sábado, 2 de julho de 2011

Timor-Leste: GOVERNO DESAFIA GALP A INVESTIR TAMBÉM NOS BIOCOMBUSTÍVEIS




MSO - LUSA

Díli, 01 jul (Lusa) -- O secretário de Estado da Política Energética de Timor-Leste, Avelino Coelho, convidou hoje a Galp a desenvolver investimentos no país, no setor dos biocombustíveis.

Durante um debate sobre o futuro dos "combustíveis verdes", integrado no encontro sobre energia realizado em Díli, Avelino Coelho salientou que Timor-Leste, apesar de 80 por cento da sua população viver da agricultura, tem mais de um milhão de terras por cultivar, que pode ser aproveitado para o cultivo de oleaginosas para produzir biocombustível.

Apesar dos recursos consideráveis em petróleo e gás natural do país, Timor-Leste tem uma dependência energética quase total do exterior, que Avelino Coelho quer ver reduzida.

Por isso, salientou, a política energética do Governo de que faz parte têm como grandes linhas a redução da dependência externa, a aposta nas renováveis e a proteção do ambiente.

De acordo com os estudos que estão na posse da sua Secretaria de Estado, existem potencialidades no país para produzir até 252 megawatts com recursos hídricos, 72 megawatts de energia eólica e até 40 megawatts em parques solares.

A aposta nos biocombustíveis é outra das componentes da política do Governo, que avançou já com um campo experimental de 150 hectares, onde os agricultores associados em modelo cooperativo cultivam jatrofa, e montou uma destilaria com capacidade para produzir entre 1.500 a 2.000 litros por dia.

"Estamos a fazer esse estudo prático, com uma produtividade de cerca de um litro por cada três quilos de sementes de jatrofa, planta que não é estranha a Timor, onde se dá até no monte Ramelau e que já era cultivada pelos nossos ancestrais desde há séculos", disse.

Segundo o secretário de Estado, o Governo quer encorajar o investimento privado com garantia de mercado, determinando uma percentagem de incorporação de biocombustíveis no mercado nacional, sem excluir a possibilidade de investimento público.

"Gostaríamos de ver a Galp desenvolver investimentos nos biocombustíveis", afirmou, adiantando que deverão ser definidas zonas energéticas na Lei de Base das Renováveis, que deverá ser apresentada ao Parlamento no próximo ano.

No que respeita à posse da terra, Avelino Coelho afirmou que estão a ser analisadas duas possibilidades: uma, de concessão direta por um prazo alargado, e a outra de organização dos produtores em modelo cooperativo, com assistência técnica do investidor.

Mudar a monocultura e orientar os camponeses para o aproveitamento máximo das suas parcelas é o objetivo, segundo Avelino Coelho, que vê no cultivo de oleaginosas "benefícios para o povo", sendo "uma opção que pode contribuir para um impacto social relevante, ao garantir um produto com valor no mercado, aos que dependem da terra".

"Após a extração do óleo, podem ainda ser aproveitados subprodutos para o fabrico de biobriquetes", acrescentou o membro do Governo, questão que está em estudo, atendendo também a que a maioria da população utiliza lenha e carvão para cozinhar, que estes podem substituir, sendo uma mais-valia também económica.

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