sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Exemplo da democracia cabo-verdiana realçado quase todos os presentes na posse de PR...




... exceto Senegal

JSD - LUSA

Cidade da Praia, 09 set (Lusa) -- O exemplo da democracia cabo-verdiana foi hoje realçado pela quase totalidade dos convidados para a tomada de posse de Jorge Carlos Fonseca como presidente de Cabo Verde, com a única nota dissonante a vir do Senegal.

O novo ciclo político iniciado hoje tem como pano de fundo o facto de, pela primeira vez em 20 anos de pluralismo político, um presidente de Cabo Verde não pertencer ao partido governamental e maioritário no Parlamento.

"Não creio que nenhum país africano possa dar lições de democracia ao Senegal, que é um país democrático há muito tempo, desde 1960. A democracia cabo-verdiana é mais recente. Mas a democracia está em curso no país, como o está no Senegal e noutros países africanos", disse à Agência Lusa o primeiro-ministro senegalês.

Suleymane Ndiaye, porém, considerou que Cabo Verde está no bom caminho, como ficou demonstrado no discurso de posse de Fonseca, que, disse, "manifestou grande bom senso e empenho" pela causa do desenvolvimento do país.

Num tom mais descomplexado, o ministro do Comércio de Moçambique, António Fernando, considerou, em declarações à Lusa, que Cabo Verde é um "exemplo de democracia para o continente africano", salientando, porém, os progressos e melhorias registados nos últimos anos na África Subsaariana.

"Acredito que isso poderá constituir a razão para que todo o continente possa abraçar a democracia, paz e tranquilidade. Moçambique sempre teve grandes relações de irmandade e quando pode testemunhar um processo com eleições democráticas e transparentes, num ambiente de grande tranquilidade, sente isso também como parte de si próprio", disse.

Manuel Pinto da Costa, recentemente empossado presidente de São Tomé e Príncipe, alinhou pelo mesmo diapasão e lembrou que "boa parte" da população são-tomense é de origem cabo-verdiana, razão pela qual os dois países devem aprofundar as relações de cooperação, garantindo, ao mesmo tempo, que tudo fará para o concretizar.

Também no mesmo tom, Carlos Gomes Júnior, primeiro-ministro da Guiné-Bissau, disse à Lusa que o resultado da democracia em Cabo Verde é fruto do esforço do povo e dos governantes, recusando, porém, entrar em comparações.

"Em democracia estamos sempre a aprender. O resultado da democracia em Cabo Verde é fruto do esforço do povo e dos governantes cabo-verdianos. Nós, na Guiné-Bissau, estamos a fazer a democracia à nossa maneira, envolvendo o nosso povo e a classe política", salientou, considerando que o discurso do novo presidente foi "muito forte e envolvente".

"Jorge Carlos Fonseca deixou mensagens muito fortes no sentido da unidade nacional, do desenvolvimento, do apoio à diáspora, da reforma da Justiça. Foi um discurso muito forte e muito envolvente", acrescentou.

Menos efusivo mostrou-se o ministro da Indústria e Geologia e Minas angolano, Joaquim David, salientando que não se podem fazer comparações com a democracia em Angola, uma vez que são realidades diferentes.

"Cabo Verde tem soluções próprias. Sentimo-nos regozijados por estar no bom caminho. Não há situações iguais. As realidades são diferentes. Não quero fazer um paralelismo, porque corria o risco de não ser realista", referiu Joaquim David, que acabou por reconhecer que as grandes linhas apresentadas pelo novo presidente cabo-verdiana foram "magistralmente apresentadas" por Jorge Carlos Fonseca.

*Foto em Lusa

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