quarta-feira, 20 de julho de 2011

Timor-Leste: ACADEMIA DE INDÚSTRIAS CRIATIVAS DEVERÁ ARRANCAR NO FINAL DO ANO




CORREIO DO MINHO

A criação da Academia de Artes e Indústrias Criativas de Timor-Leste vai arrancar em outubro, com a formação de um comité que auscultará os grupos artísticos, disse hoje à Lusa David Palazon, dinamizador do projeto.

Preservar a cultura de Timor-Leste, servindo de ponto de encontro entre a conservação e a inovação é a matriz do projeto, que poderá vir também a agregar uma componente pedagógica, com vista a habilitar os que frequentam a Academia a dar aulas de ensino artístico nas escolas públicas.

“O próximo passo é criar um comité, com representação de várias entidades da Cultura, Finanças, Economia, Turismo e Educação, e firmar um documento, para em outubro começar a criar grupos de discussão, com pintores, escultores, músicos, e começar a dinamizar o projeto de maneira informal”, disse.

“Todos os artistas têm o seu próprio sonho. Trata-se de conectá-los a uma plataforma que vá gerar criatividade, de lhes facultar espaços que podem utilizar, com serviços técnicos e de compartilhar os seus conhecimentos”, explicou David Palazon.

O primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, já se manifestou favorável ao projeto.

“A criação de uma Academia Nacional de Artes e Indústrias Criativas é fundamental para salvaguardar as artes tradicionais timorenses, ao mesmo tempo que imprime um toque de modernidade e inovação para projetar a nossa riqueza cultural e artística no futuro”, disse.

David Palazon defendeu que, ainda que com o apoio do Estado, a Academia “deve ser autónoma porque a criatividade requer independência”, sem nunca perder de vista a cultura tradicional como ponto de referência.

O responsável pelo projeto referiu que “os estudantes no primeiro ano devem pesquisar e experimentar essa cultura e no segundo ano criar os seus próprios projetos”.

“Na minha opinião, a formação deve incluir 40 por cento de cultura local, 40 por cento de experimentação e 20 por cento de intercâmbio, porque também existe mundo e Timor não deve ficar fechado sobre si próprio”, disse.

A apresentação pública da ideia decorreu no Mercado Lama, em Díli, num encontro que reuniu “pessoas que já praticam as indústrias criativas, timorenses e estrangeiros, com uma relação com Timor pelos seus estudos em pintura, escultura, arquitetura, literatura, poesia, música e outras manifestações artísticas”.

Foi uma mostra do que poderá vir a ser a Academia, em que até Xanana Gusmão, o poeta, declamou, e que teve como um dos seus momentos altos o concerto de abertura.

“Foi um momento multicultural que espelhou a História de Timor através do tempo, com o tempo de Timor, o tempo de Portugal, o tempo da Indonésia o tempo internacional, o tempo da independência. Foi um concerto brutal, nunca visto em Timor-Leste”, disse David Palazon.

“Trouxemos vários grupos tradicionais, as danças de Manatuto que têm forte influência de Portugal, música de Java e de Bali, dança contemporânea misturada com inspiração tradicional e também música mais internacional, nomeadamente brasileira. Timor é cultura tradicional, mas também contemporânea. Tudo isto é Timor”, concluiu.

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