ANTÓNIO VERÍSSIMO
EXPORTEMOS AS PEDRAS, PARA PORTUGAL NÃO SE AFUNDAR TÃO DEPRESSA
Em notícia dos órgãos de comunicação social de Portugal “O Produto Interno Bruto português diminuiu 0,9% em volume no segundo trimestre, face igual período de 2010, e teve uma variação nula em relação aos primeiros três meses do ano, divulgou, esta terça-feira, o Instituto Nacional de Estatística”. Podemos ler, neste exemplo, no Jornal de Notícias. E ainda: “No primeiro trimestre deste ano, a economia portuguesa tinha caído 0,6%, quer face ao período anterior quer em relação ao mesmo trimestre de 2010, divulgou o INE a 9 de Jnho, revendo a primeira estimativa que apontava para uma queda de 0,7%.” Ou seja: A economia portuguesa caiu. Está tudo em queda em Portugal excepto os aumentos dos impostos e os preços dos bens de consumo vitais e não vitais. A descrença nos políticos também cresceu. Idem para a fuga de capitais que... cresceu, idem para o clientelismo político-prostituto-partidário, idem para a corrupção e fugas ao fisco por parte dos que são detentores de riquezas imensuráveis. Mas nisso também temos um PR que, como foi dado a entender e ele não soube explicar convenientemente, fez a sua “perninha” num ludibrio ao fisco por via de uma SISA sobre casa adquirida em condomínio privado lá para os lados dos Algarves. Ora se temos um PR assim, que até se dizia dele ser honesto, o que não devemos esperar da maioria dos políticos profissionais em Portugal? Portugal está em queda, porque será? Também será por isso? Mas que pergunta tão parva!
Por essa razão, porque tudo está em queda excepto aquilo que nos inferniza e trama o povo, o pagante, podemos concluir que tudo nos está a cair. Há até aqueles pessimistas que temem que os portugueses percam o pirilau e os tomates. Que caiam de maduros ou de podridão, a exemplo do resto que neste país está a cair.
No caso concreto dos pirilaus e dos tintins os portugueses não devem temer que aconteça. Vão ser só vantagens. Podemos e devemos a partir daí aproveitar para produzir riqueza exportando para os países ricos o “material” que for caindo. Sempre são para aí uns seis milhões de pirilaus e o dobro de tintins, mesmo dando desconto àqueles que presentemente já só têm um. É muito material. E também podemos acabar com a preocupação de educar filhos, de os alimentar e vestir. Sem o “material” acabam-se os filhos. Progressivamente acaba-se com a fatura onerosa da educação, dos abonos de família de pouco mais de 20 euros por mês – quem o recebe. Acaba-se com tanta coisa malvada!
Finalmente acaba-se com o país depois de umas dezenas de anos sem o “material”. Além disso, porque já há portugueses habituados a não comer e que vão finar-se, talvez Portugal exista somente por mais uns 30 anos. Se calhar nem isso. O que é um bem adquirido, uma mais-valia, e uma felicidade para os que neste país estão a sofrer. Imaginem a delícia que será não ter de ouvir aldrabões como Sócrates ou como Passos Coelho. Nem ter-mos de andar a pensar que se calhar o PR andou nas negociatas com os Oliveiras e Costas banqueiros e cadeireiros que até lhe compraram acções por dois chavos quando elas só valiam um chavo… Honestidades sui generis.
Vamos ficar limpinhos. Sem “material” ficaremos eunucos. Não vamos ter de nos preocupar com coisa alguma… A não ser com os funerais, que estão caríssimos. Mas os recursos financeiros para isso também existem (por enquanto): Vamos apanhar as pedras do país e exportá-las pelo melhor preço. Com a vantagem de que assim o país fica mais leve e não se afundará com tanta rapidez. O que nos dará tempo de planificar tudo muito bem até ao último português a finar-se. Quem será o último… logo ele saberá.
E depois? Perguntam. Depois salvam-se os Sem-Pátria e os da Pátria do Cifrão. E isso que nos interessa? Não são portugueses! Sem dúvidas! Veja-se o que eles têm feito em Belém, em São Bento e nos abrigos esconsos dos seus partidos políticos e nos quartéis-generais dos que são cada vez mais ricos por via de enganarem milhões!
*Também publicado em Página Lusófona, blogue do autor
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