ROMEU PRISCO, São Paulo – DIRETO DA REDAÇÃO
São Paulo (SP) - Ah-Ah-Ah é a tripla risada que os chineses devem estar dando do Presidente da nação mais poderosa do mundo, diante da sua declaração de que os EUA não necessitam de conselhos e que ainda são dignos do crédito AAA, embora provocando, no curto espaço de três anos, outra crise econômica de alcance mundial. Obama está pagando pelos erros que cometeu e pela fraqueza que demonstrou desde o início do seu mandato, ao descumprir promessas eleitorais, principalmente por não ter acabado com as "guerras" (?) do Iraque e Afeganistão, o que também incluiria a retirada do maciço apoio financeiro e militar concedido a Israel. Quis agradar a oposição, a esta se entregou e, agora, tem que aceitar as migalhas dos falcões.
Enquanto isso, no Brasil, o Governo da Presidente Dilma Rousseff, por sua vez, chega à terceira crise ministerial: Casa Civil, Transportes e Agricultura. Em entrevista coletiva, o titular da pasta verde desafiou os jornalistas a provarem a ilegalidade de contratação de parente do Senador Renan Calheiros, para trabalhar naquele Ministério, em face da inexistência de nepotismo e de lei que a tanto o proíba. Claro, senhor Wagner Rossi, um favorzinho aqui, um favorzinho lá, e tudo se resolve. Cuidado, Ministro, porque se a moda pegar, afilhado de parlamentar pode detonar outra bomba no seu curral, a exemplo do que fez Oscar Jucá Neto, irmão do Senador Romero Jucá. Na versão tupiniquim, o PMDB está mais para carcará que para falcão.
Ainda no Brasil, no Ministério da Defesa, sai o jurista Nelson Jobim e entra o Embaixador Celso Amorim. Quando estiveram no poder, nem os militares-ditadores ousaram indicar um general para a presidência do Supremo Tribunal Federal, com direito à toga e tudo o mais. Pois agora, os civis-democratas estão indicando ex-ministros do STF e das Relações Exteriores para o Ministério da Defesa, com direito à farda e tudo o mais. No uniforme de campanha de Nelson Jobim, só faltavam as estrelas. Será que Celso Amorim vai se contentar com um posto mais modesto ?
Nunca foi da nossa tradição ter um civil no comando das Forças Armadas, que deveria continuar com um dos seus representantes. A propósito, por mais que tenham sido os excessos praticados pelos militares, não se justifica o ostracismo a que foram relegados na administração nacional. Queiram, ou não, eles são a maior, talvez a última, reserva moral do país.
Os militares se prestam a algo mais, além de patrulhar as nossas fronteiras terrestres e os nossos espaços aéreo e marítimo, montar hospitais de campanha durante epidemias e garantir a segurança pública em ocasiões especiais. Nenhum militar chega ao oficialato partindo do nada, como muitos políticos chegam à Câmara Federal e ao Senado, mal sabendo ler e escrever. De Castelo Branco a João Baptista Figueiredo, não se tem conhecimento que hajam acumulado e deixado fortuna aos seus herdeiros. Todos saíram do poder como entraram, sobrevivendo da remuneração de ex-militares da ativa, em carreiras de duração bem mais longa que os mandatos parlamentares.
Há pouco, chegou a notícia de outra crise, com a prisão de 38 integrantes do segundo escalão do Ministério do Turismo, efetuada pela Polícia Federal, envolvidos no desvio de verba de convênio para formação de novos guias. O fato leva-me a encerrar esta crônica diferentemente do que imaginei, porém, da mesma forma que iniciei outra, igualmente publicada no DR:
"Não votei em V. Exa., Presidente Dilma, mas, longe de um conselho, se me permite, faço-lhe uma sugestão, de brasileiro para brasileira, que quer ver o nosso país em situação menos desconfortável: reaja mais contra a oposição que se instalou dentro do seu próprio governo ! Proclame sua independência ! Antes de mais nada, o que, reconheço, será muito difícil, porque poderá colocar em risco a governabilidade e a maioria parlamentar, que V. Exa. necessita, tente livrar-se da influência dos astutos de sempre do PMDB, como os Senadores José Sarney e Renan Calheiros, este, ex-réu em vários processos por falta de decoro parlamentar, agora eleito para o Conselho de Ética do Senado Federal ! A aliança de V. Exa. com o PMDB, além da volúpia do partido por cargos de primeiro e segundo escalão, poderá custar mais caro ainda à imagem de seriedade do Governo Federal."
*Paulistano, advogado e ator, dedica-se, atualmente, à arte de escrever artigos, crônicas, contos e poemas, publicados em espaços literários e jornalísticos, impressos e virtuais. Define-se como um sonhador, que ainda acredita nos seus sonhos.
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