domingo, 17 de julho de 2011

EUA, INGLATERRA E AUSTRÁLIA - OS PIRATAS DO SÉCULO XXI





O REGIME DE MATRIZ NEOCOLONIAL E CASTRADOR DA AUSTRÁLIA

Por nada e por tudo não devemos confiar na aparente boa vontade, decência, boa vizinhança e na falsa honestidade dos governos do regime australiano. Como piratas dos mares e oceanos dos tempos das naus patrocinadas pelo reino de Inglaterra, tantos séculos depois, os governos australianos continuam com a mesma mentalidade de assaltar e roubar as soberanias e os bens das nações que “navegam” em seu redor e até em países bem mais distantes mas a quem a anglofonia declara guerras hediondas pelo saque de bens naturais sob os mais variados falsos pretextos. O certo é que ocupam esses países, o certo é que fomentam a desestabilização, o certo é que assassinam civis sob a alegada capa de serem terroristas, o certo é que colhem benefícios enormes sob o falso pretexto de levarem a paz e a democratização. Assim acontece no Iraque, no Afeganistão, nos principais países detentores de enormes jazidas de petróleo ou daquilo que lhes interesse saquear, piratear. Esse é o quadro a que se assiste há séculos no território vizinho de Timor-Leste, antes colónia de Portugal e atualmente independente.

Para os governos da Austrália as palavras cinismo, abordagem, assalto e chacina, dos tempos da pirataria, mantêm-se atuais. Outra coisa não têm feito relativamente a Timor-Leste bem como a muitos dos países que ladeiam a ilha continente “australis” – território dantesco, multifacetado, riquíssimo, bravio, lindo e com imenso por explorar no melhor e mais decente significado do termo daquela palavra, até mesmo com um povo multirracial e que tem bastante de generoso. Como potência da Australásia até parece que os que integram os governos do país e de grandes impérios empresariais continuam a navegar ao sabor do saque, da pirataria, da chacina de naus menores que afinal são pertença reconhecida de outros povos que só querem exercer o seu direito de independência e de propriedade e que não os abordem sob más intenções mas sim com amizade, honestidade, respeito e transparência de cooperação.

Quis a natureza compensar os timorenses com jazidas de petróleo de valor considerável. Ao longo de séculos registaram-se imensas abordagens de piratas em busca das riquezas naturais da pequena meia-ilha. Naus holandesas, inglesas e portuguesas, foram as que mais acostaram e se apoderaram dos bens timorenses ao longo dos séculos. Por mais de quatrocentos anos Portugal conseguiu a posse “ultramarina” do território que é hoje Timor-Leste, até que os EUA, a Austrália e a Indonésia – esta última sob forte influência de um ditador assassino e sem escrúpulos – se apoderaram de todo o território e da vida e morte dos timorenses. O objetivo foi o petróleo do Mar de Timor, mais do que razões geoestratégicas e anticomunistas. Esses pretextos eram os alegados para ocupar, vilipendiar e saquear. Falsos pretextos que deram lugar na atualidade a razões antiterroristas e de implantar a liberdade e democracia. Sendo que o objetivo é o mesmo de há séculos: saquear. Vimos isso mesmo no Iraque, no Afeganistão, no Irão, na Líbia, etc. E vimos isso também em Timor-Leste, ilha mais próxima da Austrália naquela continuidade que é a nação Indonésia, também na agenda e na gula dos saqueadores anglófonos e dos saqueadores da pátria dos cifrões, até para mais por ser de religião muçulmana. A vontade não falta e certamente que o futuro virá a mostrar a Indonésia ocupada sob o pretexto do antiterrorismo como antes pelo alegado anticomunismo, numa febre anglófona pelo petróleo e outras riquezas. Não para já… Mas vontade não falta. É a ansiada abordagem da pirataria às riquezas naturais da Indonésia com Timor-Leste tão ali a jeito e também a servir de excepcional ponte para um imenso arquipélago de milhentas ilhas.

Os governos australianos têm procurado por todos os meios e sob vários pretextos dominar e ocupar Timor-Leste, antes e depois da independência. Em 1975 usaram o ditador Suharto os seus generais assassinos. Em 2006 usaram os seus serviços de inteligência e os da CIA para fomentarem a divisão do novel país entre loromonos e lorosaes – timorenses de oeste e de leste. Tiveram por aliados os bispos e outros clericais da igreja romana timorense, Xanana Gusmão, saqueadores timorenses corruptos e integracionista que ainda hoje prevalecem no governo AMP e nas suas ilhargas, graças a um golpe de estado que derrubou um governo legítimo reconhecido globalmente.

Quis a gula dos governos australianos de Howard, depois de Kevin Rudd e agora de Júlia Gillard desagradar a Xanana Gusmão, por o julgarem um fantoche nas cumplicidades e por tanto quererem apossar-se de tudo que para eles representava saque e consequente lucro. Apesar de aparentemente e na ONU reconhecerem a independência de Timor-Leste, os governos australianos mantiveram e mantêm as suas enormes ambições de continuarem a roubar aquilo que pertence aos timorenses seguindo um modelo adaptado à época em que aliados à Indonésia de Suharto saquearam as riquezas naturais timorenses. Isso tem sido por demais evidente. Têm procurado por todos os meios manterem as suas forças de ocupação, os seus militares, no país. Primeiro ocupando em conluio com Gusmão e Horta, em 2006, e depois usando variadas estratégias, incluindo um projeto da permanência de um centro de refugiados em território leste-timorense – que foi negado e bem. O futuro mostrará aquilo que preconizam usar por estratégia para se manterem a ocupar o país. Também a castração do desenvolvimento timorense tem sido contemplado na estratégia dos neocolonialistas agora chefiados por Júlia Gillard e Kevin Rudd através da face da Woodside e da exploração do petróleo e gás timorense provindo do Greater Sunrise. Aos governos australianos interessa agirem por todos os meios possíveis e impossíveis de forma a não permitir o desenvolvimento timorense no que respeita a serem donos do seu próprio destino, nem como país produtor de petróleo e gás natural. Porque isso fomentará especialização, empregos e tantas outras componentes que contribuirão para o desenvolvimento de Timor e melhor nível de vida do seu povo. Fomentará mais e melhor independência, melhor formação e educação. Mais saúde, melhores habitações e infraestruturas, etc. Isso se os dirigentes eleitos e nas suas ilhargas não enveredarem pela corrupção e roubo continuadamente – como agora acontece.

Pelos vistos os governos australianos mostraram tanto a sua gula e maldade, a sua falsidade, a sua traição, que Xanana Gusmão e até, talvez, o próprio Ramos Horta, tiveram de saber e demonstrar defender os reais interesses timorenses nesse capítulo e manter uma “guerra fria” contra as pretensões dos seus arquitetos, mentores e aliados anteriores no golpe de 2006. Fazendo finca-pé sobre o desembocar do gasoduto e exploração do Greater Sunrise em território terrestre timorense, na Costa Sul do país. Em vez de Darwin, na Austrália.

Foi por isso que vimos neste fim-de-semana passado a visita de Kevin Rudd, agora ministro dos negócios estrangeiros da Austrália, do governo alegadamente trabalhista de Gillard, deslocar-se a Timor-Leste em cerimónia de “peace and love”, num verdadeiro, hipócrita e enorme “beija-mão” ao país que querem continuar a dominar e explorar por todos os meios possíveis e imaginários. A visita de Rudd não tem outro significado. O que se espera é que Gusmão, Horta, as elites timorenses, o próximo presidente da República e próximo governo saídos das eleições em 2012 mantenham a defesa da soberania do país e dos reais interesses que os governos australianos sempre atacaram apoiando invasões assassinas e golpes de estado com o mesmo conteúdo, fomentando o atraso e a miséria que depois dizem combater com “dádivas cooperativas e humanitárias” suportadas pelos milhões de dólares que por décadas criminosamente têm saqueado dos bens naturais timorenses no Mar de Timor, comportando-se como piratas do século XXI, em Timor-Leste como noutras partes do mundo.

Nota: Apesar de não incluídos neste texto, porque no caso seria a despropósito, França e Alemanha – para além de outras pequenas e médias potências militares e económicas – não devem ser ignoradas naquilo que representam atualmente na corrida ao saque nos países produtores de hidrocarbonetos, petróleo, gás natural e outros minerais valiosos doados pela natureza e pertença daqueles que os da pátria do cifrão desestabilizam, ocupam e usam criminosamente através dos modos mais torpes que a humanidade possa avaliar.

*Carlos Tadeu é arquitecto paisagista, ambientalista. Tem por “hobbies” interesses em história, geografia, viagens longas e anotações que ainda não partilhou. Começou há alguns meses a colaborar no Página Global.

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