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Cidade da Praia, 09 set (Lusa) -- Jorge Carlos Fonseca, empossado hoje presidente de Cabo Verde, prometeu "lealdade" à Constituição e ao Governo e garantiu que as suas duas principais bandeiras passarão pelo acelerar do crescimento económico e do combate à pobreza.
Num discurso de quase 45 minutos, proferido logo após prestar juramento e tornar-se o quarto chefe de Estado cabo-verdiano em 36 anos de História do país, Fonseca sustentou que esses dois "desígnios nacionais" necessitam da ajuda de todos os atores políticos, empresariais, sociais e culturais.
Para o novo presidente, que sucede a Pedro Pires, Cabo Verde viveu dois momentos especiais, a independência (em 1975) e a abertura ao pluralismo político (em 1990), em que o povo cabo-verdiano pode orgulhar-se da rutura, sem traumatismos excessivos e com a dignidade e perseverança".
"Mas Cabo Verde pode vencer as dificuldades (associadas à pobreza e ao desemprego) e acredito que Cabo Verde, na primeira metade deste século, poderá ultrapassar o subdesenvolvimento, para que possamos cumprir a nossa missão junto das novas gerações. Esse será o terceiro momento", afirmou.
Ao longo das 15 páginas do discurso, Fonseca reiterou o compromisso assinado com o povo cabo-verdiano, contido no Manifesto Eleitoral e no Pacto com Cabo Verde, realçando que a educação, saúde, economia, cultura, diplomacia, juventude e justiça são áreas às quais dará "grande atenção".
Na parte política da intervenção, Fonseca "aliou-se" ao Programa de Governo, tendo balizado as metas da sua atuação enquanto chefe de Estado, desdramatizando eventuais problemas de coabitação (Calos Fonseca foi o candidato apoiado pelo MpD, oposição) e assegurando estabilidade, "tão necessária nesta altura de crise internacional".
"É em momentos de crise que devemos ser criativos e inovadores. Não devemos ter medo dela. Devemos sim enfrentá-la e de frente", frisou.
A Justiça -- Fonseca é advogado e jurisconsulto -- foi a "pedra de toque" do novo presidente cabo-verdiano, que defendeu a instalação do Tribunal Constitucional (TC) e da Provedoria de Justiça (PJ), já previstas na Constituição desde a revisão de 1998.
Na política externa, Fonseca dá prioridade à necessidade de aprofundamento das relações com os países emergentes -- China e Brasil -, e relançou a ideia de que a Comunidade de países de Língua Portuguesa (CPLP) deve caminhar mais para uma comunidade de povos do que de países.
Ausente do discurso do novo chefe de Estado cabo-verdiano, que, por inerência de funções, é o Comandante Supremo das Forças Armadas, esteve o setor da Defesa.
Nos agradecimentos, Fonseca lembrou os seus três antecessores, elogiando Pedro Pires (2001/11) e António Mascarenhas Monteiro (1991/2001) pelo contributo na afirmação de Cabo Verde no mundo, e desejou "melhoras" a Aristides Pereira (1975/91), que se encontra internado em Coimbra (Portugal).
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