segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Angola: UNITA EXIGE LIBERDADE IMEDIATA DE MANIFESTANTES





A UNITA, o maior partido da oposição em Angola, exigiu hoje em Luanda ao Governo angolano "a libertação incondicional e imediata de todos os detidos nas manifestações do dia 03 de Setembro de 2011".

Em comunicado de imprensa, esta força política condenou "os actos violentos cometidos no dia 03 de Setembro em Luanda contra cidadãos no exercício dos seus direitos constitucionais", resultantes "apenas do carácter brutal do regime".

Na nota este partido classificou como "uma grave violação da Constituição da República de Angola" os actos resultantes da manifestação organizada por um grupo de jovens este sábado em Luanda, para "exigir a destituição do Presidente angolano".

A UNITA refere ainda que, depois de analisar "cuidadosamente" os relatos aos acontecimentos deste fim de semana, concluiu que "os atos violentos" de sábado, "são uma grave violação da Constituição da República de Angola e tendem a criar tensão numa sociedade já por si saturada de injustiças e da política de exclusão social que caracteriza o Executivo angolano".

"O Secretariado Executivo do Comité Permanente da UNITA repudia nos termos mais enérgicos a postura anti-democrática do regime de José Eduardo dos Santos, Presidente de Angola e chefe do actual Executivo, que ordenou o uso da força para reprimir manifestantes pacíficos, em violação flagrante da Constituição vigente em Angola", lê-se no documento.

Esta força política angolana lembra no seu comunicado ao chefe do Executivo que "as manifestações e outras formas de luta democrática são um direito que constitucionalmente cabe aos angolanos, pelo que exige a libertação incondicional e imediata de todos os detidos nas manifestações do dia 03 de Setembro de 2011".

Um apelo foi feito "à comunidade internacional, particularmente a SADC, e às organizações da sociedade civil, a envidarem esforços para o respeito dos direitos humanos em Angola".

O partido da oposição alerta ainda as autoridades angolanas "para o risco de agudizar desnecessariamente uma situação que, afinal, não passaria de um ato de exercício de cidadania, caso fosse permitido desenrolar-se normalmente".

No documento, a UNITA exorta os angolanos a "não se deixarem intimidar por práticas caducas do exercício de poder ditatorial, pois as causas justas sempre triunfaram. Se não manifestarem vontade política para se realizarem profundas mudanças no tecido social, político e económico, os sistemas totalitários que insistirem em reprimir a sua população, como é o caso angolano, poderão seguir o mesmo fim dos países do Magrebe".

"O uso da violência não é a solução; apenas acirra contradições, criando um clima de tensão social que tem de ser evitado a todo o custo em nome da paz. Se o MPLA optar por essa via, assumirá as responsabilidades diante dos angolanos e do mundo", concluiu o comunicado.

Em declarações à Agência Lusa, o advogado Luís Fernandes Nascimento, que é também membro do conselho nacional do Bloco Democrático, disse ter sido contactado por "muitos familiares" no sentido de tentar saber onde e como estão as cerca de 50 pessoas que terão sido detidas.

A Polícia angolana indicou no sábado que 24 pessoas foram detidas na sequência da manifestação que pedia a destituição do Presidente angolano em Luanda, tendo ficado feridos três oficiais e um agente policial, segundo a agência de notícias angolana, Angop.

A polícia alega ter actuado quando os manifestantes tentaram dirigir-se para o Palácio Presidencial. Geraram-se então confrontos, que resultaram no ferimento, detenção e agressão de jornalistas, que se encontravam a fazer a cobertura da manifestação.


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