quarta-feira, 7 de setembro de 2011

CALDEIRADA À MODA DE TIMOR-LESTE, COM FARTURA




ANTÓNIO VERÍSSIMO

Como se fosse uma ementa que nos possibilitasse conhecer as especialidades da casa podemos fazer o mesmo, relativamente a Timor-Leste, no menu dos acontecimentos da semana que vai passando e que foram objeto de notícia na comunicação social tradicional e, ou, nas alternativas online.

Neste menu não haverá lugar a perguntar se querem assim ou com mais molho porque devemos ser frugais por razões da doentia obesidade. Isto para aqueles que realmente comem, porque, é bom não esquecer, existem imensos timorenses, das mais variadas faixas etárias, que passam dias sem comer. Mesmo aquilo que possam vir a comer num dia ou noutro é mais que frugal, são refeições de fome em que a predominância é oxigénio e água…

Sirva-se a caldeirada e não se delongue os rodriguinhos porque há os que já estão com água na boca.

UNPOL PAQUISTANÊS MORRE AFOGADO EM LIQUIÇÁ

Um prato curto de servir mas que encerra tristeza tem que ver com mais um UNPOL que faleceu em Timor-Leste durante o seu tempo de comissão. Era um polícia paquistanês que por obra do diabo e falta de precaução se afogou quando o barco em que seguia com outros companheiros de lazer se afundou, alegadamente devido ao estado bravio do mar. É a tendência para facilitar nos tempos livres. Ao pedirem o barco emprestado a timorenses decerto não equacionaram sobre os perigos que existiam ao sobrelotar a frágil embarcação. Uma nota de infelicidade e de tristeza, principalmente para colegas, amigos e familiares.

TAUR DEMITE-SE… SERÁ QUE A DEMISSÃO É ACEITE PELO PR?

Entretanto, no aspeto politico-militar, o prato forte foi o anúncio de Taur Matan Ruak, Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, que apresentou a sua demissão do cargo. Considerou que era chegada a hora de o guerrilheiro-general arrumar a farda, depois de mais de 30 anos daquela vida. Merecidamente chegou ao apogeu da carreira porque, espera-se, seja aceite a sua demissão e também que lhe ponham nos ombros as estrelas que possam faltar. Isto porque ele é o expoente máximo de como se deve comportar um militar responsável, como também o foi nos tempos da luta contra o invasor indonésio. E vá-se lá saber porque razão em 2006, quando do golpe de estado de Xanana Gusmão, procuraram eliminar este general. Contas de outro rosário.

Não é segredo que há cerca de dois anos Taur já dizia em off querer disputar em pleito eleitoral o cargo de presidente da República. Muitos não o levaram a sério e consideraram que aquilo era ideia estapafúrdia. Eu pensei assim. Talvez que os assim pensantes tenham alergia a militares ou ex-militares deveras influentes no poder político. É que uma coisa não liga bem com a outra. Se virmos na história universal constatamos que aconteceu vezes demais a “coisa” dar para o torto e os povos serem subjugados devido à promiscuidade entre poderes com militares ou ex-militares. É que por mais que um militar deseje nunca mais consegue ser civil e vezes demais não consegue deixar de ser rígido. A “escola”, as práticas militares, o seu enraizamento, são muito úteis às sociedades, mas só se os militares se submeterem ao poder político e constitucional e na qualidade de militares, de resto... E isso nem sempre é garantido. Olhemos na Ásia, na América Latina, em África, na Europa… Praticamente por todo o mundo.

Podemos imaginar, ter até a certeza, de que haverá aqueles que dizem prontamente que “não, Taur é de confiança e acima de tudo é timorense de muito boa cepa, um herói.” Pois, mas gato escaldado foge de água fria. Também as perspetivas acerca de Xanana Gusmão eram aquilo que eram, de muito positivo, e afinal temos visto o golpista que ele é e o madraço que igualmente é para os carenciados e anónimos timorenses que pelo país passam fome e têm um grande NADA quotidiano e por horizonte - se acaso o rumo do país e dos “saques” ao que pertence ao povo não mudar.

Atualmente Taur Matan Ruak não se parece nada com o estilo Xanana Gusmão, até nem é ator, não chora para conquistar simpatias, nem ri a fazer de conta porque convém. Chama-se a isso caráter equilibrado e honesto. A antítese de Gusmão e de muitos outros políticos e personalidades de topo que vagabundeiam pelos gabinetes ministeriais e anexos. Mas, e se Taur muda? Porque não um civil na Presidência da República? Para que é que Taur meteu na cabeça disputar eleições para PR de Timor-Leste?

Tanta pergunta. E há aqueles que afirmam a pés-juntos que o melhor para Timor-Leste é ter um PR como Taur, de preferência o próprio Taur. Todo devemos guardar admiração e muito respeito pelo guerrilheiro-general Taur, é justo. Mas não seria ainda tempo de ele continuar a segurar as F-FDTL, no seu atual cargo, e deixar a política para os políticos? É que porque uma pessoa é muito boa no desempenho daquilo que está a fazer isso não significa que seja igualmente boa noutro cargo de responsabilidade.

Pois. Mas ele, o guerrilheiro-general, e o povo timorense é que vão decidir. É o desejável e aquilo que é constitucionalmente ditado. Que aconteça tudo pelo melhor para os timorenses enganados, abandonados e roubados, é o que podemos desejar. Que não haja caldeiradas.

Mudemos de prato, porque este foi copiosamente servido e ainda apanhamos uma indigestão. Quem quiser que arrote. Que se alivie.

XANANA BOSOK… ISSO, E MUITO MAIS! LÚCIA!

Podemos ler no Tatoli, blogue timorense sem papas na língua, sobre o intrujão que é Xanana Gusmão. Bossok significa isso mesmo: intrujão, falso, enganador, mentiroso…

Explica o Tatoli, com referências a reportagem do CJITL, que Gusmão, o PM de fato Alexandre, mas Xanana, prometeu no Oecussi uma estrada que disso continua só com o espaço para ser, assim como a muito grande vontade dos habitantes daquele enclave timorense rodeado por quase todos os lados pela Indonésia.

Pensando bem este é um prato e condimentos repetidos sobre estradas. O negócio das estradas já deu, está a dar e continuará a ser muito generoso para uns quantos “empreiteiros” das relações do PM, antes era assim e agora deverá continuar a ser. Foi assim com os do famigerado MUNJ… O PR Horta é capaz de saber “umas coisas” sobre isto. Então não era que o MUNJ até era “mediador” de levados e trazidos com o assassinado major Reinado?

Bosok não será só Xanana Gusmão. Pela certa. Sem mais pimenta, nem veneno, resta fazer - à laia do Rei dos Vinhos do Poço do Bispo, em Lisboa, o velho Abel Pereira da Fonseca – o que o velho disse aos filhos na hora de morrer: “Lembrem-se que de uvas também se faz vinho”. Pois então, ao bosok das estradas, aos bosoks todos, será bem lembrado informar que do alcatrão também se fazem estradas… É que parece que não sabem isso, nem que antes de as “pintarem de preto” as estradas devem ser devidamente consolidadas, não basta borrar as ditas com aquela cor e pronto, já está. Onde andam as verbas que sobram por empregarem menos mão-de-obra, menos e maus materiais, isso já faz parte de outra caldeirada…

Cozinhado estragado é, de certeza absoluta, o que foi publico sobre a ministra da Justiça, Lúcia Lobato. Até a deram como reclusa domiciliária e tudo. Afinal não é nada disso e ela lá anda, cantando e rindo.

Servido ao natural: acontece que Lúcia Lobato está simplesmente referenciada em ações de corrupção e que a CAC - Comissão Anti-Corrupção, decidiu pô-la com Termo de Identidade e Residência. É aquilo que se percebe. Aliás, não é a primeira vez que a ministra está sob esta medida de coação. Não se percebe lá muito bem porque razão a tal CAC tem esses poderes mas… E agora o processo transita para o Ministério Público e então é que a senhora vai ser “tratada” em tribunal… Os condimentos devem ser estes, à falta de melhor.

O que foi referido pelo elemento da CAC que fez declarações à comunicação social, finalmente servido pela Lusa já requentado, é que há qualquer coisa como fardamentos para presidiários no valor de 97 mil dólares norte-americanos que não “batem” certo… Pois, devem ter sido fardamentos de luxo criados por algum estilista caríssimo. Não se lembrou a ministra de comprar os fardiotas made in China. Por aquele valor, quase cem mil dólares, até dava para fardar os timorenses todos! Todos não, porque a elite apodera-se do suficiente para adquirir do bom e do melhor. Claro. Se dá para Humeres… Grande caldeirada. Cuidado com eles e com elas!

Supondo que este é um prato de peixe - poderia ser porque há peixe lúcio e a peixa de certeza que é lúcia – já está estragado e sabe a fénico, para além de lagartas que lhe andam nas tripas. Peixe por peixe, o costume é tudo ficar em águas de bacalhau e a Lúcia até vai brilhar mais que o sol, não em Becora, na prisão, mas sim a substituir os tais geradores e centrais a óleo pesado. Vai ser lá um brilho incandescente que até dará para perceber que continua a não ser energia limpa mas sim suja que se farta. Chega de sal.

CALDEIRADA DE EMPRÉSTIMOS, SAQUES, OMELETAS E DIGESTIVOS

Andam a querer contrair empréstimos para o Estado de Timor-Leste. Quem? O governo de Xanana Gusmão, claro. Argumentam os mentores governativos que “a medida permite ao Governo solicitar fundos a outros países, com vista ao desenvolvimento”. Ao desenvolvimento de quem? Do país não deve ser porque há milhões que se somem e depois dizem que quem os leva são de Macau… Se calhar até de Carregal do Sal ou do Samouco. Para desculpas qualquer coisa serve. Grande caldeirada. Sopa?

Mesmo que não seja sopa pode ser um caldo de mais desenvolvimento para aqueles que já estão super desenvolvidos e que qualquer dia nem têm no mundo mais nada para comprar porque já não cabe em TL. A não ser que comprem casas na Austrália, que é país enorme. Palacetes, por exemplo. Humeres, mais humeres. O Sabino, ministro da Agricultura, tem um ou dois… Ainda agora o Timor Hau Nian Doben esclareceu essa “novidade”. Como os esconde – os humeres - se calhar até tem meia-dúzia e nós não sabemos. Humeres sim, mas de preferência que tenham um banco utilitário para os minorcas porem o pé, subirem e entrarem no veículo. Assim como a ministra da Economia, Lurdes Pires, tem. Até tem o secretário do banco, que anda com o dito debaixo do braço e que o poisa no chão para a ministra subir. Depois levanta-o logo que ela entra... Este secretário, ao que dizem as más-línguas de bacalhau, recebe à volta de 9 mil dólares norte-americanos (que vontade de rir se não causar engasgos), pagos pelo Banco Mundial, mas que quase metade disso vai para a conta da ou do contratante (como dizem em sopro) porque essa é a prática em TL desde o chefe mais simplório até ao ministro mais importante. Quer dizer: contratam por determinado valor assessores, secretários e o que mais der, inflacionam as cabeças e os números… Mas depois uma quota parte vai para os “chefões” - e os basbaques contratados alinham nisso porque nem que recebam três ou quatro mil dólares, ou assim por aí, já é dinheiro e é bem-bom. Grande caldeirada.

Só mais um digestivo: Essa prática não é punível por lei? É que já dura há tanto tempo  e há tantos casos citados em sopro... O que se sabe é que fazem que não sabem disto!

A patuscada vai grande e ainda nem cheguei a metade da paparoca. Mas isto vai ter de acabar aqui. É impossível servir em tão pouco tempo e espaço tanta comezaina. Nem que fosse regada a bons litros de vinhaça. Ou de champanhe, para os amigos do alheio que sabemos.

Imaginem o que seria servir ainda, aqui e agora, a erradicação da língua portuguesa no ensino básico, obra de Kirsty Gusmão e de mais uns insuspeitos e veneráveis de sua ilharga. Ou de Mari Alkatiri e Lu Olo continuarem a ser os lideres da FRETILIN, eleitos por voto secretos e com boa afluência às urnas. Sim, porque já não fazem como a senhora Kirsty Gusmão – que nas votações vai tudo de dedo, mão ou braço no ar. Assim: “Quem é que não quer o português no ensino?” Ou ao contrário mas que vai dar no mesmo e no resultado compelido que interessa. Mais ou menos isso, tipo omeleta, como descrevem essas “votações democráticas” dessas “assembleias” sobre o “ensino”.

E tanto que há para servir deste menu Timor-Leste… Mas não. Vai acabar aqui, por agora. Esta espécie de peça despretenciosa, este solilóquio, está a ficar um monstro – pelo menos em tamanho. É um pouco castigo para aqueles que andaram a escrever-me e a dizer que “nunca mais escreve” e daqui e dali. Oh, senhores (as), nunca leram o Direito à Preguiça? Pois leiam. Façam isso mas só depois de lerem O Triunfo dos Porcos. Sorrio, ao imaginar aquele porco-mor lá do sítio, no livro do Orwel, com barbas, a beber uns valentes copos e a sonhar com plantações de abóboras. Depois volto, se quiserem. Se acaso não gostaram escusam de fazer cerimónias, vomitem à vossa vontade. Era o que os romanos faziam nos vomitorium, vocês, os senhores e senhoras que conseguirem chegar a ler isto, usem o penico que é o mais parecido com os aparatos cesarianos. Já estão fartos? Yes!

*Revisão de Beatriz Gamboa

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