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Cidade da Praia, 21 ago (Lusa) -- A chuva, a fraca participação, apelos ao voto e a polémica em torno da confusão registada sábado, dia de reflexão, estão a marcar hoje a segunda volta das eleições presidenciais em Cabo Verde.
A chuva, praticamente ausente durante o processo eleitoral, caiu hoje com intensidade nas ilhas do norte do arquipélago, o que não permitiu a abertura, em tempo útil, de quatro mesas da ilha de Santo Antão (totalizam 652 eleitores), com a votação a ser adiada para segunda-feira, dentro do mesmo horário.
O mau tempo foi, aliás, o causador dos muitos atrasos nas aberturas das urnas em todo o arquipélago, já que, na madrugada, as fortes chuvas afetaram também as ilhas do sul e leste, criando dificuldades no acesso dos elementos das mesas às respetivas assembleias de voto.
Sem incidentes de maior, a fraca afluência tem sido uma constante ao longo do dia e, embora não haja termos de comparação com a votação da primeira volta, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) teme que a abstenção possa ultrapassar os 46,8 por cento registados a 07 deste mês.
Não sendo claro qual dos dois candidatos irá a abstenção favorecer, tanto Jorge Carlos Fonseca, vencedor da primeira volta, como Manuel Inocêncio Sousa afirmaram-se esperançados num "aumento significativo" da participação ao falarem, de manhã, aos jornalistas após exercerem o direito de voto.
Nas declarações ficaram também avisos à alegada "falta de eficácia" da CNE, com José Maria Neves, primeiro-ministro e líder do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, no poder) e Carlos Veiga, presidente do Movimento para a Democracia (MpD, oposição), a deixarem críticas ao órgão eleitoral que está sem presidente desde abril último.
Em causa está a polémica em torno da divulgação de uma notícia falsa -- a alegada prisão do delegado da CNE nos Estados Unidos -, em que a CNE é acusada de, ao não informar atempadamente as candidaturas, ter permitido que a comunicação social especulasse sobre o assunto em pleno dia de reflexão.
A comunicação social, aliás, foi também um dos alvos de José Maria Neves, que se questionou como é possível que uma notícia falsa possa ter eco na imprensa sem que antes seja confirmada.
Com Fonseca e Inocêncio a passarem ao lado da polémica, outra, bem concreta, foi levantada pelos jornalistas quando questionaram o Presidente cessante, Pedro Pires, sobre a influência da época das chuvas na fraca afluência às urnas, uma vez que se trata do período de férias e, ao mesmo tempo, da lavoura no meio rural.
O chefe de Estado cessante respondeu que se limitou a cumprir a lei e que as pessoas devem parar de procurar justificativas para possíveis maus resultados.
"Não está escrito que devemos marcar as eleições para a primavera, para o mês de maio ou para o mês de dezembro. O que está dito é que há um período, há um prazo e há que cumprir a lei. Acho que as pessoas devem evitar estar sempre à procura de desculpas, porque não se aplicam ou não se empenham, ou estão à procura de um bode expiatório para justificar este ou aquele resultado", sustentou.
Os primeiros resultados oficiais deverão ser conhecidos cerca de uma hora após o encerramento das urnas (às 18:00 locais, 20:00 em Lisboa), que, segundo a CNE, decorreu dentro da normalidade.
*Foto em Lusa
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