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Cidade da Praia, 07 ago (Lusa) - A cerca de uma hora do encerramento das urnas das presidenciais de hoje em Cabo Verde, a afluência dos eleitores continua muito baixa, perspetivando-se uma abstenção recorde, disse a porta-voz da Comissão Nacional de Eleições (CNE) cabo-verdiana.
Em declarações à Agência Lusa, Maria João Novais adiantou que, à semelhança do que se passou de manhã, manteve-se a tendência de pouca participação dos 305.349 eleitores inscritos para escolherem o sucessor de Pedro Pires.
Segundo Maria João Novais, as 899 mesas existentes em todo o arquipélago deverão encerrar normalmente às 18:00 locais (20:00 em Lisboa), devendo os primeiros resultados oficiais provisórios serem conhecidos "mais depressa do que se esperava" face justamente à fraca participação.
A porta-voz da CNE adiantou que o mesmo se está a passar na diáspora, uma vez que a taxa de participação está igualmente a ser baixa, à exceção das comunidades nos Estados Unidos, onde, disse, há muitos cabo-verdianos a votar.
Encerradas estão já as urnas na China e na Europa, faltando algumas em África, nomeadamente em Angola, Guiné-Bissau, Senegal e São Tomé e Príncipe, bem como nos Estados Unidos.
Quanto a incidentes, Maria João Novais deu conta de que as candidaturas de Aristides Lima e de Jorge Carlos Fonseca apresentaram uma queixa na CNE visando substituir o presidente da mesa de voto que compareceu, de manhã, armado.
Elementos das duas candidaturas, bem como responsáveis da CNE, deslocaram-se ao local, mas, face à proximidade do encerramento das urnas, tudo indica que permanecerá em funções até ao fim.
O presidente de uma mesa de voto na Achadinha, um dos bairros mais problemáticos da capital cabo-verdiana, apareceu armado na abertura das urnas. Chamada pela CNE, a polícia foi lá, desarmou-o mas, como tinha licença de porte de arma, acabou por continuar em funções sem qualquer procedimento criminal.
Outro incidente ocorreu numa mesa de voto no bairro do Pensamento, arredores da Cidade da Praia, com a CNE a receber queixas de eleitores que foram alegadamente impedidos de votar porque o presidente da mesa não os deixou "por ser conhecido em quem iriam votar".
Maria João Novais, salientando que no resto do país e na diáspora não há conhecimento de grandes incidentes, adiantou que uma equipa de fiscalização da CNE está já no terreno a averiguar a veracidade das queixas.
Desde que o país abriu ao multipartidarismo, em 1990, a abstenção nas eleições presidenciais tem sido alta.
A abstenção mais baixa, 38,6 por cento, registou-se precisamente nas primeiras presidenciais, a 17 de fevereiro de 1991, que deram a vitória António Mascarenhas Monteiro, que foi reeleito na votação de 1996, em que era o único candidato e quando se registou a maior (54,3 por cento).
Nas de 2001, ganhas por Pedro Pires, a abstenção foi de 45,2 por cento e, nas de 2006, em que o chefe de Estado agora cessante foi reeleito, atingiu 41 por cento.
*Foto em Lusa
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