segunda-feira, 8 de agosto de 2011

BOLSAS DESPENCAM: CONTER A MANADA EXIGE UM BRIDÃO ESTATAL E POLÍTICO





O  anúncio de que o Banco Central europeu compraria títulos da dívida pública espanhola e italiana reverteu a espiral de juros que os investidores vinham impondo a Roma e Madrid. Mas no meio da manhã Angela Merkel acionou o lança chamas germânico: a dama de ferro avisou que não haveria recursos adicionais a fundos destinados a amparar economias  incendiadas pela crise mundial.

A reticência da dama-de-ferro a uma ofensiva estatal anti-crise atiçou as labaredas da incerteza que alimentam fugas e ataques de capitais. Mais que isso deu aos mercados financeiros nova evidência de que o dinheiro  é Rei. Manda e desmanda porque a Política resignou-se ao papel de  vassala que lhe coube no enredo do neoliberalismo. Países e lideranças apequenaram-se ao longo de décadas de submissão à agenda dos mercados. Na crise do modelo, revelam seu despreparo, tropeçam ea emitem sinais contraditórios. A única certeza é a falta de qualquer certeza, exceto uma: a economia capitalista não volta ao trilho do crescimento sem uma ação estatal coorrdenada e contundente. A agonia pode demorar anos em lenta espiral declinante. 

Quem tem dinheiro em ações e depende de  lucros para obter dividendos se acautela e  dispara ordens de vendas;  poucos se dispõem a aceitar o convite para a compra. Bolsas despencam em todo o mundo nesta 2º feira. Caiu a ficha: a crise dos mercados financeiros desregulados requer ação política forte para devolver as manadas ao piquete. Ninguém se apresenta para botar a sela e o bridão no dinheiro chucro que continua a distribuir coices urbi et orbi.

(Carta Maior; 2º feira, 08/08/ 2011)

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