sábado, 6 de agosto de 2011

Portugal - Angola: Paulo Portas negociou em Luanda a venda do BPN aos angolanos do BIC





Ministro dos Negócios Estrangeiros reuniu-se no dia 23 de Julho com os responsáveis do banco angolano para garantir pagamento de créditos

Paulo Portas negociou em Luanda as condições de venda do Banco Português de Negócios aos angolanos do Banco Internacional de Crédito. O encontro com Fernando Teles, presidente, e Mira Amaral, presidente do BIC Portugal, aconteceu no dia 23 de Julho, sábado, depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros ter participado na quinta e sexta na reunião da CPLP.

A reunião de Paulo Portas com o BIC visava salvaguardar os interesses do Estado português, nomeadamente o pagamento do crédito concedido pelo BPN em 2006 à Amorim Energia para a compra de uma participação na Galp. A Amorim Energia é uma holding que tem como accionistas Américo Amorim, a Santoro Holding Financial, de Isabel dos Santos, filha do presidente angolano, José Eduardo dos Santos, e a Sonangol.

Com a venda do BPN ao BIC, que tem como accionista principal a Santoro, de Isabel dos Santos, o governo temia que esse crédito, da ordem dos 1,6 mil milhões de euros, fosse pago pela Amorim Energia a um banco que tinha como principal accionista a própria devedora. Foi por isso que a secretária de Estado do Tesouro, Maria Luísa Albuquerque, foi à comissão parlamentar dizer aos deputados da comissão de Orçamento e Finanças que o governo tinha esperança de recuperar uma parte significativa dos 2,4 mil milhões de euros que a nacionalização do BNP já custou ao Estado.

A unita de fora


Os três dias de Paulo Portas em Luanda não deixaram boas recordações à UNITA, principal partido da oposição ao MPLA de José Eduardo dos Santos. E isto porque o ministro dos Negócios Estrangeiros não encontrou espaço na sua agenda para se reunir com uma organização que teve no CDS/PP um aliado fiel nos anos da guerra civil angolana e que sempre manteve excelentes relações com o partido liderado por Paulo Portas. A mágoa da UNITA é ainda maior porque Paulo Portas não teve agenda no sábado, além do encontro com os responsáveis do Banco Internacional de Crédito, e só partiu para Moçambique no dia 24 de Julho, domingo.

A UNITA registou a atitude do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros português e compara-a com a de Luís Amado, antecessor de Paulo Portas nas Necessidades. Na sua última visita a Luanda, o ministro socialista fez questão de se deslocar à sede da UNITA, em Luanda, para um encontro com o presidente Isaías Samakuva, um gesto que calou fundo nos dirigentes do partido fundado por Jonas Savimbi.

Ainda recentemente, em meados do mês de Julho, quando se deslocou em visita oficial a Angola, a chanceler Angela Merkel arranjou tempo para receber no hotel em que estava hospedada uma delegação da UNITA, chefiada pelo presidente, Isaías Samakuva. A diferença de atitudes sensibilizou os homens do partido do Galo, que estão cada vez mais atentos aos negócios de personalidades angolanas próximas de José Eduardo dos Santos em Portugal e cada vez mais preocupadas com as tomadas de posição do governo de coligação quanto a este assunto.

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