CORREIO DO BRASIL, com agências internacionais - de Damasco
Pelo menos 30 pessoas morreram no fim de semana em confrontos entre moradores de Homs, na Síria, disse uma entidade de direitos humanos. É o primeiro relato de conflitos entre facções desde o início da onda de protestos contra o presidente Bashar al-Assad, em março.
Rami Abdelrahman, diretor do Observatório Sírio dos Direitos Humanos, disse na segunda-feira que os confrontos entre moradores favoráveis e contrários a al-Assad começaram no sábado, depois que corpos de partidários sequestrados de al-Assad foram devolvidos desmembrados a seus familiares.
Homs é um dos principais focos da rebelião, e há dois meses a cidade foi ocupada por militares que tentam sufocar os protestos contra Assad. Essa cidade, no centro da Síria, é um microcosmo do cisma religioso do país: tem uma maioria sunita e vários grupos minoritários, como os cristãos e os muçulmanos alauitas (seita à qual al-Assad pertence).
“Pelo menos 30 civis foram mortos…, eles caíam depois que confrontos civis entre (moradores) pró e antirregime começaram, no sábado”, disse o Observatório em nota. “Esses confrontos são um fato perigoso, que abala a revolução e serve aos interesses dos seus inimigos, que querem transformá-la em uma guerra civil”.
O ativista Mohamad Saleh, morador de Homs, disse que na segunda-feira já não há mais conflitos, mas que os moradores estão tensos. Segundo ele, um grupo de alauitas, incluindo quatro policiais, desapareceu na quinta-feira. Os corpos de quatro deles foram achados no sábado, com os olhos arrancados. Outros seis foram encontrados no domingo.
– Imediatamente, algumas pessoas do bairro deles foram às ruas e queimaram, roubaram e destruíram pelo menos 12 lojas pertencentes a sunitas. As forças de segurança ficaram assistindo e não fizeram nada. Eu vi. Aí o tiroteio começou, e não sabíamos de onde vinha, e as pessoas começaram a morrer de ambos os lados – afirmou o morador à agência inglesa de notícias Reuters por telefone.
Saleh disse que os moradores de Homs culparam “bandidos” sunitas e alauitas pela violência.
– Isso é perigosíssimo, estamos tentando acalmar as coisas. Ninguém em Homs aceita isso, as pessoas não querem essas divisões – declarou.
Os protestos contra Assad começaram em áreas rurais sunitas da Síria, mas rapidamente se espalharam para as cidades, onde há maior mistura sectária. Pelo menos 1,4 mil civis já foram mortos desde o início da rebelião, segundo organizações de direitos humanos.
As autoridades sírias atribuem a violência a grupos armados vinculados a militantes islâmicos, e dizem que pelo menos 500 policiais e soldados foram mortos desde março.
Sem comentários:
Enviar um comentário