sábado, 13 de agosto de 2011

A INCLUSÃO E PAZ SOCIAL





“Walter Benjamin disse: da modernidade, que ela nasceu sob o signo do suicídio; Sigmund Freud sugeriu que ela foi dirigida por Tânatos – o instinto da morte. As utopias diferiam em muitas de suas pormenorizadas prescrições, mas todas elas concordavam em que o “mundo perfeito” seria um que permanecesse para sempre idêntico a si mesmo, um mundo em que a sabedoria hoje aprendida permaneceria sábia amanhã e depois de amanhã, e em que as habilidades adquiridas pela vida conservariam sua utilidade para sempre. O mundo retratado das utopias eram também, pelo que se esperava, um mundo transparente – em que nada de obscuro ou impenetrável se colocava no caminho do olhar; um mundo em que nada estragasse a harmonia: nada “fora do lugar”; um mundo sem “sujeira”; um mundo sem estranhos ou miseráveis”. (autor: Zygmunt Bauman – livro: O Mal-Estar da Pós-Modernidade – Editora ZAHAR – Rio de Janeiro 1998 )

A leitura contextualizada das ideologias totalitárias demonstra estarem sempre, vigiando possíveis alvos para fazerem guerras. No século passado, o nazismo argumentando e justificando a extrema necessidade da “pureza de raça” eliminou milhões de pessoas. O comunismo também sustentou “a pureza de classe”, tirando a vida de milhões de pessoas. Muito dinheiro, muito ouro foi saqueado. O maior problema de nosso planeta é a ânsia, é a ambição de honras ou riquezas, ou seja, a mania, a psicótica carência de ostentação. É desviado o crescimento interior para o exibicionismo exterior. Explode a violência e matamo-nos uns aos outros pela confirmação materialista. Desapareceram totalmente as meditações espiritualizadas.

Aqui em nosso Brasil, a presidenta Dilma Rousseff estabeleceu a erradicação da fome e da miséria como prioridades de seu governo. Este debate sobre a erradicação da miséria nos remete a uma reflexão acerca do conceito de riqueza e pobreza. “Não se deve olhar o progresso de uma economia verificando o aumento da riqueza dos que já são ricos, mas na diminuição da pobreza daqueles que são muito pobres”. (Amartya Sen). É oportuno refletir sobre o mais pobre dos pobres na nossa realidade – favelas urbanas – índios – moradores de rua – excluídos.

Nós começamos a nos inspirar por escolhas sociais cada vez mais inteligentes, abrindo espaços para importantes decisões. Já estamos falando neste tema, o que significa o surgimento de políticas públicas, que modificarão o cenário de exclusão social, como condição prioritária no centro de nosso desenvolvimento. Paira no ar soluções de determinação, para que acertadas proposições libertem o Brasil da miséria extrema. Que Deus ilumine os nossos políticos em sábias decisões sociais.

Precisamos purificar a qualidade de nossos pensamentos humanísticos, elaborando de nós para nós mesmos conceituações sociais civilizadas, que privilegiem a comunicação positiva, de que ninguém é superior em dignidade ou direitos a ninguém. Também é importante o relacionamento construtivo que faz bem ao aperfeiçoamento de nossas relações interpessoais. As discriminações econômicas e sociais deprimem o nosso imaginário afetivo, por testemunharmos, a cada passo, quadros de miséria extrema. Em orações sempre peço que o sofrimento humano desapareça de nosso planeta.

Para ativar uma linguagem persuasiva de emoções saudáveis é necessário aceitarmos a verdade autêntica, de que somos iguais, ou seja, somos seres humanos. Ficamos equilibrados quando desejamos o bem de todos. É muito decadente uma visão de mundo dominadora, é muito atrasado um pensamento impositivo, excludente, e também hierarquizante. Mas o certo do certo, é que só seremos felizes, quando todos forem felizes.

Não é correto avaliar o progresso econômico só pela riqueza, mas no soerguimento da pobreza daqueles que são muito pobres. Um novo ideal saudável de imaginário social e coletivo é vital para o avanço da cultura da paz, fortalecida no acesso horizontal dos conhecimentos, característica maior da pós-modernidade. Deus nos ajudará a superar a pobreza social extrema, e o nosso país se tornará o modelo no mundo em inclusão social.

Com efeito, a cultura da paz tem o seu próprio sentimento, a sua própria linguagem de emoções de união, marcada pela convicção, marcada pela crença de que o mais importante de tudo está centrado no valor do ser humano. A nossa avaliação positiva, a nossa comunicação positiva, o nosso relacionamento construtivo constituem os fortes pilares do saudável desejo de pessoas solidárias. Sairemos da pobreza dos valores atuais e mergulharemos na riqueza dos valores humanitários.

Já começamos a perceber os outros seres humanos gentilmente em nosso convívio emocional e espiritual. Rezamos por eles, torcendo para que se libertem dessa injustiça social e superem este terrível resgate de sofrimento. Examinemos os nossos corações para descobrir o que sabemos sobre a paz, e então conversemos e trabalhemos juntos para humanizar os nossos tempos. O direito à vida pressupõe a existência digna que deve ser amparada pelos poderes públicos.

As vezes, penso profundamente nas causas do ser humano ter sido preterido pelas riquezas da terra.Nunca como em nossos tempos, aconteceu tão severa ausência dos valores humanos, e tão distante a nossa união com Deus. É indiscutível que somos fundamentalmente iguais pela nossa origem e pela nossa destinação. Iguais na nossa natureza humana.

Ter ou não ter bens materiais não quer dizer ser mais ou ser menos humano. A nossa igualdade está plasmada ao ser humano e não ao ter bens. A igualdade aos seres humanos pobres está relacionada, está interligada à dignidade humana. Não me refiro a igualdade absoluta, mas a igualdade de tratamento para a sua inclusão social. Devem ser assegurados os direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à dignidade humana, daí a responsabilidade universal com o bem estar dos excluídos.

A solidariedade corresponde à fraternidade que a Declaração Universal dos Direitos Humanos recomenda. Que Deus inspire as políticas compensatórias de proteção, de promoção, de inclusão. Já estão incluindo em projetos de proteção especial aos que estão em condições de vulnerabilidade: – crianças – Idosos – índios – adolescentes – jovens. Num dia, não muito distante, entenderemos que não se trata de proteger uma vida física, mas a existência de acordo com a dignidade humana.

*Lúcia Regina Diniz Trindade é palestrante, graduada em Literatura e Filosofia e mora em Porto Alegre, Rio Grande do Sul

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