Susana Almeida Ribeiro - Público
Violências esporádicas eclodiram esta noite e madrugada em diversas cidades inglesas, nomeadamente Liverpool, Nottingham, Birmingham e Bristol, ao passo que em Londres as coisas permaneceram mais tranquilas. O número de mortos aumentou para quatro nas últimas horas.
Com cerca de 16 mil polícias destacados para garantirem a segurança na capital britânica, as ruas de Londres permaneceram mais calmas do que nas noites anteriores.
Estes são os piores distúrbios em décadas no Reino Unido, que se prepara para receber os Jogos Olímpicos no próximo ano.
Em Birmingham, três homens morreram quando foram atropelados por um carro. Alguns residentes afirmaram que o acidente vitimou pessoas tentavam proteger o seu bairro. A polícia já abriu um inquérito criminal. Paralelamente, polícias de choque rodearam um grande centro comercial da cidade para evitar pilhagens.
Nas West Midlands (zona de Birmingham), mais de 20 pessoas (23) foram formalmente acusadas, num total de 229 detenções após desacatos esporádicos ocorridos
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Em Nottingham, a estação de polícia de Canning Circus foi incendiada por um gang de jovens.
Em Liverpool, a polícia local deteve 50 pessoas em ligação com desordens ocorridas na cidade.
Em Gloucester foram detidas nove pessoas e em Leicester um grupo de cerca de 100 pessoas atacaram lojas e atiraram pedras contra a polícia.
Estas violências começaram ontem e são uma espécie de "réplica" dos acontecimentos londrinos. Alguns motins estão a ser convocados por gangs conhecidos da polícia através do Twitter e do serviço de mensagens do BlackBerry. A pilhagem de lojas é um dos alvos perferidos dos vândalos.
Londres mais calma
Em Londres, a Polícia Metropolitana já deteve até ao momento 768 pessoas e apresentou queixas formais contra 105 pelas violências na capital, incluindo um jovem de 21 anos suspeito de ter incendiado uma loja de móveis na segunda-feira à noite em Croydon.
Um homem de 26 anos que foi encontrado ferido dentro de um carro em Croydon, anteontem à noite, acabou por morrer ontem no hospital. Foi a primeira vítima oficial dos motins.
Entretanto Downing Street fez saber que o policiamento extraordinário das ruas irá continuar “enquanto for necessário” para prevenir uma repetição da violência. O governo indicou ainda que não há “complacência” e que as tácticas aplicadas em Londres “surtiram efeito”
As coisas acalmaram finalmente na capital britânica depois de três noites de extrema violência que começaram no sábado à noite, depois de um protesto pacífico pela morte de um habitante de Tottenham, Mark Duggan, baleado pela polícia.
Uma comissão independente que avalia as queixas contra a polícia concluiu entretanto que não é claro que Duggan tenha disparado contra a polícia antes de ser atingido, como chegou a ser defendido.
Mais de cem polícias londrinos (111) sofreram ferimentos, incluindo traumatismos na cabeça, cortes e ossos partidos, depois de serem atacados com pedras, garrafas, tijolos e tábuas.
Entretanto, já esta manhã, o presidente da câmara de Londres, Boris Johnson, pediu ao governo que reveja a sua decisão de fazer cortes nos efectivos policiais. Numa entrevista ao programa Today, na BBC Radio 4, o autarca disse que “esta não é a altura para se pensar em cortes substanciais nos efectivos de polícia”.
“Cenas repugnantes”, avalia Cameron
O primeiro-ministro, que hoje coordena mais uma reunião do comité de emergência Cobra, falou com membros da polícia metropolitana e com membros dos serviços de emergência de Croydon.
David Cameron condenou “as repugnantes cenas de pessoas a saquear, vandalizar e roubar”.
Cameron deixou uma mensagem directa aos vândalos: “Vocês sentirão a força da lei (...) Se vocês são velhos o suficiente para cometerem tais crimes também são velhos o suficiente para serem punidos”.Amanhã o Parlamento volta a reunir-se, depois de os deputados se terem visto forçados a suspender as suas férias para lidarem com este problema. Cameron afirmou que o Parlamento fará de tudo para, colectivamente, “condenar estes crimes” a ajudar a “reconstruir estas comunidades”.
Notícia actualizada às 09h07 em PÚBLICO
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