quinta-feira, 18 de agosto de 2011

RAPIDINHAS DO MARTINHO – 30




MARTINHO JÚNIOR

FALCÕES E ELITES

I

De há décadas que os falcões de Israel estão associados à formação de elites, um processo cujo objectivo primeiro está aliás inerente à formação do próprio estado israelita, num universo pejado de contradições e de inimigos.

Os falcões de Israel, animados por ideologias ultra conservadoras e políticas de direita assumida e convencida, estão a chegar por fim a um clímax: pela primeira vez, em consequência da concentração da riqueza em cada vez menos mãos, estão a sentir a oposição aberta de largos milhares de jovens israelitas atirados para os substratos mais vulneráveis da sociedade por causa das desigualdades e injustiças sociais estimuladas pelos detentores do poder político, económico e militar e acumuladas ao longo de décadas.

Segundo por exemplo o “Notícias da Terra” do Brasil (http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5283737-EI294,00-Cerca+de+manifestantes+pedem+justica+social+em+Israel.html), no início deste mês de Agosto foram 200.000 os manifestantes que se levantaram nas ruas de Tel Aviv contra a actual situação que os atinge “sine die”, uma situação que torna as novas gerações em inertes sem futuro, nem dimensão e com um protagonismo condicionado aos desígnios dos falcões.

A questão da essência do poder em Israel estar intimamente associado ao fascismo não é nova e vem-se arrastando há longas décadas, tendo-se tornado mais visível nos relacionamentos cultivados por Israel com o regime do “apartheid” e com o espectro sócio-político que se foi evidenciando dentro de Israel, bem como no relacionamento de Israel com os seus vizinhos.

Os palestinos estão a ser alvo dum “apartheid” levado ao extremo em Gaza, que mais parece um “gheto”, ou um bantustão cercado de muros e bombardeado sempre que haja conveniência.

A ideia de “apartheid” fermentou cedo nas elites guerreiras de Israel.

A 7 de Fevereiro de 2006 por exemplo, no artigo “Irmãos de guerra: o pacto secreto de Israel com Pretória” publicado no “The Guardian” (http://www.guardian.co.uk/world/2006/feb/07/southafrica.israel), Chris McGeal evidenciava:

“Durante a Segunda Guerra Mundial, o futuro primeiro-ministro sul-Africano John Vorster foi preso como um simpatizante do nazismo.

Três décadas depois, ele estava sendo homenageado, em Jerusalém.

Na segunda parte do seu notável relatório especial, Chris McGreal investiga a aliança secreta entre Israel e o regime do apartheid, cimentado com o último presente de amigo - a tecnologia da bomba atómica”.

(…)

Objectivos comuns.

Israel era abertamente crítico do apartheid até os anos 1950 e 60 enquanto isto construía alianças com os governos pós-coloniais africanos. Mas a maioria dos estados Africano romperam relações após a guerra do Yom Kippur de 1973 e o governo em Jerusalém começou a ter uma visão mais benigna do regime isolado em Pretória. A relação mudou tão profundamente que em 1976 Israel convidou o primeiro-ministro sul-africano John Vorster – um antigo simpatizante nazista e um comandante do Ossewabrandwag fascista que ficou do lado de Hitler – para fazer uma visita de Estado.

Deixando de mencionar a prisão de Vorster durante a guerra por apoiar a Alemanha, o primeiro-ministro de Israel, Yitzhak Rabin, elogiou o primeiro-ministro sul-africano como uma força para a liberdade e não fez qualquer menção sobre o passado de Vorster quando ele visitou o memorial de Jerusalém dedicado aos seis milhões de judeus assassinados pelos nazistas.

Durante o banquete de Estado, Rabin brindou pelos ideais compartilhados por Israel e África do Sul: as esperanças de justiça e de coexistência pacífica. Ambos os países, disse ele, enfrentam “instabilidade e imprudência de inspiração externa e imprudência.

Vorster, cujo exército estava, então, deslocando-se em Angola, disse a seus anfitriões que a África do Sul e Israel eram vítimas dos inimigos da civilização ocidental. Alguns meses mais tarde, o anuário do governo sul-africano caracterizou os dois países como enfrentando um único problema: Israel e África do Sul têm uma coisa acima de tudo em comum: estão ambos situados em um mundo hostil, predominantemente habitada por povos escuros.

Vorster estabeleceu a base para uma colaboração que transformou o eixo Israel-África do Sul na liderança no desenvolvimento de armas e uma força no comércio internacional de armamentos. Liel, que chefiou a pasta da África do Sul do Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita, nos anos 80, diz que o establishment de segurança israelense passou a acreditar que o estado judeu poderia não ter sobrevivido sem o relacionamento com os africâneres.

Nós criamos a indústria sul-africana de armamento, diz Liel. Eles nos ajudaram a desenvolver todos os tipos de tecnologia, porque eles tinham um monte de dinheiro. Quando estávamos desenvolvendo as coisas juntos nós costumávamos fornecer o know-how e eles fornecer o dinheiro. Após 1976, houve um caso de amor entre os establishments de segurança dos dois países e seus exércitos.

“Nós estávamos envolvidos em Angola como consultores do exército [sul-africano]. Você tinha oficiais israelenses lá colaborando com o exército. A ligação era muito íntima.

Juntamente com as fábricas estatais despejando material para a África do Sul estava o Kibutz Beit Alfa, que desenvolveu uma lucrativa indústria de venda de veículos anti-motim para serem usados contra os manifestantes das cidades pretas”.

(…)

“Tornando-se nuclear.

O maior segredo de todos foi o nuclear.

Israel forneceu especialistas e tecnologia que foi central para a África do Sul desenvolver suas bombas nucleares. Israel estava envergonhado o suficiente sobre a sua estreita associação com um movimento político enraizado na ideologia racial para manter a colaboração militar escondida.

Tudo o que eu estou dizendo a você era completamente secreto, diz Liel. O conhecimento sobre isto era extremamente limitado a um pequeno número de pessoas fora do establishment de segurança. Mas acontece que muitos dos nossos primeiros-ministros faziam parte do mesmo, então se você tomar pessoas como [Shimon] Peres e Rabin, certamente eles sabiam sobre isso, porque eles faziam parte do establishment de segurança.

Na ONU nós permanecemos dizendo: somos contra o apartheid, enquanto povo judeu que sofreu o Holocausto isto é intolerável. Mas o nosso establishment de segurança continuava colaborando.

O mesmo fizeram muitos políticos. Cidades israelenses encontraram gêmeas na África do Sul, e Israel foi a única entre as nações ocidentais a permitir que a pátria dos pretos Bophuthatswana abrisse uma embaixada”.

A consciência da natureza fascista do poder em Israel das décadas de 70 e 80 do século passado não era todavia sentida de forma tão aguda como hoje por camadas tão amplas da sociedade israelita, que agora surgem sintonizadas com as comunidades palestinianas residentes, como se, durante várias gerações, se tivesse conseguido retardar o conhecimento do que realmente se arquitectava em Israel sob o ponto de vista da sua própria sociedade: um meio escondido processo de concentração da riqueza numa poderosa elite capaz até de chegar ao extremo de submeter todas as outras classes do país e reduzi-las ao ponto de lhes sonegar as expectativas e as aspirações de futuro.

Foi esse contudo o projecto de relacionamento de Israel com o regime do “apartheid”, a quem chegou a fornecer armamentos e até conhecimentos que viabilizaram a construção da bomba atómica sul africana.

Os navios patrulha da classe Minister são de origem israelita (Saar IV, ou Reshef class), assim como seu armamento; foram tão bem sucedidos que ainda hoje a South Africa Navy possui dois, rebaptizados e integrados na classe Warrior (http://www.satruth.co.za/equip_00032.htm; http://www.navy.mil.za/equipment/patrol.htm).

No Exercício naval Good Hope, realizado de 6 de Abril a 6 de Maio de 2006 entre as Marinhas de Guerra da África do Sul e da Alemanha, foram disparados mísseis Gabriel dos navios patrulha Warrior (http://navy.org.za/pages/skerpioen.html).

O “lobby” dos minerais, tendo como chave a indústria dos diamantes, desempenhou um papel importantíssimo nesses relacionamentos que tiveram amplas repercussões nas sociedades dos dois países e no poder económico de sustentação da aristocracia financeira mundial.

A influência recíproca fortaleceu-se tirando partido da indústria dos diamantes envolvendo a CSO em Londres.

O relatório “Africa Review – Supplement – 8 June 1981” dos serviços de inteligência norte americanos fazia um ponto de situação dos relacionamentos do regime do “apartheid” com os falcões de Israel, relacionamentos esses consolidados na base do comércio e indústria de diamantes (http://www.gwu.edu/~nsarchiv/NSAEBB/NSAEBB181/sa25.pdf):

“Quando o comércio de diamantes foi considerado, as relações económicas fortaleceram-se a favor da África do Sul. Israel, um dos líderes mundiais no acabamento e polimento, obtinha todo o fornecimento de diamantes em bruto indirectamente da África do Sul.

O mercado mundial de diamantes está estruturado de forma a que a maior parte dos diamantes mundiais – uma vasta quantidade deles provenientes da África do Sul e da Namíbia – fossem vendidos a preço fixo pelo sindicato de Londres, a Central Selling Organizartion.

A CSO, é um monopólio de diamantes em bruto dominado pela De Beers Sul Africana. 
As compras de diamantes por parte de Israel à CSO, de acordo com as estatísticas das importações do Reino Unido, no último ano remontaram a 217 milhões de dólares.

Entre as exportações, os diamantes são mais que um melhor amigo de Israel. Cerca de 20.000 israelitas, ou seja, 2% da força de trabalho nacional, está activa na indústria de diamantes.

Os diamantes acabados rendem a Israel mais de 1.000 milhões de dólares anuais, o que constitui cerca de 30% das suas exportações”.

Os diamantes tiveram pois influência nos dois países de forma recíproca e foram muito importantes para a engenharia e arquitectura da formação das elites nacionais, incluindo as “brancas elites” do regime do “apartheid” na África do Sul.

Desde o início da década de 90 que essa influência não se perdeu: se antes ela foi conseguida com o “apartheid”, também com a nação “arco íris” ela está subjacente ao projecto extensivo da formação das elites sul africanas, mantendo os relacionamentos entre os dois estados e servindo de modelo para outros países da África Austral, sobretudo Angola.

Para os falcões de Israel, o projecto de Cecil John Rhodes do Cabo ao Cairo é exequível do Cabo a Jerusalém, pelo menos enquanto a bolsa de Tel Aviv ombrear com as bolsas de Nova York, de Antuérpia, de Bombaim e com a novidade que é Hong Kong!

II

As “novas elites” angolanas desde cedo que tiveram pressões do cartel, estimuladas desde logo por Savimbi e sua prática de “guerra dos diamantes de sangue”, muito antes do fim do “apartheid”.

Savimbi foi sempre um “dealer” para os sul africanos do regime do “apartheid”, mas o comércio de diamantes para a compra de armas teve mais visibilidade a partir do momento em que o “apartheid” findou na África do Sul e ele teve de se virar para os “bons ofícios” de Mobutu e do séquito de “dealers”, entre eles alguns “judeus” ligados sobretudo às bolsas de Antuérpia e Tel Aviv.

O próprio Mobutu teve ao seu serviço uma Brigada de Sul Africanos que mantinham a segurança de algumas das minas de diamantes afins às elites Zairenses.

Em “Glitter & Greed: the secret world of Diamond empire”, Janine Farrel Roberts denuncia-o (http://books.google.co.ao/books?id=raO8jHBdDhYC&pg=PA217&lpg=PA217&dq=%22mobutu+diamond+dealers%22&source=bl&ots=Ku6xiKVaBH&sig=jYn5T_h0fnnMHgJRzo9CMMIqRw0&hl=pt-PT&ei=sJtKTvz-LsTCswaozcC9Bw&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=8&ved=0CFYQ6AEwBw#v=onepage&q&f=false).
Denúncias similares foram feitas por François Misser e Olivier Vallé em “Les gemmocraties – l’économie politique du diamant africain” (http://www.franceculture.com/oeuvre-les-gemmocraties-l-%C3%A9conomie-politique-du-diamant-africain-de-fran%C3%A7ois-misser-et-olivier-vall%C3%A9):

"Sur le continent africain, les sociétés minières font appel aux mercenaires, les Etats s'associent à des aventuriers et les pauvres cèdent au mirage des pierres précieuses... L'incrustation d'une économie du diamant brut dans ces pays ravagés par la misère, les conflits et la corruption accélère l'irruption d'acteurs qui empruntent aux mafias internationales, aux intérêts géopolitiques, et au recyclage de l'argent sale, leurs marchés, leurs méthodes et leurs ambitions. Un livre qui à travers les guerres secrètes du diamant explore le façonnage de nouveaux pouvoirs africains."

Este livro é esclarecedor sobre como os diamantes influem na construção de elites, pois focam sobretudo os exemplos da RDC e de Angola, a partir da “guerra dos diamantes de sangue” de Savimbi.

Em “Mercenaires SA”, Phillipe Chapleau e François Misser completam o quadro (http://www.africa-confidential.com/book-review/id/7/Mercenaires-SA):

“Since the beginning of the decade, there has been a spectacular increase in mercenary operations in all continents.

This trend is the result of a sizeable growth in available manpower, following the end of the Cold War and of apartheid.

Simultaneously, the collapse of a number of states, in Africa and also elsewhere, has caused a virtual explosion in demand for mercenary expertise, either from political leaders, or from organisations, from corporations, charities or, in some cases, the mafia, which want to work ­ at any price - in these zones of high instability.

In this insecure world, which is undergoing considerable change, today's soldiers of fortune have little in common with the 'dogs of war' of the 1960s.

Private war empires have been built; they hold contracts with states or corporations and act as the spearhead of future multisector empires.

Moreover, these security companies sometimes have the blessing of the military establishments of NATO member states.

The failure of NATO, and the complicity of some member states, worries UN officials.

Who will control these new 'condottiere' and these 'soldiers of the future', for whom individual and collective security is only a business opportunity?

This book describes the stakes and the challenges of conflicts in the age of the globalisation”.

Que melhor moeda para pagar aos mercenários senão os diamantes?

Em “Porous borders and diamonds”, Christian Dietrich por seu turno forneceu-nos uma visão sobre como os diamantes de sangue angolanos estendiam com Savimbi influência a elites africanas importantes na RDC, no Congo, no Togo, na Costa do Marfim, no Burkina Faso, no Ruanda, no Uganda, na República Centro Africana, na Zâmbia, na África do Sul, no Botswana, na Namíbia… (http://www.iss.co.za/pubs/books/Angola/16Dietrich.pdf).

As “novas elites” angolanas, após o final da Guerra Fria barricaram-se nas actividades relacionadas com o petróleo e com os diamantes, mas de forma a que os vencedores (incluindo alguns clãs oriundos da formação política de Savimbi), absorvessem com o tempo interesses a partir das duas actividades básicas da economia angolana.

Durante a “guerra dos diamantes de sangue” as contradições entre os “lobbies” do petróleo e dos minerais (diamantes) foram evidentes e, depois de 2002, as grandes famílias angolanas têm procurado repartir entre si não só os despojos, mas sobretudo os empreendimentos, os bancos e os investimentos, incluindo com alguns parceiros que antes haviam pegado em armas contra Angola, ou influenciaram directamente num dos lados (“Jogos africanos” já se vê).

Israel tirou partido dessa situação típica de mercenários, incrementando após a instalação de sua embaixada, o comércio de diamantes com Angola, não só por via de Lev leviev e Arkadi Gaydamak, estes ligados aos clãs entrosados com o poder, mas com outros interesses.

Os “dealers” israelitas são conhecidos pela sua “genética” atitude de, ligando-se a algum general disponível, realizar negócios sobretudo com ouro e diamantes, fortalecendo o status social do seu agente e garantindo-lhe sustentabilidade económica e financeira… tendo-o sempre à mão e numa relativa dependência.

Dessa forma os falcões estão a fazer em Angola o que fazem na sua própria terra de há largas décadas a esta parte, o que fizeram na África do Sul apesar do regime do “apartheid” e do que vão continuar a fazer por toda a África a sul do Sahara, em especial depois da visita de Lieberman em 2009.

Burilar o diamante social é uma vocação dos falcões israelitas, atraindo à sua influência as “novas elites” que se moldam ao comércio e indústria das imensas riquezas naturais de África, de acordo com o “lobby” dos minerais cuja aristocracia está intimamente associada às elites israelitas.

As mensagens que nos chegam da embaixada de Israel em Luanda confrontam a “obsoleta” ligação de Angola à causa Palestina (http://luanda.mfa.gov.il/mfm/web/main/missionhome.asp?MissionID=124&)...

A influência de Israel faz-se sentir agora também na agricultura moderna praticada por alguns interesses e nas disputas sobre as terras, por parte de cada vez mais clãs elitistas.

Muito recentemente a Casa Civil publicou no Jornal de Angola uma resenha sobre os investimentos no sector da energia, em que sobressaem 30 mini hídricas, sem haver qualquer referência às energias renováveis.

Com comunidades rurais tão pouco integradas nos circuitos capitalistas, quem irá consumir a energia das mini hídricas dos projectos angolanos?

É evidente que não sendo as comunidades rurais, são as fazendas que se estão a demarcar sobretudo na área crucial do Cuanza Sul e isso tem ainda a ver com as sensíveis influências israelitas no país.

Teria sido possível a tão rápida demissão do ex-Governador de Luanda, José Maria dos Santos, se o prejudicado não fosse uma Empresa imobiliária israelita ciosa de “seus” terrenos? (http://www.voanews.com/portuguese/news/08_08_11_Luanda_governor-127233573.html)

Em Angola a influência corrente israelita é de tal ordem que têm interesses coligados aos instrumentos de poder de estado, tal como aconteceu com o regime do “apartheid” na África do Sul, funcionando o seu “modus operandi” na gestação, formação e consolidação do poder das “novas elites” angolanas, descuidadas ao ponto de pouco ou nada se importarem com o indicadores que provêm das ruas de Tel Aviv.

Israel tem propiciado cursos de especialidade sobretudo na área das polícias e dos serviços de inteligência angolanos, mantendo conexões e interesses a ponto de procurar influir estrategicamente as correntes que estão prontas ao exercício da repressão em prejuízo de maior abertura democrática em prol da cidadania e da participação…

Para alguma coisa serviu o golpe contra aqueles oficiais que nos anos remotos da década de 80 tiveram a coragem de em nome do estado angolano ousarem enfrentar os traficantes.

Efectivamente eles tocaram num assunto tabu que punha em causa a possibilidade de alguma vez as “novas elites”, com ou sem Savimbi, virem a emergir no universo sócio-político angolano, quer pela via do poder, quer no âmbito da “oposição”.

Com a ascensão dessas castas, foi-se dimensionando o foço das desigualdades sociais, foram-se multiplicando as injustiças sociais, floresceu o “apartheid” social como nunca antes acontecera em Angola (nem no tempo do colonialismo haviam estes “modelos” de condomínios) e estão-se a perder os poucos traços que restavam do socialismo tão evocado pelo MPLA.

Mesmo que um dos rescaldos do sacrifício desses oficiais fosse o enorme crescimento de Savimbi enquanto “dealer” e mentor da “guerra dos diamantes de sangue”, as “novas elites”, em nome da paz, da reconciliação e da reconstrução nacional souberam esperar, apesar de estarem um pouco apreensivas em relação ao futuro: até que ponto estarão os falcões israelitas apostados em manter as actuais fronteiras de África, por arrasto de Angola, conhecendo-se o que andam a promover no Nordeste do continente?

Martinho Júnior
   
Personagens constantes na fotografia:
South Africa's prime minister John Vorster (second from right) is feted by Israel's prime minister Yitzhak Rabin (right) and Menachem Begin (left) and Moshe Dayan during his 1976 visit to Jerusalem. Photograph: Sa'ar Ya'acov (http://www.guardian.co.uk/world/2006/feb/07/southafrica.israel)

2 comentários:

Anónimo disse...

Nazismo, fascismo e holocausto.

Para aqueles que em relação a tudo isso sentem repugnância (e presumo que sejam uma maioria), a fotografia de Vorster junto dos falcões israelitas, uma fotografia que foi tirada em 1976, é uma autêntica "radiografia" do carácter do poder em Israel, um poder que não mudou.

Haver qualquer tipo de relacionamento com esse tipo de gente em Angola, é uma afronta a todo o povo angolano e ao movimento de libertação!!!


Anérico

Anónimo disse...

Entrevista a Ilan Pappé Historiador israelí
"Israel debe decidir si quiere ser una democracia o un Estado de apartheid"

http://www.deia.com/2011/08/15/mundo/israel-debe-decidir-si-quiere-ser-una-democracia-o-un-estado-de-apartheid

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