VASCO CID NEVES E CASTRO - C 15 – VISÃO CONTACTO
O facto de 2011 ser o Ano Europeu do Voluntariado só prova que esta é uma realidade que não conhece já fronteiras, muito menos diferenciações entre países desenvolvidos ou em vias de desenvolvimento. Se ao longo do ano em Portugal, grupos de diferentes dimensões e objectivos, se mobilizam no sentido de prestar ajuda a um determinado projecto, desde angariação de fundos à ajuda social, a nível mundial é uma realidade cada vez mais comum, fazendo a diferença tanto a nível de resultados, como a nível pessoal, o que acaba por reflectir uma influência à comunidade global.
Estando a viver em Timor-Leste há 5 meses, é quase impossível não notar à minha volta o peso que o voluntariado tem, e precisa de continuar a ter, num país ainda subdesenvolvido que é independente apenas há 9 anos, foi palco de guerras civis que, quando terminaram, deixaram um país destruído, com a identidade ferida de forma extrema. Desde então, e crescendo a olhos vistos, Timor-Leste é destino de cidadãos das mais diferentes nacionalidades. Além das enormes comunidades portuguesa e australiana, outros internacionais que para cá se deslocam vêm trabalhar junto das Nações Unidas ou de Organizações Não Governamentais (ONG’s) direccionadas, maioritariamente, à ajuda na reconstrução e ao apoio ao desenvolvimento e crescimento sustentados de um país com uma imensa necessidade de se fortalecer.
Digno de especial relevo é o trabalho desenvolvido pelos Leigos Para o Desenvolvimento (LD), também uma ONG de Cooperação para o Desenvolvimento, sem fins lucrativos, que além de Timor-Leste, tem actualmente projectos em S. Tomé e Príncipe, Angola e Moçambique, na linha da educação, saúde e desenvolvimento comunitário. Em vários níveis, mas mais concretamente a nível da educação, torna-se por razões óbvias, complicado uniformizar técnicas e escopo de ensino num país que, embora pequeno, tem duas línguas oficiais (Tétum e Português) e cerca de 33 dialectos – muitos deles incompreensíveis mesmo para muitos locais – alguns distritos que, embora fisicamente perto, estão a horas de viagem pela fraca qualidade ou inexistência de estradas, o que contribui consequentemente para um maior distanciamento entre as populações de um povo que é um retalho de línguas, costumes, influências e conhecimentos.
É nesse sentido que as diferentes ONG’s e particularmente os LD encontram um dos seus maiores desafios: combater a iliteracia e o isolamento social além do que já é patente. Tendo em mente estas circunstâncias, o segundo maior problema é a falta de professores para uma população que, sendo maioritariamente jovem, está na fase que mais necessita de um acompanhamento de qualidade de forma a cimentar conhecimentos e métodos organizacionais que permanecerão. Nesse sentido, nunca substituindo os professores locais, prestam ajuda na formação dos mesmos, acompanham na elaboração de planos lectivos e pedagógicos, leccionando também sempre que assim é necessário. Deste modo, para o ano de 2011, os LD estão a desenvolver o projecto “O Apoio Começa Pelos Mais Pequenos”, em que se visa desenvolver as capacidades das crianças em idade pré-escolar, preparando-as para o ensino português nas escolas em Díli que leccionam neste idioma oficial.
O sucesso do contributo das comunidades voluntárias internacionais, mais concretamente a dos LD resulta do verdadeiro empenho e estímulo pelo projecto, que somando a cada ano novos voluntários, mostra que não são um caso isolado. Estes voluntários que, na sua maioria permanecem no território por períodos superiores a um ano, demonstram o valor e a vontade de melhorar a capacitação de uma jovem nação e criação de uma autoconfiança e dinâmica nas crianças e no sistema de ensino em geral.
CRA Timor - Sociedade Civil de Advogados, S.A.
Díli - Timor-Leste
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