as condições para isso". Ele ressalta, no entanto, que Weiwei "foi apenas uma das tantas vítimas desta política", referindo-se ao fato de muitos outros chineses serem oprimidos pelo regime chinês.
Spengler era membro da comitiva do ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, que viajou a Pequim para abertura da exposição Arte do Iluminismo, a maior mostra de arte alemã no exterior. A China, no entanto, não permitiu a entrada de Spengler no país.
Anistia Internacional exige libertação completa
Também Chine Chan, porta-voz da Anistia Internacional em Hongkong, salienta que ainda há muitos dissidentes presos, inclusive quatro funcionários de Weiwei. "Nós nos importamos muito com estas pessoas, por isso exortamos o governo chinês a libertá-las o mais rápido possível". Ela também apela para que Ai Weiwei seja completamente liberado e não fique, "de alguma maneira, preso em casa".
Ai Weiwei foi detido em 3 de abril deste ano no aeroporto de Pequim, ao tentar embarcar para Hong Kong. A polícia o acusa de evasão fiscal em larga escala e destruição de documentos de contabilidade de uma empresa controlada pelo artista.
Apoiadores de Weiwei acreditam, no entanto, que a prisão tenha sido parte de uma onda de prisões de dissidentes chineses, depois que ativistas haviam começado a convocar, pela internet, manifestações nos moldes dos protestos que aconteceram recentemente em países árabes.
Autor: Christoph Ricking (rw) - Revisão: Marcio Damasceno
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