O PAÍS
A UNITA e o PRS manifestaram-se apreensivos com o que consideram práticas de coacção dos eleitores nas eleições gerais de 2012.
De acordo com um comunicado saído de uma reunião do secretariado executivo da comissão permanente do partido do “galo negro”, o partido no poder tem encarado com apreensão evidências “de actos de coacção sobre os eleitores, em particular, os professores, camponeses e os membros das Forças Armadas, cujos cartões de registo eleitoral estão a ser abusivamente recolhidos”.
A UNITA exige, segundo o documento a que O PAÍS teve acesso, que o Ministério da administração do Território e a Comissão Nacional Eleitoral venham a público explicar essa situação.
O maior partido da oposição angolana reitera também que o processo de mapeamento das assembleias de voto que está a ser levado a cabo pelo Executivo tem-no feito de forma atabalhoada, além de considerar inconstitucional e passível de não conduzir à realização de eleições democráticas.
No encontro da cúpula da direcção do maior partido na Oposição, foi igualmente analisada a situação reinante no pais, com particular realce para a repressão “ocorre em todo o país”, com particular realce para as províncias de Luanda e do Bié.
A UNITA “lamenta a perda de vidas humanas de cidadãos no exercício dos seus direitos constitucionalmente consagrados”, lê-se no documento.
Manifesta, por isso, a sua preocupação pelas violações sistemáticas do Executivo angolano das leis vigentes na República de Angola, “apanágio do regime policial que mantém presos políticos a que se juntam jovens angolanos recentemente condenados na cidade de Luanda, na sequência das manifestações pacíficas de 3 de setembro último.
Por sua vez, o Partido de Renovação Social (PRS) põe a descoberto algumas práticas do MPLA, partido no poder, que visam constituir reserva eleitoral ilícita e desta forma teleguiar a intenção de voto dos eleitores, como aconteceu nas eleições de 2008, através da recolha coerciva, à escala nacional, de cartões dos potenciais votantes em 2012.
De acordo com um comunicado de imprensa, o PRS diz que estes actos vêm sendo realizados por intermédio das administrações municipais e comunais, bem como das direcções de escolas e autoridades tradicionais.
Em última instância, de acordo com o comunicado do PRS, “os cartões recolhidos visam a sua transformação em voto com a sua programação antecipada nos computadores da fraude do regime”, além de constituir um meio de coacção psicológica dos eleitores. No entender deste partido na oposição, representado na Assembleia Nacional, tal procedimento fere os princípios da transparência, lisura, coerência, harmonia, paz e reconciliação nacional, por constituir um processo de coacção psicológica dos eleitores.
Pela dimensão e estatura do MPLA, diz o PRS no seu comunicado, o partido governante devia dispensar estes expedientes que visam obter supostas maiorias absolutas “para continuar a manter-se no poder que na realidade não lhe têm sido conferidas pelo povo”.
Lê-se ainda no comunicado que o MPLA devia preocupar-se em melhorar os seus métodos de governação “em vez de apostar em engenharias fraudulentas e divulgação de feitos que em nada beneficiam a população, bem como ter atenção aos ventos de mudança que vão chegando de outras latitudes, para que não leve a nação a descambar para um abismo sem precedentes, fruto da sua ambição desmedida pelo poder”.
Num gesto pouco comum na oposição angolana, o PRS alerta os partidos políticos a porem de lado as suas divergências e “unir esforços para encontrar estratégias tendentes a contrapor as manobras do regime”.
Ao povo angolano e à comunidade internacional, o PRS deixa um alerta para que não se deixem levar por estas manobras que visam perpetuar o estado lastimável da situação vigente em Angola e propiciar um clima passível de conduzir a uma situação de pós-conflito eleitoral, “dada a dimensão da fraude eleitoral antecipada em preparação”.
Ao partido no poder aconselha, finalmente, a ponderar as suas atitudes e mudar a sua conduta para o bem do país e das suas populações.
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