Fabiane Roque, da Agência Lusa
Rio de Janeiro, 07 ago (Lusa) -- Diante dos gastos garantidos em lojas e quiosques do Aeroporto Internacional Tom Jobim, a chegada e partida dos angolanos às terças, quintas e domingos no Rio de Janeiro passou a gerar expectativa entre os comerciantes.
Vendedoras de pequenos comércios que oferecem produtos que vão desde maquilhagem e chocolates, passando por souvenirs e cerveja, são unânimes em apontar os angolanos como a nacionalidade mais "mão aberta".
Segundo as vendedoras, a presença dos africanos às terças, quintas e domingos -- dias em que chegam e saem os voos da TAAG que operam a linha Luanda-Rio de Janeiro -- são garantia de maior faturação.
"Aqui vem sempre muito argentino e francês, mas eles só olham e nunca compram. Os angolanos que gostam de gastar, e sempre levam alguma coisa", contou à Lusa a vendedora Natacha, do quiosque da marca brasileira de cosméticos "O Boticário".
De acordo com Natacha, a média gasta por pessoa é de 300 reais (135 euros) e os produtos que mais saem são rímel, sombra e batom, destacando que não são só as mulheres as frequentadoras mais assíduas -- também os homens deixam os seus reais antes de embarcar de volta a Luanda em troca de perfumes masculinos e presentes.
"Eles não têm pena de gastar. Acho que são mais mão aberta, querem gastar os reais que têm na bolsa ainda. Às vezes vêm com 500 reais (225 euros) e querem gastar tudo aqui, para não voltar com reais para o país deles", palpita a vendedora.
No quiosque ao lado, onde se vendem lembranças da cidade, como miniaturas do Cristo Redentor e t-shirts com estampas que fazem referência ao Rio, Juvenilda diz que os angolanos só não ganharam ainda aos americanos, que continuam a ser os mais gastadores.
"Primeiro são os americanos. Dos angolanos, a maioria compra. Franceses vêm muitos, mas acham caro e não compram", afirma a responsável pelo caixa, ao explicar que os produtos mais procurados pelos africanos são as sandálias Havaianas e pequenos objetos que imitam os pontos turísticos.
Segundo Juvenilda a média por pessoa fica em torno de 50 reais (23 euros).
No piso onde está localizada a praça de alimentação, outra funcionária do caixa destaca a expectativa gerada em torno da presença angolana no aeroporto.
"Eles compram muito, sempre passam por aqui e compram. Não acho mão aberta. Eles reclamam do preço e pechincham bastante, mas acabam levando alguma coisa no final", afirma a vendedora da marca de chocolates Kopenhagen, onde uma tablete pequena custa em média 15 reais (cerca de sete euros), e uma caixa com bombons para presente pode chegar a mais de 200 reais (115 euros).
Na sua estimativa, cada angolano compra, em média, 70 reais em produtos (30 euros).
Mesmo na zona de desembarque, onde os produtos oferecidos limitam-se a bebidas e salgadinhos, os dias de chegada do voo angolano também ajuda a engordar a faturação.
"Eles gastam muito com cerveja, porque ficam tomando enquanto esperam a pessoa que vieram buscar", relata a vendedora, ao explicar que a maioria são homens entre 25 e 40 anos, que consomem entre 50 e 70 reais (23 euros e 31 euros).
"Quando vem a família toda, com mulher, filhos, aí o gasto é mais alto, porque também compram sucos e refrigerantes", completa, confirmando que os dias em que passam pelo aeroporto são mesmo os mais lucrativos.
A TAAG opera voos diários de Luanda para o Brasil, sendo três deles com destino ao Rio de Janeiro e outros quatro para São Paulo.
O voo para o Rio foi iniciado com apenas uma frequência na semana e há quatro anos subiu para três vezes semanais. De acordo com informações da TAAG, cada voo transporta até 293 passageiros.
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