André Catueira, da Agência Lusa
Beira, Moçambique, 11 ago (Lusa) -- Uma linha de crédito de apoio à agricultura desenvolvida por um banco de Moçambique continua a ser pouco utilizada porque os agricultores têm "dificuldades em apresentar planos de negócio saudáveis", disse à Lusa fonte bancária.
"Só temos um projeto de produção em Nampula [norte], e outros três de cadeia de valor aprovados, isso porque os agricultores têm dificuldades em apresentar planos de negócio saudáveis", disse Marcelino Botão, gestor de agronegócios do Standard Bank.
Este banco lançou, em 2010, uma linha de crédito de 25 milhões de dólares (cerca de 17,5 milhões de euros) para impulsionar a agricultura no país. A linha de crédito tem duração de três anos.
"Estamos a começar o segundo ano de crédito e financiámos 1.89 milhões de dólares [1,32 milhões de euros] e temos agora oito milhões [5,6 milhões de euros] disponíveis para os projetos em carteira. Mas achamos que o financiamento é muito pouco, cerca de oito por cento. Precisamos de mais projetos para incrementar a agricultura", disse Botão.
Até ao momento, o Standard Bank rejeitou 23 projetos agrários de "revolução verde" em Moçambique, por "não apresentarem planos de negócio" e constituírem risco de financiamento, acrescentou.
Segundo o gestor do Standard Bank, que falava durante a cerimónia de lançamento do plano de investimento do Corredor da Beira (centro de Moçambique) para potenciar os pequenos agricultores, 12 novos projetos estão em carteira, a serem desenvolvidos nas províncias de Manica e Tete (centro) e Maputo (sul).
A linha de crédito do Standard Bank é a única com fundo de garantia em Moçambique, assegurado pela Aliança para a Revolução Verde em Africa (AGRA) e pelo Centro de Promoção da Agricultura (CEPAGRI), ligado ao Ministério da Agricultura. Os camponeses não precisam apresentar nenhuma garantia de bens para aceder ao crédito.
O acesso ao financiamento é um dos problemas que bloqueia a agricultura comercial em África. As instituições financeiras hesitam em financiar os pequenos agricultores devido os riscos da agricultura de subsistência, o que faz com que os créditos sejam geralmente elevados, excedendo entre 25 a 30 por cento.
"É preciso uma simplificação das políticas financeiras para financiar a agricultura, e nessa abordagem vamos trabalhar com o Standard Bank para reduzir os custos dos créditos", disse Namanga Ngongi, presidente da AGRA, que quer tornar realidade a revolução agrária em África.
A falta de politicas de financiamento agrário em Moçambique levou à desistência de fazendeiros zimbabueanos, que se tinham instalado em Manica, depois da crise económica e política do Zimbabué.
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